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Roberto Nunes, produtor do Cine Cult, morre em Natal

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O paulista Roberto Nunes, 47, idealizador e programador do projeto Cine Cult, morreu na madrugada desta terça-feira no Hospital Walfredo Gurgel devido complicações de saúde. Ele estava morando em Natal desde o início deste ano e era hipertenso e diabético. De acordo com os amigos Teca Fernandes e Itaércio Porpino, Nunes se sentiu mal na sexta-feira passada (dia 11), passou o fim de semana recluso e procurou o pronto socorro na manhã de ontem. A causa da morte ainda não foi oficializada, mas os médicos informaram que Roberto apresentava quadro grave de hemorragia no sistema digestivo.
Roberto Nunes, produtor do Cine Cult
“Os médicos disseram pra ele ficar internado, mas preferiu assinar um termo de responsabilidade e voltou pra casa. Roberto bebia muito e não controlava a Diabetes”, lamentou o jornalista Itaércio Porpino, que hospedou Roberto Nunes logo que o produtor chegou a Natal. “O quadro piorou quando ele voltou pra casa e em duas horas precisou voltar ao hospital, já vomitando sangue”, complementou Teca Fernandes. A família de Roberto pretende levar o corpo para Bauru (SP), onde deverá ser velado e sepultado, mas a transferência ainda não foi confirmada. Teca e Itaércio aguardam a chegada da ex-mulher do produtor que mora em Aracaju (SE) e de uma ex-namorada vinda de São Paulo. Nunes estava envolvido com projetos de difusão cinematográfica desde 1991.
O Cine Cult surgiu em 2007 e está presente em 16 complexos da rede Cinemark de 13 cidades do país, sendo Natal campeã de audiência em números absolutos. O projeto exibia filmes que geralmente não entram no circuito comercial, principalmente produções asiáticas, europeias, latino-americanas, além do cinema nacional de ficção mais autoral e documental. O filme em cartaz na capital potiguar é a comédia espanhola “O Que os Homens Falam”, com sessão nesta terça-feira às 19h10 (sala 4).

Na última sexta-feira (11), Roberto Nunes foi personagem da coluna “Meu Programa Legal” do caderno Fim de Semana da TRIBUNA DO NORTE, confira:

Roberto Nunes, Produtor do Cine Cult
O produtor cultural Roberto Nunes faz a alegria dos mais exigentes nas salas de cinema. Ele está à frente do projeto Cine Cult desde 2007, trazendo filmes do circuito não comercial para a rede Cinemark. Há 18 anos Roberto desenvolve projetos de exibição de filmes diferenciados para mostras, festivais, programações especiais para exibidores e institutos culturais. Paulista, workaholic idealista, veio passar um tempo em Natal e, como bom “turista”, resolveu estender o prazo. “No início do ano vim para acompanhar as sessões mais de perto, uma estadia prevista de dois meses já está no sexto mês…e sem prazo de terminar”, diz. A natureza de Natal é cinematográfica. 
“Moro na vila de Ponta Negra,  muito próximo ao mar. Ele está na minha varanda, e como durmo sempre das 8 às 10h, eu vejo o sol nascer no mar…. e ai está o meu passeio favorito, ver o sol nascer no oceano imenso que banha o Morro do Careca. Então é assim: eu trabalho até a madrugada,  desço para a praia para tomar um banho de mar, desses de quase se afogar, volto e durmo.
Pipa é um destino que gosto muito. Uma pousada que recomendo é a Chácara do Madeiro, boa para trilhas, descer na baia onde sempre aparecem uns golfinhos e vir caminhando até a Praia do Amor. Para um potiguar isso deve ser trivial, mas para quem vive em São Paulo, morando a duas quadras da Avenida Paulista, é outro mundo. 
Em Natal curto sempre dar uma passada pela Ribeira, tomar uma cerveja num bar sem nome, sempre com um bloco de anotações no bolso para registrar algum pensamento que será incorporado num livro que estou escrevendo – meio ficção, meio autobiográfico – sobre um mascate do cinema, tipo ‘Cinema, Aspirinas e Urubus’ com o ‘L’uomo Delle Stelle’. 
Gosto de conhecer bares. O Bar do Ku, minha primeira referência em Natal,  cai bem com uma Heineken (nunca só uma), carne de sol com macaxeira, e a pimenta que é muito boa. Posso dizer que fui no Bar do Cobra Choca – a maioria nem sabe onde fica. Pesquisem no Google e se não tiverem frescuras peçam um  chambaril e se deliciem. Em Ponta Negra vou na Cipó Brasil quando quero uma pizza legal, e no  Galo do Alto para um jantar mais elaborado. No dia a dia prefiro minha cozinha, sou um amante das panelas.
Como passo bastante tempo em casa, vejo filmes. É trabalho e prazer juntos. Algumas dicas: Bergman, Bresson e Polanski são autores geniais, do primeiro indico sempre ‘Morangos Silvestres’, ‘Pickpocket’ de Bresson, e ‘Tess’ de Polanski, são sugestões que qualifica um olhar menos focado em efeitos especiais ou cinema pipoca. Também os nacionais, como ‘O Som ao Redor’ e ‘Febre do Rato’ merecem ser vistos, podendo ser acompanhados de filmes mais recentes como ‘Alabama Monroe’, ‘Tabu’ e ‘Philomena’.
Três dicas de livros que estão aqui, um terminando, outro iniciando e outro esperando: ‘Firmin’, de Sam Savage, ‘Caderno de Ruminações’, do Sergipano Francisco J. C Dantas, e ‘O Sonâmbulo Amador’, do pernambucano José Luiz Passos.
Em Natal tudo fecha muito cedo, e aí está um dos motivos que me impedem de sair mais. Deveria ter um belo pub, com várias cervejas e um rock inglês tocando até o dia amanhecer…uma Rua Augusta aqui em Ponta Negra seria pedir demais?”
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