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Saúde e prazer nos produtos apícolas (4)

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« Jorge Boucinhas » médico e professor da UFRN – [email protected]

Revisados já muitos dos produtos fornecidos por essas incansáveis obreiras, as abelhas, ficou para hoje uma olhada mais de perto no mais saboroso:  o delicioso mel.

Sua formação está intimamente relacionada ao processo de polinização das flores. Para localizá-las, usam o olfato, baseado em estruturas localizadas em seu par de antenas, que também possuem organitos para tato e audição. Após sugarem o néctar, depositam-no numa vesícula, onde enzimas irão decompor seu açúcar frutose e glicose. Ao retornar à colméia a abelha deposita-o em favos onde perderá grande parte de sua água e transformar-se-á. É importante salientar que, a despeito de o mel utilizado em maior escala na alimentação humana provir de insetos do gênero Apis, geralmente abelhas européias cruzadas com as africanas (estas, bem agressivas!), muitas espécies também o produzem mas são menos exploradas economicamente. As abelhas nativas brasileiras são sem ferrão e de diversos tipos (mais de 300, entre elas uruçu, jandaíra, jataí, tubuna, mandaçaia, mirim).

Afora depender da espécie de abelhas, há dezenas de variedades de mel que pode-se obter segundo a floração, os terrenos de obtenção, as técnicas de preparação. Dessa forma variam em cor (indo do incolor ao amarelo e ao castanho), aroma e sabor, mui diretamente relacionados com a predominância da florada utilizada para sua produção. Os méis de coloração clara apresentam sabor e aroma mais suaves, como, por exemplo, os produzidos em pomares de laranjeiras, que têm alta cotação no mercado. No entanto, os de coloração escura são frequentemente mais nutritivos, ricos em proteínas e sais minerais. Outra característica marcante de alguns é a consistência, que varia de líquida a pastosa, não variando a qualidade segundo esse aspecto.

No que diz respeito à origem, pode provir de um único tipo de flor (mel monofloral) ou de vários (plurifloral). A diferença depende das características edafo-climáticas do local, além de ser influenciada pela técnica do apicultor.

Por se tratar de uma solução saturada de açúcares, tende a cristalizar-se de forma espontânea, adquirindo uma consistência sólida, segundo alguns até garantia de qualidade e pureza e com manutenção das propriedades nutricionais e organolépticas.

A fermentação através da ação de leveduras presentes em sua composição pode ocorrer em situações de elevados teores de umidade no ambiente, ocorrendo mais facilmente nos méis verdes, aqueles colhidos de favos que não foram devidamente fechados pelas abelhas, porém fatores como má assepsia durante a extração, manipulação, envase e acondicionamento em local não-apropriado também influem.

É constituído, na sua maior parte por hidratos (70-80%), nomeadamente açúcares glicose e frutose.  Tem água (15 a 21%, sendo que teores acima de 18% já podem comprometer sua qualidade), minerais (cálcio, cobre, ferro, magnésio e potássio, entre outros), metade dos tipos de aminoácidos conhecidos, ácidos orgânicos (acético e cítrico, entre outros), vitaminas C, D, E e todo complexo B.  Possui teor considerável de antioxidantes (flavonóides e polifenóis).   É bom notar que, pela legislação nacional, as concentrações permitidas são de no mínimo 65% de açúcares totais e no máximo 6% de sacarose, além do teor de água não poder ultrapassar os citados 20%.

O mel é um importante complemento da alimentação humana, pois, além do alto valor nutricional, tem características de sabor que o tornam um prazer à mesa.   Nem só de energia, minerais, aminoácidos e vitaminas deve consistir a alimentação!

Antibacteriano moderado e com propriedades antibióticas, ajuda a acalmar dores de garganta.   Em alguns estudos, foi usado puro para suprimir o crescimento bacteriano, particularmente em feridas abertas, pois, como regra geral, os germes não crescem na substância pura. Por seu teor nutritivo, é recomendado na nutrição de crianças, idosos e enfermos – mas atenção para a falácia de que pode ser usado à vontade por diabéticos! Ledo engano! Para os desportistas, nos treinamentos, aconselha-se tomar 30 a 60 gramas antes do exercício. No ciclismo se o propõe antes dos e durante os longos percursos.

E, como o grande Vinicius lembrou que beleza é fundamental, vão aqui duas receitas simples de máscaras para beleza feitas com mel, baseadas na Cosmetologia Natural. Para peles secas, separar 1 colher de chá de mel, 1 gema de ovo e 1 colher sãs de sopa de leite em pó.   Misturar bem e aplicar no rosto.  Deixar ficar por 20 minutos e, depois, enxaguar. Para peles oleosas, separar ½ colher de chá de mel e 1 colher de sobremesa de suco de limão. Misturar bem e aplicar uma camada fina.   Também aguardar 20 minutos antes de enxaguar.

Esse bom mel está bem aqui, ao alcance de todos. Por que não o aproveitar?

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