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Seca no sertão destrói patrimônio de agropecuaristas

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Em setembro, dirigentes da Anorc visitaram o interior do Rio Grande do Norte e encontraram uma situação desoladora. Tão grave quanto a que foi retratada na série “Os caminhos da seca”, publicada pela TRIBUNA DO NORTE, em maio deste ano. Naquele mês, sem pasto, e quase sem água nos açudes, barreiros e poços, o rebanho bovino do semi-árido estava sucumbindo. Em meio à caatinga, os animais estavam ‘caindo’ e morrendo.
Roosevelt Garcia: situação do campo está fora da pauta política
O cenário encontrado pela Anorc, em setembro, não foi diferente. O pecuarista Roosevelt José Meira Garcia, 2º diretor técnico da Anorc, conta que, nessa viagem, encontrou muitos cemitério de ossadas. “Numa fazenda, encontramos 200 animais mortos anotados”, relatou. Há, segundo ele, uma destruição do patrimônio rural, e não se tem solução para amenizar os efeitos da seca, apesar de a pecuária ser a atividade econômica pioneira do Estado e de envolver diretamente mais de 120 mil pessoas.

O Censo 2010, do IBGE, apontou a existência de 26 mil fazendas produtoras de leite de gado e outras 700 que produz leite de cabra. “A colonização, a ocupação dos nossos sertões”, recordou Roosevelt Garcia, “foi via boiadas, via currais. O caminho era o leito dos rios secos. A pecuária está no nosso sangue,  mas quando a gente olha as ações do governo, a gente sente que o governo tem ódio da pecuária”.

Ele disse que com a seca, ficou provado que os governos e as instituições não aprenderam nada com séculos e séculos de seca. Roosevelt Garcia critica o fato de a seca não estar na pauta do governo federal, nem ser uma preocupação da classe política. Segundo ele, os dirigentes da Anorc constataram que a seca e a morte do rebanho não faziam parte do discurso dos candidatos a prefeito nestas eleições.

“A classe política andou pela seca, durante a campanha, subiu e desceu os palanques e não viu a destruição desse patrimônio, que envolve tantas pessoas”, afirmou o pecuarista. Dados apresentados por ele dão conta que a atividade leiteira, por exemplo, está reduzida a dois terços no Estado.

Segundo dados da Associação dos Pequenos Agropecuaristas do Sertão de Angicos (Apasa) o número de fornecedores de leite caiu de 961, em 31 de dezembro de 2011, para 350, no mês passado. Em Caicó, uma das queijeiras relatou aos dirigentes da Anorc que recebeu 2.300 litros de leite em dezembro do ano passado e agora está recebendo 750 litros. “A coisa morre nas instituições. O crédito não chega, a água não chega, o milho não chega. Como isso não chega, o gado morre. Os rebanhos vivos estão magérrimos, porque o volumoso é o xiquexique”, afirmou Roosevelt.

Outro dado, em relação ao gado de corte, foi apresentado pelo presidente da Anorc, Júnior Teixeira. Segundo ele, o preço da arroba de boi na Tromba do Elefante, na região central, é R$ 80,00. Antes da seca, chegava a R$ 105,00. Dados da Secretária Estadual de Agricultura apontam para uma queda no Produtor Interno Bruto entre R$ 2,5 a R$ 3,5 bilhões. Hoje,  70% da população rural do Estado já foram atingidos pela seca.

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