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Seca pode esgotar 90% das reservas

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Aura Mazda
repórter

A estiagem que atinge o Rio Grande do Norte, pelo quinto ano consecutivo, pode ganhar contornos mais severos em 2016. Caso a quadra chuvosa se mantenha seca, até junho deste ano, 90% dos reservatórios do Estado podem entrar em colapso ou atingir o volume morto (10 % da capacidade). É o que constata o diretor-presidente do Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (IGARN), Josivan Cardoso. A previsão meteorológica da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), para os primeiro semestre do ano confirma a preocupação com os níveis dos mananciais hídricos.
O açude Itans, em Caicó, está na iminência de secar completamente. O volume de água do reservatório está em 1,30 % da capacidade
Atualmente, dos 47 reservatórios de água,  acima de cinco milhões de metros cúbicos no RN, 28%  estão em volume morto – não mede mais do que 10% do seu total – e outros 30% estão secos. A maioria das fontes hídricas está localizada nas regiões do Alto Oeste e Seridó. Até janeiro deste ano, reservatórios que estão em volume morto estão localizados nos municípios de José da Penha, Marcelino Vieira, Severiano Melo, Campo Grande, Afonso Bezerra, São José do Seridó, Cruzeta, Acari, São João do Sabugi, Ouro Branco, Santa Cruz e Tangará.

#SAIBAMAIS#Até junho deste ano, o número de reservatórios em situação crítica deve aumentar mais 30%.  Segundo relatório de monitoramento volumétrico recente do IGARN, o reservatório de “Tourão”, em Patu, está com 1,35 % do volume total, 7,9 milhões de metros cúbicos, caso não chova de maneira satisfatória, em março o açude secará. Outro reservatório que está na iminência de seu volume, é o “Redentor”, em Umarizal, que está com 10,3% da capacidade, 21,4 milhões de metros cúbicos, e suporta até fevereiro. Assim com o  “Beldroega”, em Paraú,  com 17,95% de sua capacidade máxima (8.057.520 m³).

O açude Itans, em Caicó, na região Seridó, preocupa as autoridades. Em setembro do ano passado, o depósito hídrico atingiu o seu volume morto, com 4,98% de água da sua capacidade,  81,7 milhões de metros cúbicos. Na última medição feita pelo IGARN, em 07 de janeiro, o açude estava na iminência de secar completamente, quando atingiu 1,30 % de água. A perspectiva é que até o final de janeiro, o açude entre em colapso.

Outro açude que deve secar ainda este mês é o “Caldeirão”, em Parelhas. Atualmente, o volume é 0,07% dos dos 9 milhões de metros cúbicos. Em março deste ano, os reservatórios de “Japi II”, em São José do Campestre e  e “Campo Grande”, em São Paulo do Potengi, eles estão respectivamente com 4,20% e 8,72% de seus volumes.

“Mais restrições nos próximos dias”, é o que afirma Josivan Cardoso, sobre os mananciais hídricos. De acordo com diretor do instituto,  para manter nível de reservatórios, sem previsão de melhoras nas chuvas, será preciso racionar ainda mais, com prioridade para o abastecimento humano e dessedentação animal. De acordo com o diretor do IGARN, as chuvas que caíram nos últimos dias não foram consideradas significavas para os grandes volumes.  “Só para os reservatórios de pequeno porte, de comunidades rurais,  mas que não recarregam o sistema hídrico do Estado”, disse. 

Segundo Josivan, é difícil prever a quantidade necessária de chuvas  para reabastecer todos os reservatórios em situação crítica. “Alguns recebem água de um único lugar, ou seja, se chover na região ele é recarregado, outros, como a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, depende de vários outros reservatórios. Mas, caso chova uma semana inteira 60 milímetros pode ser que se recarregue, mas isso é muito dedutivo”, disse.

O Estado, tendo em vista a escassez e a infraestrutura, não consegue atender a demanda hídrica do RN. O diagnóstico do diretor do IGARN, é feito com base no no atual quadro de seca. “As estruturas existentes foram feitas se baseando na previsão de uma manutenção de chuva de dois em dois anos, mas já estamos no quarto ano consecutivo de estiagem. É preocupante”, disse.

Meteorologia prevê chuvas escassas em 2016
O diretor da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), Gilmar Bistrot, disse que ainda é cedo para um prognóstico com alto grau de confiabilidade sobre o inverno no sertão nordestino. Mas pela evolução de El Niño, provavelmente 2016 será um ano de chuvas abaixo da média. “Estamos com um El Niño atuando de maneira moderado a forte, o que gera a  diminuição de chuvas no nordeste. A tendência é que esse ano prejudicado”, explicou.

Este fenômeno oceânico-atmosférico é caracterizado por um aquecimento acima do normal nas águas do oceano Pacífico Equatorial. Essa elevação da temperatura interfere no padrão de ventos e da pressão em diversos níveis da atmosfera, o que gera mudanças na chuva e na temperatura em várias regiões do planeta e em diferentes épocas do ano.

Em algumas regiões, o El Niño provoca muita chuva, como no Sul do Brasil, na região entre o Norte do Peru e o Equador ou na Califórnia. Mas em outros lugares, o El Niño deixa o clima mais seco, como no Nordeste do Brasil, na Indonésia e no Norte da Austrália.

De acordo com a Climatempo, a possibilidade de El Niño persistir até março é muito alta. No trimestre fevereiro-março-abril, ela é de 90%, mas a probabilidade de continuidade do El Niño tem uma queda mais acentuada a partir do trimestre (AMJ) centrado em maio.

Por causa deste aquecimento anormal nas águas do Pacífico Equatorial, será difícil a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), um importante sistema meteorológico que provoca chuva durante o verão no Centro-Oeste e no Sudeste.

O último final de semana foi de chuvas em 88 municípios do Rio Grande do Norte. Dos 197 postos monitorados pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), 93 registraram precipitações, sendo a maior delas em Portalegre (100,2 milímetros), na mesoregião do Oeste potiguar. Nessa região, a Emparn registrou chuvas em 48 cidades, entre elas, choveu forte nas cidades de Olho D’agua dos Borges (89 mm); Umarizal (86 mm); Piloes (83 mm) e Tenente Ananias (75 mm).

Na mesorregião Central Potiguar as chuvas atingiram 13 cidades, com maior precipitação em Sao Jose Do Serido (42 mm); Na mesorregião Agrete Potiguar, choveu em 16 cidades, com maior índice pluviométrico em Bento Fernandes (33 mm); na mesorregião Leste Potiguar as chuvas ficaram concentradas em 11 municípios, com maior precipitação em Pureza (23,3 mm).

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