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Seleção padrão Dunga

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Woden Madruga [ [email protected] ]

A Copa da Fifa continua rendendo. A Fifa é uma usina de renda, até a ONU sabe disso. Ela só não sabe da guerra sem fim entre judeus e palestinos. Mas isso é outra história, talvez a Bíblia explique. Voltemos à Copa que é mote de nova carta do mestre Florentino Vereda que me chegou esta semana com certo atraso, talvez por conta dos entravamentos da Reta Tabajara. Vereda, que retornou ao silêncio dos cerrados do Jalapão depois de ter percorrido algumas arenas dos tabuleiros daqui, ainda chia por conta dos alemães e holandeses. A carta foi escrita antes do anúncio de Dunga para técnico da seleção ex-canarinha. A palavra, pois, é de Vereda:

“Woden,

Logo que terminou a final do Maracanã, liguei para o meu amigo, professor Axel Geburt, cumprimentando-o pela vitória. Ele, que mora em Aachen, na Renânia do Norte (parede-e-meia com a Holanda) desculpou-se por não ter me ligado quando o seu país derrotou o nosso. Simplesmente não sabia o que dizer, pois na Alemanha, nem mesmo o nazista mais fanático jamais imaginaria que o Brasil seria surrado impiedosamente logo no primeiro tempo. Pediu-me explicações que não soube lhe dar. Também não entendi e creio que muita água rolará por debaixo das arenas, antes que alguém possa assimilar derrota tão humilhante.

O que eu sei é que depois do fiasco do Brasil, ouvi muitos comentaristas misturando futebol com política. Houve até um que comparou a falta cometida em Neymar com o atentado contra o Arquiduque Franz Ferdinand, de que resultaram as duas grandes guerras mundiais do século passado. Segundo o comentarista, sem Neymar o Brasil perderia a Copa e, sem a taça, o PT seria derrotado nas urnas. Certamente essa foi uma declaração exagerada, comum a quem discute futebol ou política, quase sempre com muita paixão e pouco senso. Para mim, futebol e política são diferentes, embora, em ambos, a bola seja fundamental. Mas se dermos um pouco de crédito ao jornalista – à parte o exagero de comparar Zúñiga a Gavrilo Princip – poderemos tirar algumas lições desta Copa.

Lá pelo fim da festa sobraram quatro países: dois vizinhos europeus, dois vizinhos sul-americanos; dois colonizadores, dois colonizados. A Holanda – que no passado teve colônias no Nordeste, donde a antiga denominação de “Nova Amsterdam” para a nossa querida cidade de Natal – derrotou o Brasil, tirando-se o consolo de um terceiro lugar. E o Brasil, que desde o seu descobrimento, foi invadido e dominado por conquistadores europeus, não perdeu o complexo de colonizado e entregou-se humilhado, como fizeram seus antepassados.

A Argentina, outrora imponente e aristocrático pais do hemisfério sul, hoje arrasado politica e financeiramente, por conta de governos populistas, corruptos e ditaduras que estagnaram a economia, enfrentou a Alemanha, sobrevivente de duas guerras mundiais e terreiro da guerra fria durante o século passado. Hoje, reunificada, é o principal pilar da comunidade europeia, parceiro das grandes potências do tabuleiro geopolítico atual. A bem da verdade há que se reconhecer que a Argentina morreu de pé, lutando até o último instante, embora o Capitão Messi tenha desvalorizado essa luta, recusando-se a pendurar a medalha de prata no pescoço. Se não teve a dignidade na derrota, certamente não teria humildade na vitória.

Rememorando a trajetória dos quatro times, observa-se duas características básicas que fazem a diferença entre o êxito e o fracasso: competência e sorte. Enquanto as seleções brasileira e argentina contaram com o talento individual dos seus ídolos Neymar e Messi, aliados à intervenção divina – afinal, Deus é brasileiro e o Papa argentino – alemães e holandeses prepararam-se para os embates sem contar com a sorte, sorte essa que não se apresentou ao holandeses, quando “queimaram” as três substituições no tempo normal e não puderam contar com o goleiro treinado para defender os pênaltis da Argentina. O Brasil e Argentina confiaram no improviso e deu no que deu.

Quem viu o ônibus da seleção brasileira deve ter lido a frase “Preparem-se! O hexa está chegando”. Mal comparando com um episódio político, lembro-me de quando as pesquisas de véspera da eleição para prefeito de São Paulo apontavam a vitória de Fernando Henrique Cardoso. E ele, apressadamente, posou para os fotógrafos sentado na cadeira do prefeito. No dia seguinte as urnas elegeram Jânio Quadros, que mandou desinfetar a poltrona. E nós, brasileiros com muito orgulho e muito amor, comemos o Felipão que o diabo amassou.

Ainda resta uma esperança. Assim como FHC derrotado para a Prefeitura de São Paulo, com humildade e competência, deu a volta por cima e chegou à presidência da República, a nossa seleção, depois da ressaca moral da derrota, poderá retomar a humildade de Garrincha, a competência de Pelé e a coragem de guerreiros que não choram antes da batalha, só depois que ela termina.

De tristeza pela derrota ou de alegria pela vitória. 2018 vem aí!!!”

Livro de Murilo
Acaba de sair com o selo da Topbooks, em parceria com a Academia Brasileira de Letras, o novo livro do acadêmico Murilo Melo Filho, Os Senhores da Palavra. Reúne histórias, estórias e “causos” bem humorados, umas 600, envolvendo aparentemente sisudos imortais.

Lá estão, como personagens e narradores, entre outros, Manuel Bandeira, Joaquim Nabuco, Alceu de Amoroso Lima, Guimarães Rosa, Odylo Costa,filho, Olavo Bilac, Machado de Assis, Peregrino Júnior, Jorge Amado, Josué Montello, Rachel de Queiroz, José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Rui Barbosa, Mauro Mota, Austregésilo de Athaide, Otto Lara Resende e Assis Chateaubriand.

Orelhas assinadas por Arnaldo Niskier e Evanildo Bechara. O prefácio é do poeta Ivan Junqueira, falecido recentemente.

Na Academia
E por falar na Academia já estão oficializadas duas candidaturas à vaga de João Ubaldo Ribeiro na ABL: Zuenir Ventura e Evaldo Cabral de Mello. Com o falecimento, quarta-feira, de Ariano Suassuna, abrindo uma segunda vaga, acho que a disputa seguirá outro caminho com uma solução cordial, bem brasileira: Zuenir, carioca, ficará com a vaga do baiano e amigo João Ubaldo, e Evaldo Cabral de Mello, pernambucano, desiste da primeira eleição para disputar a vaga de Ariano, paraibano/pernambucano, e que era um grande amigo do seu irmão, o poeta João Cabral de Mello Neto.

Chuvinha
Continua a temporada de chuvinhas (quase neblinas) pelos agrestes e tabuleiros litorâneos. A maiorzinha, de quinta para o amanhecer de ontem, foi em São Gonçalo do Amarante, 13 milímetros.

Som da Mata
A atração de amanhã, domingo, no Som da Mata (Parque das Dunas) é o Di Stéffano Quarteto. Ele, Di Stéffano, na bateria, Felipe Magno, teclado, Anderson Gomes, sax-tenor) e Erick Firmino, contrabaixo. Começa às 16h30.

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