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Selic cai e poupança rende menos

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São Paulo (AE) – O Banco Central anunciou ontem mais uma redução da taxa  básica de juros, a Selic, de 8% para 7,5% ao ano. Um dos efeitos diretos da medida, para o consumidor, é a rentabilidade menor da nova poupança e de outros investimentos. Com o juro básico em 8% ao ano, os depósitos feitos a partir de 4 de maio na caderneta estavam rendendo 0,4551% ao mês, mais a variação da TR. Agora, a correção deve ficar em torno de 0,42%. Depósitos anteriores a essa data têm remuneração garantida de 0,50% + TR. 
Mesmo com rendimento menor, a caderneta de poupança, segundo especialistas, é competitiva
Mas o nono corte seguido na taxa básica de juros também acirrou ainda mais a disputa de rentabilidade entre a caderneta de poupança e os fundos de renda fixa. Com a Selic em 7,5% ao ano, apenas os fundos com taxa de administração igual ou inferior a 0,5% superam o rendimento da poupança no curto prazo. Já os fundos com tempo de aplicação mais longo, entre seis meses e dois anos, ainda são vantajosos com taxas de até 1%. E apenas os fundos com resgate acima de dois anos valem a pena com custo de administração de 1,5%.

As diferenças entre os produtos são porcentualmente pequenas e exigem atenção do poupador. A partir de agora, a nova poupança terá rendimento anual de 5,25% e mensal de 0,427%. Já um fundo com prazo de aplicação de até 180 dias e taxa de 0,5% renderá 0,44% por mês. No entanto, se o custo de administração subir para 1%, o rendimento já cai para 0,42% – inferior, portanto, à caderneta, segundo simulação feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Numa simulação em que a Selic permaneça no patamar de 7,5% por um ano, um investimento de R$ 1 mil na nova poupança resultaria em R$ 1.052,50 no fim do período.

“Para não perder clientes, os bancos terão de reduzir mais a taxa de administração e o valor mínimo para aplicação. Quando a Selic estava acima de 12,5%, eles cobravam 3% ou 4% de taxa de administração. Agora, com o juro mais baixo, não faz sentido”, afirma o vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira.

No caso dos fundos, o tempo de aplicação influencia diretamente na rentabilidade, uma vez que a tributação é definida de acordo com o prazo. As alíquotas de Imposto de Renda variam entre 22,5% e 15%, sendo que a última vale para investimentos a partir de dois anos.

“Para comparar os fundos com a caderneta, o poupador deve ter atenção especial ao Imposto de Renda”, alerta o professor José Dutra Vieira Sobrinho, da Fipecafi.

Na avaliação do professor, a rentabilidade divulgada pelas instituições financeiras muitas vezes não considera o impacto do tributo, o que faz com que o investidor não tenha números precisos para a tomada de decisão. A vantagem da poupança sobre outras modalidades de investimento é que ela não possui custos administrativos e também não tem a incidência de Imposto de Renda.

A caderneta antiga, por outro lado, vem se tornando um investimento cada vez mais atraente nesse cenário de juros em queda. Isso porque, quem fez depósitos até 3 de maio deste ano, ainda terá um rendimento de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). Dessa forma, o rendimento anual continua garantido em 6,17%. Ou seja, quem tem R$ 1 mil aplicado terá ao final de 12 meses R$ 1.061,70.

“A poupança antiga bate todos os cenários. Na melhor das hipóteses, considerando taxa de 0,5% e resgate acima de dois anos, o fundo ainda terá rendimento de 0,49%”, destaca Miguel da Oliveira.

Quem investir na poupança agora, contudo, estará sujeito à nova regra. Isto é, um rendimento de 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR), quando o juro básico for igual ou menor que 8,5%.

BC sinaliza que juros cairão mais

Brasília (AE) – Ao anunciar o nono corte consecutivo da taxa básica de juros, que caiu de 8% para 7,5% ao ano, ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC também deixou aberta a possibilidade de nova redução da taxa Selic na sua próxima reunião, em 9 e 10 de outubro. Mas esse corte deve ser menor.

Com a redução de ontem, a taxa atingiu um novo mínimo histórico. Em nota, o BC informou que a decisão de sua diretoria foi unânime.

Disse ainda que os cortes já realizados se refletem, em parte, na recuperação da atividade econômica. Por isso, entende que, se o cenário econômico “comportar um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia.” A decisão desta quarta já era esperada pela maior parte do mercado financeiro, que prevê agora um corte de mais 0,25 ponto porcentual daqui 40 dias, como mostravam ontem os contratos de juros negociados na BM&F Bovespa, que também servem de referência para as taxas cobradas do consumidor.

Parte dos analistas, no entanto, acha que o BC vai levar a taxa básica a 7% neste ano. Essa expectativa se deve à avaliação de que a economia brasileira vai seguir em ritmo lento, com possibilidade de registrar um crescimento abaixo de 2% neste ano. E também que a alta recente da inflação não ameaça o cumprimento da meta.

Há ainda aqueles que projetam que o BC vai parar de cortar os juros neste ano para não ser levado a subir novamente a taxa no começo de 2013, quando crescimento e inflação devem ser maiores do que em 2012.

O economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano, está entre aqueles que avaliam que este pode ter sido o último corte de juros do ciclo atual. Afirma, no entanto, que o BC deixou “as portas abertas” para novas reduções, caso os dados econômicos mostrem recuperação muito fraca da atividade.

“A gente tem expectativa de que atividade dê sinais melhores, com o setor industrial patinando um pouco, mas com serviços e emprego forte. E espera uma piora na inflação, que deve acelerar entre outubro e dezembro”, disse Serrano.

Com a redução da Selic, a taxa média de juros ao consumidor, que estava em 46% há um ano, recuou para 36,5%, de acordo com o último dado do BC. Contribuíram para isso, não só a redução da Selic, mas, principalmente, a política dos bancos públicos de cortarem suas margens, seguindo orientação do governo.

Comércio e indústria cobram mais estímulos

São Paulo (ABr) – Sindicatos e entidades que representam a indústria e o comércio aprovaram a redução da taxa básica de juros para 7,5% ao ano, porém, apontaram medidas que poderiam ajudar a impulsionar a economia.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse que a redução da taxa de juros é uma medida correta, mas insuficiente para garantir a retomada mais forte do crescimento econômico. Ele defende a redução do custo do gás e energia elétrica, a diminuição e simplificação da carga tributária e burocracia, manutenção do câmbio em patamares acima de R$ 2 e melhoria das condições de infraestrutura do país.

Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), a redução dos juros precisa também se refletir nos juros dos bancos. “Essa tendência consistente de queda nos últimos meses precisa ser acompanhada por drástico corte dos juros praticados pelos bancos no crédito a pessoas físicas e jurídicas”.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) considerou acertada a decisão do Banco Central. A entidade acredita que os juros mais baixos possibilitam que mais pessoas físicas e jurídicas adquiram financiamento, estimulando a produção e o consumo interno.

Memória

A taxa básica de juros está em queda desde agosto do ano passado, quando o BC surpreendeu o mercado e começou a reduzir a Selic, então em 12,5% ao ano. Na época, a inflação ameaçava ficar acima do limite de 6,5% fixado pelo governo. A instituição avaliou, entretanto, que a crise internacional iria durar mais que o esperado e jogaria para baixo o crescimento e também os índices de preços. Como a crise ainda traz incertezas e os números da economia brasileira mostram fraca recuperação, analistas mudaram nesta semana suas apostas para os juros nos próximos anos. A expectativa agora é que a taxa básica continue no mínimo histórico por mais tempo e só volte a subir no último trimestre de 2013.

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