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Selo dá garantia aos consumidores

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Cleonildo Mello
Da Agência Sebrae RN

Cinco meses após a entrada em vigor em todo o país do selo que distingue os produtos orgânicos dos demais, sobram interrogações na cabeça do consumidor e falta divulgação para quem opta por esse tipo de alimento. Na mesma seção do supermercado, alimentos hidropônicos [aqueles cultivados em meio aquoso em vez do solo] e orgânicos dividem a prateleira como se fizessem parte da mesma cadeia produtiva e tivessem propriedades semelhantes.

Arroz orgânico produzido em Felipe Guerra já tem o selo de certificação do Ministério da AgriculturaPra esclarecer os consumidores natalenses sobre o que de fato são os gêneros orgânicos, a comitiva da Caravana Copa Orgânica foi a um dos redutos do consumo, uma loja da maior rede de supermercados de Natal, e tirou as principais dúvidas dos consumidores. A ação itinerante fica no Rio Grande do Norte até hoje e é uma iniciativa do Sebrae em parceria com o Instituto Biossitêmico.

Um dos objetivos da caravana é estimular o consumo desses produtos diferenciados e, por isso, aproximar-se de quem está na ponta da cadeia produtiva é mais que estratégico. Isso porque ainda é comum frutas, verduras e legumes orgânicos estarem juntos a alimentos agroecológicos e hidropônicos na mesma gôndolas das grandes redes de supermercados do Brasil. Um problema que pode induzir os clientes ao equívoco, pois o fato de serem cultivados em água não implica que os produtos hidropônicos estão livres de defensivos agrícolas. O selo é a única forma de diferenciá-los visualmente.

“O selo entrou em vigor em janeiro deste ano para dar visibilidade aos orgânicos e proporcionar segurança para o consumidor. É o aval do Ministério [da Agricultura] e isso representa também uma abertura de mercado para produtores”, assegurou o chefe da Divisão de Produção e Desenvolvimento Agrário do Ministério da Agricultura e coordenador da Comissão de Produção Orgânica no Rio Grande do Norte, Jonas Sena. Atualmente, o Ministério tem três empresas credenciadas a certificar os empreendimentos que produzem orgânicos, tanto propriedades quanto indústrias.

“De fato. Mesmo que um produto tenha de 70% a 90% de ingredientes orgânicos não pode ser taxado de orgânico. É um produto com ingredientes orgânicos”, diz Jonas Sena sobre a diferenciação. A legislação brasileira classifica como orgânico os gêneros cujo modo de produção é sustentável, levando em conta critérios de responsabilidade socioambiental e relações éticas de trabalho, não apenas a isenção de agrotóxicos e defensivos agrícolas.

Varejo de orgânicos se expande

Se dúvidas ainda persistem entre os clientes nos supermercados, em lojas especializadas, os consumidores conscientes são maioria. E cada vez mais surgem estabelecimentos que comercializam exclusivamente produtos orgânicos.

Esse mercado atraiu o empresário Edson Melo, um paulistano que está há 11 anos em Natal. Em fevereiro do ano passado, ele apostou na abertura de uma franquia da Korin na capital potiguar, o Empório do Orgânico. O investimento de aproximadamente R$ 350 mil valeu a pena. Inicialmente, o Empório do Orgânico vendia cerca de 700 itens. Hoje, a variedade dobrou. São 1.400 itens, entre artigos de bazar, bebidas, carnes, congelados, higiene, jardinagem, laticínios, limpeza, bomboniere, mercearia, frutas, verduras e legumes. Tudo orgânico e que pode ser adquirido por delivery.

“Mais de 90% dos meus clientes sabem exatamente o que são os orgânicos, mas ainda há uma necessidade de esclarecimento e conscientização. Existe curiosidade. Muitas pessoas querem saber se é caro ou se é ruim em relação aos produtos convencionais”, conta o empresário, que vê na realização da Copa uma oportunidade de expansão desse mercado, que cresce até 30% a cada ano tanto para produtores quanto para comerciantes. “Uma coisa é certa: vamos ter uma maior divulgação. Praticamente, todos os clubes europeus de futebol se alimentam de produtos orgânicos e esses times vão demandar esse tipo de gênero durante o mundial. Hotéis e restaurante terão de oferecer orgânicos a esses clientes”, opina.

Oferta  nordestina de produtos é reduzida

Apesar da variedade de itens, a maioria dos fornecedores do Empório do Orgânico é do Sul e Sudeste do país. Apenas um fornecedor é do Rio Grande do Norte, a Horta Viva, que é certificada e fornece hortaliças e legumes orgânicos. “Infelizmente, não temos uma oferta de fornecedores nordestinos. Se tivéssemos, os custos seriam bem menores, sobretudo em relação ao frete”, diz Edson Melo.

Para ampliar a quantidade de produtores inseridos nessa cadeia produtiva, a Caravana Copa Orgânica ministra cursos sobre a agricultura orgânica nos municípios do entorno das cidades que vão sediar os jogos da Copa. A ideia é estimular produtores a adotar esse modelo de agricultura e ampliar a oferta de produtos até a realização do mundial de futebol.

Ceará-Mirim, Macaíba e São Gonçalo do Amarante, além de Natal, foram as cidades contempladas com a capacitação. A escolha desses municípios não foi à toa. As cidades estão inseridas no raio de 100 quilômetros a partir da futura Arena das Dunas e que terão influência da Copa. Além disso, é uma forma de estimular produção agrícola orgânica na Grande Natal e proporcionar a abertura de novos negócios. Atualmente, o Rio Grande do Norte tem camarão, ostra e até cachaça – tudo orgânico. Segundo informações do Ministério da Agricultura, o Oeste Potiguar é a região do Estado onda há a maior quantidade de produtores de orgânicos.

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