sábado, 20 de abril, 2024
28.1 C
Natal
sábado, 20 de abril, 2024

Sem recursos, prévias e blocos encerram folia

- Publicidade -

Barracões ainda fechados, ferragens de carros alegóricos enferrujando ao relento, incerteza sobre saída de blocos carnavalescos e cancelamento de uma das mais tradicionais prévias da folia de Momo da cidade. Há um mês do carnaval e um dia após o anúncio da redução no orçamento do Município destinado à folia, este é o cenário do carnaval de Natal – que mingua à exemplo dos recursos e quantidade de pólos. Para este ano, o orçamento total não poderá ultrapassar R$ 1,2 milhão para cobrir todos os gastos com estrutura, cachês de atrações, ajudas de custo e premiações, o valor é inferior ao do ano passado, de R$ 2 milhões.
Escolas de samba ainda não confeccionaram nenhuma alegoria, esperando liberação de recursos
O Antigos Carnavais, prévia carnavalesca que completaria 11 anos no próximo mês, não colocará “o bloco na rua” este ano. Com o  encurtamento dos recursos e o calote sofrido no ano passado, de R$ 5 mil, o fundador Gutemberg Costa disse ser impossível a realização da festa, 15 dias antes do carnaval como costume. “O carnaval natalense terá essa falha na sua história. Não recebemos ano passado e com essa redução não iremos arriscar aumentar o prejuízo este ano”, lamenta Gutemberg Costa.

Segundo ele, não há como arcar com os custos de um carnaval de rua, segurança, cordeiros, bonecos, carro de som e músicos, sem a participação do Município. “O empresariado não patrocina porque entende como festa de responsabilidade da Prefeitura”, lembra. O  evento promove ainda a escolha do rei e rainha do carnaval.

O bloco Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens, que há oito anos anima os sábados de carnaval de Ponta Negra, também poderá recolher os bonecos e diminuir ainda mais as opções de divertimento para os moradores daquela região – o pólo Ponta Negra foi cancelado este ano. “Não é de se espantar em uma gestão sem política cultural definida, não tenham orçamento e nem gestão,”, critica a diretora do Bloco Iracema Araújo. 

De acordo com a diretora, a retirada do pólo do Ponto Sete pouco afeta o desfile dos Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens. O inviável seria a  destinação de apenas R$ 4 mil, por meio de edital a ser lançado, para um evento que em projeto aprovado há dois anos custou em média R$ 60 mil. O valor corres´ponde a contratação de músicos, instalação de dois palcos, direção de roteiro, restauração de bonecos, bonequeiros, transporte e publicidade.

Fábio Lima, presidente da Banda do Siri, bloco de rua com tradição de 24 anos no carnaval da Redinha, se disse preocupado com a indefinição dos contratos das bandas. “O orçamento é insignificante pra ajuda de custo (R$ 4 mil) e o atraso, sobretudo, implica na qualidade do evento”, afirma. Com o atraso no pagamento dos músicos no último ano e frente a previsão de apenas R$ 130,00 a diária, por músico, Fábio Lima teme perder músicos cotados por eventos em estados vizinhos. O valor da diária por músico nesta época, explica ele, é de R$ 200, o que representa um gasto de R$ 40 mil, por 50 músicos em quatro dias de folia. “Vamos aguardar até o final da semana para sentar com a Funcarte e definir”, disse, enquanto descarta a possibilidade do bloco ficar fora da folia momesca.

De acordo com a Funcarte, os recursos foram divididos da seguinte maneira: R$ 295 mil serão distribuídos entre as escolas e tribos como apoio; R$ 159 mil estão separados para premiações; R$ 150 mil vão ser usados para contratar orquestras de frevo; e R$ 100 mil será a verba disponibilizada através de edital. O edital público ainda não foi publicado, mas seu formato já está praticamente fechado: haverá quatro faixas de financiamento. Os blocos da categoria A, os maiores, receberão R$ 4 mil. Os da faixa ‘B’, como concorrerão a R$ 2 mil de apoio e o restante, vistos como de nível ‘C’, receberão R$ 800.  O prazo máximo para se inscrever no edital é dia 30 de janeiro e o resultado está previsto para 10 de fevereiro.

Trabalho nos barracões ainda não começou

O movimento de costureiras nos barracões era praticamente inexistente ontem – quando os organizadores das escolas de samba  corriam contra o tempo para fazer as compras de tecidos, plumas e paetês usados nas fantasias. O crédito de R$ 8 mil  para compra do material – usado pelas escolas do grupo principal – foi liberado somente na segunda-feira, dia 16, na única loja autorizada, pela Funcarte.

O orçamento para as escolas não sofreu queda em relação ao ano passado, mas a liberação tardia dificulta ainda mais a preparação do desfile.“Está tudo atrasado. Só a partir da próxima semana estaremos  a toda no nosso barracão. Nenhuma escola hoje tem fantasia pronta”, assegura o carnavalesco e figurinista Di Carlo, da Escola de Samba Acadêmicos do Morro.  “Esperamos que feche em R$ 25 mil, mas ainda não está definido”, disse. O ano passado a Acadêmicos do Morro recebeu R$ 19 mil para ajuda de custo.

#saibamais#O repasse da Prefeitura é considerado insuficiente para os custos que chegam a R$ 35 mil, na Escola de samba Em Cima da Hora. A escola de médio porte (600 integrantes)  recebeu do Município R$ 18 mil, em 2011, e amarga dívidas de R$ 10 mil junto a fornecedores. “Não deu para pagar tudo. Esperamos poder pagar este ano. Todas as escolas que não ficaram entre as quatro premiadas, estão nessa situação”, revela o presidente Nicolau Neto. O presidente da Em Cima da Hora enfatiza ainda a dificuldade gerada pelo atraso. “A verba deveria ser liberada ao menos dois meses antes do carnaval e haver mais opções de pontos de venda de material”, acrescenta Nicolau Neto.

“O sambista, o carnavalesco de Natal exerce também a profissão circense de fazer malabarismo com  a ajuda de custo”, disse o presidente da Associação das Escolas de Samba e Tribos de Índios de Natal e da Escola de Samba Malandros do Samba, Kerginaldo Alves. Segundo ele, há uma promessa da Funcarte de aumentar em 20% o valor de repasse deste ano em relação ao ano passado. “Isso aumentaria de R$ 20 mil para R$ 24 mil”, espera.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas