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Sem verba, teatros ainda aguardam projetos

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Yuno Silva
Repórter

O refrão de uma das músicas mais conhecidas da banda punk Plebe Rude, de Brasília, lançada em 1985, cai como uma luva ao levantar a seguinte questão sobre o atual quadro dos teatros públicos em Natal: “até quando esperar?”. De portas fechadas para público e artistas há 45 dias, o Teatro Alberto Maranhão foi interditado por problemas no quesito segurança e o Governo do RN concentra esforços na perspectiva dos recursos do PAC Cidades Históricas serem (enfim!) liberados. Mas essa possibilidade se arrasta desde 2013, a restauração completa do TAM está aprovada e orçada em R$ 10 milhões, e um plano ‘B’ não está entre as opções cogitadas pela direção da Fundação José Augusto.
Não há definição sobre os recursos destinados à reforma e restauração do TAM
“Estou trabalhando só com o plano ‘A’: viabilizar a restauração do teatro via PAC Cidades Históricas”, disse Rodrigo Bico, diretor geral da FJA. A alternativa ventilada ainda no mês de julho, o plano ‘B’, quando a mais antiga casa de espetáculos do RN foi fechada pelo Corpo de Bombeiros, era atender as necessidades mais urgentes de segurança em separado para, assim, agilizar a reabertura do teatro. Inaugurado em 1904, o Alberto Maranhão apresenta falhas na estrutura física por falta de manutenção, ausência de projeto de combate a incêndio e problemas nas instalações elétricas.

O jornalista Toinho Silveira, diretor do Teatro Alberto Maranhão, disse que o módulo do projeto de restauração, que atende as demandas de segurança, foi dado entrada no Corpo de Bombeiros. “O projeto de segurança está para análise dos Bombeiros desde a semana passada, estão para devolver. Pelo que me consta, esse serviço vai ser feito via RN Sustentável, e que quando a verba do PAC for liberada essa fase já estaria superada. Este seria o plano ‘B’, e o dinheiro (do RN Sustentável) está aí esperando”.

Silveira lembrou que a ideia de levar espetáculos agendados no TAM para o Centro de Convenções ainda não se concretizou. “Ficou acertado de nossa agenda ir pra lá. Já adequei a pauta do teatro ao do Centro de Convenções, agora falta a FJA cuidar da parte dos geradores e do transporte dos técnicos do TAM que vão trabalhar em dias de espetáculo. Estou no aguardo”, disse Toinho.

Ele contou que duas montagens do Projeto Escola, iniciativa vinculada à Secretaria Estadual de Educação, serão encenadas dias 3 e 4 de setembro, “os ingressos estão à venda e ainda não sabemos se vai dar certo. Não tenho condição emocional de trabalhar sem avançar”, lamentou.

Os nós do PAC e o RN Sustentável
O primeiro ‘nó’ do PAC Cidades Históricas a ser desatado, com relação ao TAM, é a aprovação preliminar do projeto executivo de restauração pelo Iphan/RN e pelos Bombeiros – para só então ser enviado, analisado e chancelado por Brasília. Depois dessas etapas é que será aberta licitação. O segundo ‘nó’ é a própria política de contingenciamento do governo Federal, que provocou cortes em várias frentes de investimento.

Sobre o projeto, Bico informou que a empresa pernambucana Cunha Lanfermann Engenharia, especializada em patrimônio histórico e responsável pela elaboração da proposta, ficou de finalizar a documentação até o fim de setembro.

“A verba do PAC não sai por que os projetos não foram entregues; e esse projeto já contempla questões de segurança. Espero que saia agora no início do mês, farei contato com a empresa para confirmar esse prazo”, reforça o diretor geral da Fundação. O foco da gestão em viabilizar o plano ‘A’ se justifica na montanha de burocracia que teria de ser vencida caso se optasse por qualquer outra opção: como boa parte dos investimento do Governo estão vindo do programa RN Sustentável, linha de crédito financiada a título de empréstimo pelo Banco Mundial, e os reparos no TAMnão estavam previstos, um remanejamento poderia levar até seis meses para ser aprovado – o terceiro ‘nó’ dessa trama, uma rotina discriminada no teor do contrato do Banco Mundial assinado pelo Governo.

Vale ressaltar que nem Rodrigo Bico nem Toinho Silveira tinham conhecimento sobre o périplo burocrático a ser cumprido em caso de remanejamento de recursos do RN Sustentável.

E é nessas horas que a música da Plebe Rude volta a tocar mais alto: até quando esperar a verba do PAC Cidades Históricas ser liberada ou esperar o governo Federal sair do contingenciamento? Até quando esperar para começar o pedido de remanejamento dentro do programa RN Sustentável?

TCP precisa de 150 mil para reabrir
Interditado pelos mesmos motivos do TAM, o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (TCP), foi fechado dia 22 de junho devido a problemas nas instalações elétricas e falta de projeto anti-pânico e de combate a incêndio, mais o uso de cadeiras inadequadas na plateia e ocupação irregular do subsolo (onde ficam os camarins).

“A última informação que tenho é que a licitação para os reparos no TCP seria aberta assim que o setor de engenharia da FJA recebesse a relação de tudo o que precisamos. Já encaminhamos essa lista na semana passada””, disse o ator Beto Vieira, que integra a atual direção do TCP. Beto informou que as pautas que haviam sido acertadas (pagas) foram remanejadas. “Não estamos mais marcando nada por enquanto”, reforça.

O engenheiro Sérgio Wiclife, da Fundação José Augusto, adiantou que o processo constando as necessidades do TCP foi aberto e em breve seguirá para a Secretaria Estadual de Infraestrutura (SIN). “As obras de recuperação do TCP estão orçadas em R$ 147 mil. Acredito que até dia 10 de setembro vamos enviar o processo para a SIN abrir licitação”, arriscou.

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