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Sertanejo vive momento de incerteza

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Incerteza ainda é a palavra de ordem para o sertanejo potiguar no início de 2015. As previsões de inverno ainda não foram definidas pelos meteorologistas – há apenas um indicativo de pré-estação “dentro da normalidade” até março, que pode influir ou não nas precipitações de inverno. Em compensação, até mesmo programas de convivência com a seca, como a perfuração de poços tubulares, a distribuição de forragem animal e de água via carro-pipa estão na berlinda, visto que dependem de destinação orçamentária do Governo Federal, além da articulação política da nova administração.
Gargalheiras: com um volume abaixo de 3% da capacidade, só se vê uma imensidão de terra rachada
De acordo com o secretário estadual de agricultura e pesca, Tarcísio Bezerra Dantas, o projeto para distribuição de forragem animal e torta (ração), a exemplo do que foi feito neste ano, já foi concluído para a próxima administração, mas os recursos não estão assegurados. Nem mesmo o decreto de calamidade da seca, republicado pela sétima vez em novembro com duração de mais 180 dias, livra completamente o estado da possibilidade de não receber os recursos.

#SAIBAMAIS#“Não há nada assegurado, pois os recursos de forragem e torta são garantidos pelo Ministério da Integração. Existem os projetos prontos que podem ser acionados pela Defesa Civil com recursos federais ou estaduais, mas há pouca disponibilidade orçamentária”, explica Dantas. Nos últimos anos, o orçamento executado pela pasta diminuiu devido às dificuldades financeiras do Estado: apenas R$ 5 milhões foram repassados para a pasta neste ano. De acordo com o projeto da Sape, seriam necessários R$ 20 milhões para o programa no próximo ano. Neste ano, a secretaria recebeu via federal R$ 18 milhões para distribuição de 244 mil sacas de forragem 9 mil toneladas de ração.

“Esse vai ser um assunto que depende da articulação da próxima gestão, pois os detalhamentos técnicos estão prontos. Não havendo inverno e continuidade da seca, esses projetos podem ser tocados”, assegura Dantas. O secretário ainda explica que, mesmo chegando ao possível quarto ano de seca consecutiva, a administração não deixa nenhum projeto novo de convivência com a seca.

“Devido a essa incerteza, a mudança de secretariado, não deixamos do ponto de vista técnico nenhuma novidade, é fazer mais do mesmo. Compra do milho, assistência técnica, o carro pipa vai continuar, os programas de adutora têm que continuar. Temos 120 milhões de dólares garantidos pelo RN Sustentável para serem implantarem nas cadeias produtivas do Estado”, acrescenta. Quatrocentos projetos estão sob análise, todos voltados para culturas com maior resistência à estiagem, como caprino-ovinocultura.

O Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), porém, garante que algumas atividades continuam, como a construção de barragens subterrâneas. São 1.300 sistemas previstos para serem construídos nas comunidades rurais do semiárido até o final de dezembro.

Bate-papo – Joana D’arc
Coordenadora de recursos hídricos da Semarh

“Expectativa de boa pré-estação nos dá esperança”

Qual a situação dos reservatórios do estado atualmente?
Continua se agravando cada vez mais. De agosto para cá não tivemos chuva no interior do Estado. Quando você não tem nenhum aporte e sempre retirada de água, vai diminuindo mais. É a realidade que temos hoje. Não saíram ainda as previsões para 2015, não sabemos como vai ser o inverno.

Mas há risco de secarem?
Os grandes reservatórios não estão vazios nem vão ficar, não colocam em risco o abastecimento urbano. Eu falo de Armando Ribeiro, Umari e Santa Cruz.  Santa Cruz aguenta ate 2019. É claro que vai chover. Agora, claro, se tivermos um inverno de aporte zero vamos ter que fazer restrição de uso, assim como fazemos desde 2013. Praticamente todos os reservatórios, com exceção destes três, estão com restrição para a agricultura.

Qual a expectativa para as chuvas de pré-estação?
Muita possibilidade de ajudar a recuperar os reservatórios. Temos conversado com a Emparn e essa expectativa de uma boa pré-estação nos dá esperanças. Às vezes a pré-estação é melhor que a chuvosa. Com essa situação tão crítica, seria um alento imediato, até porque são chuvas mais intensas, concentradas e boas para recuperar reservatórios. Porque a gente pode até não ter um inverno bom, mas se der duas, três chuvas intensas, enchem um reservatório.

Com relação ao Gargalheiras, ele vai secar?
Ele está horrível. Para nós, ele já está dentro do volume morto, abaixo da tomada d’água, apesar de isso ainda representar 1,4 milhão de metros cúbicos de água. Temos que ressaltar que, associada a baixa no volume do reservatório, há também a queda na qualidade da água. Quando concentra muito, fica muito pior para diluir o químico. O Gargalheiras está numa situação que se não tiver mais nenhum aporte, zero, ele deve colapsar no próximo ano.

Se as obras do Alto Oeste e Oiticica fossem finalizadas, a situação poderia ser evitada?
Sim, se tivessem sido construídas. Muitos dos problemas que temos hoje é por carência de infraestrutura hídrica. Se tivéssemos uma adutora expressa entre Santa Cruz do Apodi e Pau dos Ferros – já temos até o projeto; a adutora do Alto Oeste toda concluída e, no Seridó, a barragem de Oiticica construída, com uma adutora levando água para o Seridó. Estaríamos em outra situação. A verdade é que a gente precisa construir infraestrutura hídrica, independente de governo. É preciso que a sociedade do Rio Grande do Norte priorize água. Não tem saúde, educação ou cultura se não tiver água.

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