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Shoppings x rua: um duelo em desnível

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Andrielle Mendes – Repórter

O Dia dos Pais, comemorado hoje, levou um batalhão de consumidores às compras e nenhum outro segmento deve ter aproveitado tanto o movimento quanto os shoppings. O setor esperava um crescimento de 14% com as vendas no período. Enquanto isso, no comércio em geral, a estimativa não passava de 6%. A diferença entre os centros comerciais não está, porém, restrita à data nem à expectativa de incremento. Especialistas apontam que enquanto os shoppings mergulham em uma onda de expansão, o comércio de rua enfrenta dificuldades para crescer.

Quem tem ponto de venda no shopping e na rua compara: o faturamento no shopping chega a ser 30% maior.

Já dizia um  famoso provérbio chinês: “há três coisas que não voltam atrás: a flecha lançada, a palavra falada e o tempo perdido”. Se reescrito hoje, o provérbio certamente incluiria a expansão dos shoppings. O economista Nelson Barrizzelli, do SPC da Câmara Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), concorda. “Não tem volta”. “É como a globalização”, compara Janduir Nóbrega, economista, conselheiro do Conselho Regional de Economia e diretor do curso de Gestão Financeira da Universidade Potiguar. Segundo dados da Associação Brasileira dos Shoppings Centers (Abrasce), estão previstas 21 inaugurações até o final do ano. A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) fala em 35.

Só São Paulo, capital com maior número de shoppings no país, deverá receber mais dez. Não há nenhuma inauguração prevista para Natal. A capital, no entanto, assiste a ampliação de dois dos seus maiores shoppings centers: o Midway Mall e o Natal Shopping, que passa pela primeira grande reforma em 20 anos. O Midway passa pela terceira ampliação desde 2005. O investimento supera os R$ 120 milhões. No Natal Shopping, o investimento chega a R$85 milhões. Com sete estabelecimentos deste tipo, o Rio Grande do Norte já é o quarto entre os nove estados nordestinos em área bruta locável – espaço alugado aos lojistas.

“As pessoas preferem os shoppings”, justifica Nelson Barrizzelli, da CNDL. Pesquisa recente divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio), que não disponibilizou porta-voz, revelou que seis em cada dez natalenses comprariam  presentes para os seus pais no shopping. Só quatro optariam pelo comércio de rua. No Brasil, a diferença é ainda maior. Só dois brasileiros procurarão as lojas de rua neste Dia dos Pais. A preferência é mais forte entre pessoas das classes A e B (50%) do que entre pessoas das classes C e D (20%).

O economista Nelson Barrizzelli, da CNDL: descompasso é natural“Este tipo de estabelecimento reúne tudo. É por isso que atrai tantas pessoas”, afirma Janduir Nóbrega. Eles não só atraem mais gente como registram taxas de crescimento maiores também. Enquanto o comércio varejista registrou crescimento de 6,7% no volume de vendas no país em 2011, em relação ao ano anterior, os shoppings registraram  crescimento de 18,6% – bem acima dos 12% esperados para o ano pela Abrasce. Mas não para por aí. Enquanto a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas espera um incremento de 3,5% nas vendas neste Dia dos Pais, a Abrasce, que reúne empreendedores, administradores, prestadores de serviços e lojistas de shoppings, projeta alta de 14%. A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), que usa uma metodologia diferente, fala em crescimento na ordem de 4% – ainda assim superior ao esperado pela CNDL para o comércio em geral. “As vendas nos shoppings tendem a crescer mais do que no comércio em geral. Isso é natural. As pessoas tendem a comprar mais nos shoppings”, afirma Barrizzelli.

Para Amauri Fonseca, empresário e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal, o avanço dos shoppings não ameaça o comércio de rua. Mas há controvérsias. “O shopping está tomando o espaço do comércio de rua há muito tempo”, alerta Nelson Barrizzelli, da CNDL.

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