sexta-feira, 29 de março, 2024
27.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Sinalização do sistema ferroviário é precária

- Publicidade -

Um grave acidente ocorreu na manhã de ontem na rua Sampaio Correia. O carro do motorista Michel Cachina foi atingido pelo trem da CBTU, quando tentava atravessar a linha férrea. Não houve feridos, mas o veículo ficou totalmente destruído. Levantamento numérico da Companha Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) aponta este ano houve uma redução de 50% na ocorrência de acidentes nos dois ramais de transportes de passageiros, que ligam Natal a Parnamirim e a Ceará-Mirim, em comparação a 2010. O  número maior de casos é de abarroamento de veículos em passagens de nível, que chegou a 23 em 2010 e caiu para 12 este ano.
#ALBUM-3916#
A CBTU informou, por intermédio de sua assessoria de imprensa,  que nesses últimos três anos não ocorreu nenhuma morte por causa de abarroamento de veículos, como o que envolveu, na manhã de ontem, o motorista Michel Costa Cachina, cuja picape Saveiro PEN-3768 (Recife-PE) colidiu com a composição nº 6005 da CBTU, na passagem de nível situada ao lado da estação de passageiros da rua Sampaio Correia com rua Raimundo Filgueira, no bairro do Bom Pastor, na zona Oeste da cidade.

Segundo a CBTU as mortes estão relacionadas a atropelamento de pedestres, tendo como causa principal os suicídios, que este ano foram dois. Em 2011, ocorreu um suicídio e quatro tentativas de suicídio, enquanto as seis mortes ocorridas em 2010, não há registro desse tipo de motivação.

ACIDENTE

Ontem, o motorista Michel Cachina trafegava pela rua Sampaio Correio no sentido de quem ia para a avenida Bernardo Vieira e, quando se aproximou da rua Raimundo Filgueira tentou fazer a conversão para o outro lado da rua principal. Ele disse que não ouviu o apito do trem e nem viu a aproximação da composição. De acordo com a CBTU, as duas linhas que transportam uma média de nove mil passageiros por dia, contam atualmente com 49 passagens de nível, sendo 26 nos 38,5 quilômetros na Linha Norte (Natal/Ceará-Mirim) e 23 nos 17,7 km na Linha Sul (Natal/Parnamirim).

Em casos de acidentes como o de ontem, os usuários terminaram sendo os mais prejudicados, pois o serviço de transporte de passageiros foi paralisado, pois a CBTU conta com apenas duas máquinas para a prestação de serviço e a que faz a Linha Norte teve de ser deslocada para remover a máquina envolvida no acidente do  Bom Pastor, que fazia a Linha Sul.

O serviço foi paralisado, momentaneamente, enquanto foi concertado o sistema de freios do trem. O equipamento foi danificado e teve de ser levado para as oficinas da CBTU.  A CBTU informou, depois, que os serviço foi normalizado.

Grande Natal só possui duas cancelas automáticas

A passagem de nível onde ocorreu o acidente com a picape Saveiro não conta com cancela. Mas, o assessor de imprensa da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Raphael Albuquerque, explicou que esse tipo de equipamento, que custa em torno de R$ 150  mil, é colocado apenas nas passagens de nível onde ocorre alto fluxo de veículos, como as automáticas instaladas na BR-101, próxima à Ambev, em Extremoz e outra no Bom Pastor.

Raphael Albuquerque conta que a CBTU enfrenta problemas de vandalismo nas áreas urbanas por onde os trens passam, inclusive com o roubo de fios e equipamentos das passagens de nível.

No caso do acidente de ontem, segundo ele, o maquinista fez tudo o que manda a norma de segurança, acionando o sinal sonoro e seguir viagem com os faróis do trem ligado: “Nenhuma locomotiva sai da estação central sem o farol e a buzina estar funcionando”.

Já para os casos em que não existem cancelas, Albuquerque disse que não tem essa obrigatoriedade na legislação, mas acrescentou que em todas PNs há sinalização, com a cruz de Santo André, o sinal de “pare”, “olhe” e “escute”.

Segundo Albuquerque, o Código Nacional de Trânsito também diz, em seu artigo 212, que os motoristas têm de prestar atenção às passagens de nível, bem como os pedestres. A legislação dá prioridade à passagem do trem, punido com multa e pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) o motorista que desobedecer a recomendação: “É da mesma maneira de um motorista que vai passar por um cruzamento e tem dar a preferência para quem vem pela direita”.

A CBTU realiza pelo menos cinco campanhas educacionais e de prevenção de acidentes, anualmente, sendo a principal delas a de conscientização das crianças e adolescentes, com a distribuição de uma revistinha “Galeria no Trem”, com uma visita semanal nas escolas.

O Sindicato das Empresas em Transporte Ferroviário no Rio Grande do Norte (Sintefern) alerta para o fato de que os atuais trens, que só o peso da máquina chega a 70 toneladas, traz mais segurança ao serviço de transporte de passageiros. No entanto, a instituição alerta que, com o advento do VLT, o chamado Veículo Leve sobre Trilhos, a segurança deve ser redobrada por diversos aspectos, mas o principal é que as viagens se tornaram mais rápidas e em maior número, então, proporcionalmente também pode crescer o  número de acidentes.

O diretor do Sintefern e  experiente maquinista Marcos Viana, diz que o VLT é um veículo menor, com toda a sua carcaça de fibra, que torna perigoso qualquer impacto com veículos, por exemplo, que não atendam a sinalização.

Segundo Viana, a própria cabine de ferro e a altura em que ficam os dois maquinistas dos trens atuais da CBTU dão segurança aos profissionais, mas, no caso do VLT, a cabine parece com uma cabine de ônibus e é mais baixa, além de necessitar apenas de um condutor.

O secretário do Sintefern, José Ricardo Teixeira, disse que a instituição “já alertou para a Superintendência Regional da CBTU para o fato  de que o projeto de implantação do VLT em Natal não contempla recursos para questões de segurança”, a não ser para a aquisição dos próprios veículos e de adequação das estações, “que precisam ser rebaixadas” para atender as recomendações do VLT. “Como se trata de vida, o cuidado vai ter de ser dobrado”, avisa ele.

Mesmo tipo de atenção defende o maquinista Marcos Viana, porque o VLT encontrando “qualquer coisa em cima da linha férrea, pode descarrilhar”. Para ele, é preciso muita atenção porque o percurso, principalmente para Ceará-Mirim, “é cheio de subida e descida e pode ser inviável para o VLT”.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas