sexta-feira, 19 de abril, 2024
26.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Spok no ninho do frevo

- Publicidade -

Yuno Silva e Tádzio França
Repórteres

“Não é Carnaval e estamos aqui conversando sobre frevo, um sonho realizado poder falar disso durante o ano todo”, comemora o pernambucano Inaldo Cavalcante de Albuquerque, mais conhecido do público como Maestro Spok, saxofonista, arranjador e diretor musical da big band Spok Frevo Orquestra que lança novo disco esta sexta-feira em Natal durante show no Teatro Alberto Maranhão. No palco, a partir das 20h, a Orquestra apresenta novas composições e temas assinados por nomes que influenciaram o grupo como Hamilton de Holanda e Dori Caymmi. “É o puro frevo para pessoas que apreciam música instrumental. Um frevo para concertos de palco, onde temos liberdade para improvisos e as pessoas estão concentradas. Uma dinâmica bem diferente do frevo de bloco”, avisa Spok.
Principal responsável pela divulgação do frevo no exterior Spok Frevo Orquestra volta a Natal com a turnê  do novo disco, hoje, 20h,no TAM
Formada por 17 músicos e inspirada nas big bands que fizeram fama entre os anos 1920 e 50, a Spok Frevo Orquestra circula em turnê nacional desde novembro de 2013 com o segundo álbum “Ninho de vespa” na bagagem. Os ingressos para a performance dos pernambucanos hoje no TAM já estão à venda por R$ 40 e R$ 20 (meia).

Principal responsável pela divulgação do frevo no exterior, e por um novo olhar do brasileiro sobre o gênero patrimônio cultural que faz a festa dos foliões (principalmente) em Recife e Olinda, Spok é tão requisitado além fronteiras que amanhã mesmo ele e o grupo arrumam as malas e embarcam para os Estados Unidos, onde ministram workshop sobre a linguagem do frevo em uma escola de música da Califórnia. “Em outubro voltamos para uma turnê de 20 dias por lá”, adiantou o maestro, o caçula entre os principais maestros de frevo.

Vale destacar que a partir de 2008 os pernambucanos marcam presença assídua no circuito europeu de festivais, inserindo o frevo no universo do jazz e da world music.

Sobre o novo trabalho, “Ninho de vespa” expande as experiências sonoras e amplia regras quase imutáveis da fórmula típica do frevo, mostrando que o ritmo não demarca apenas um reduto pernambucano e sim permeia a história da música popular brasileira. Essa pluralidade de sotaques está presente desde a faixa título, de Dori Caymmi com letra de Paulo Cesar Pinheiro; passa pela parceria do grupo com o bandolinista Hamilton de Holanda em “Tá achando que tá devagar?”; e chega em “Comichão”, de Jovino dos Santos Neto; “Quatro cantos”, com Nelson Ayres ao piano; e “Spokiando”, assinada pelo violonista alagoano João Lyra. Além, claro, de também incluir compositores de Pernambuco, como a música “11 de abril” de Dominguinhos (1941-2013).

“Assim, entre tantos frevos e amigos, somos um ‘Ninho de Vespa’, como canta a canção de Dori Caymmi que ouvi pela primeira vez e mudou minha forma de perceber o frevo. Foi um grande prazer incluirmos essa música no disco com participação do próprio Dori”, disse Spok. A produção do novo disco foi contemplado pelo Programa Petrobras Cultural – o primeiro álbum da Orquestra, “Passo de anjo”, foi lançado em 2004, um ano após a formação do grupo. O disco ainda foi relançado pela Biscoito Fino em 2006, e em 2009 ganhou versão ao vivo em CD e DVD.

Bate-papo – Maestro Spok
Músico

Até que ponto a Orquestra recebe influência do jazz?
Essa influência do jazz está muito mais ligada a liberdade que temos para improvisar, do propriamente musical. Mas se considerarmos a presença de trompetes, tubas e saxofones, por exemplo, acredito que o frevo tenha pego algo do jazz na sua formação instrumental.

Esse show de hoje aqui em Natal segue o formato concerto?
Exato.  Na rua não temos essa possibilidade, tocamos para o folião pular, enquanto no palco temos mais possibilidades de improviso. Será uma apresentação para as pessoas escutarem, para quem aprecia música instrumental, mas sempre há os que se balançam nas cadeiras. Esse formato concerto também influencia no visual: tocamos todos de paletó e gravata, da mesma forma como os grandes mestres do passado tocavam.
 
Você acredita que a Spok Orquestra fez do frevo um estilo mais universal?
Acredito que sim, músicos estrangeiros sempre entram em contato conosco para aprender um pouco mais sobre o frevo, levamos nosso sotaque e nossa música para outras lugares. Vejo como grande contribuição poder fazer com que nossa música seja conhecida no mundo inteiro, inclusive por futuras gerações.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas