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Taxistas passam por qualificação para agradar clientes

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Carlos Henrique Goes – Repórter

A exigência dos usuários está criando um fenômeno no setor de serviços que é qualificação continuada dos profissionais que compõem este segmento. Os taxistas também passam por esse processo com o objetivo de agradar aos clientes e fidelizá-los através de um atendimento personalizado. A frota de taxis de Natal é comporta por 1.010 veículos e foram disponibilizadas mais de sete mil vagas em cursos para que tal intento seja cumprido. Os facilitadores destes cursos são o Serviço Social de Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senast), além do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Estes novos ciclos fazem parte do Programa “O Transporte na Copa” vai atender além dos taxistas, motoristas e cobradores de ônibus das empresas urbanas, motoristas e agentes de bordo dos ônibus de turismo. Em Natal, o decreto de lei n.º 2.954/1984 exige uma proporção de mil habitantes para cada táxi nas ruas.

O presidente do Conselho Regional (RN/PB) do SEST/SENAT, Eudo Laranjeiras, explica que os cursos são uma oferta constante, independente da realização da Copa de 2014 em Natal. Para ele, o taxista é o grande anfitrião do turista, a pessoa a quem se pergunta como está o clima, quais são os lugares mais freqüentados, a primeira impressão do visitante sobre a hospitalidade das pessoas do local visitado. Laranjeira cita o projeto “Taxista nota 10” em parceria com o Sebrae, no qual o taxista interessado vai fazer um curso online gratuito. Desta parceria também surgiu um selo de qualidade que será oferecido ao motorista que concluir um curso de Gestão. Ao longo de 15 meses, serão publicados periódicos referentes ao tema. Ao final da apresentação de todos os números, o selo será fixado no veículo como prova da qualificação do condutor. “É preciso considerar que o taxista também é um empresário. Temos que tentar prepará-lo para a vida dele e não somente para o atendimento ao público”, pontua.

O taxista Junior Soares, 50, sendo 18 deles dedicado ao volante profissionalmente, fala que este momento do ano não costuma ser o melhor para os taxistas porque se consegue fazer, no máximo, 19 viagens. Situação que muda na alta estação, período em que facilmente se chega às 25 corridas. Quanto à qualificação, Soares diz ser imprescindível para melhor servir ao cliente e fidelizá-los. E ele explica que a propaganda “boca a boca” ainda é o melhor marketing profissional que pode ser adotado pela categoria, daí a importância de apresentar um diferencial . Junior tem o veículo arrendado e, diariamente, paga R$ 100 do apurado do dia ao permissionário. Três já foram as qualificações feitas por ele. Em outubro passou pela capacitação de trânsito e depois Primeiros Socorros, Como Lidar com o Público e Manutenção de Carros. Agora, pretende adquirir conhecimentos em línguas estrangeiras.

E são eles, os turistas estrangeiros, que compõem os 30% das corridas nos táxis associado aos visitantes de outros estados, informa Genário Torres, presidente da Cooperativa dos Proprietários de Táxi (Coopetax). Entretanto, a maioria dos que solicitam o serviço são os moradores, mesmo com o aumento da frota de carros particulares. Ele explica que as mudanças, inclusive, a da moeda trouxe uma melhora poder aquisitivo, fato que aliado a facilitação do crédito proporcionou esse “boom” de veículos nas ruas. “Hoje o normal é ver mais de um veículo numa residência, o que aumenta o número de carro particular nas ruas e menos viagens para os taxis”, analisou.

A qualidade de cidade turística de Natal acaba alavancando o setor porque o visitante sazonal tem uma necessidade maior de contratar o serviço por chegarem aqui sem veículo próprio. A renovação da frota também é um fator de atração. Esta mudança periódica acontece graças ao Banco do Nordeste (BNB) através do qual é facilitado o uso do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), esclareceu Genário.

O representante da Cooperativa também salienta que além das condições dos carros, existe um distintivo entre os que trabalham nas praças de Natal, a qualificação. “A Cooperativa controla a qualificação pelo Sest/Senat, que é muito competente para cumprir tal finalidade. Ficamos felizes quando soubemos que esse programa [Taxista nota 10] ía cair nas mãos do Sest/Senat”. Outra fonte de boas parcerias de ensino e atualização, conta ele, é o Sescop (Serviço Nacional de Aprendizagem no Cooperativismo). A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) compõe esse quadro com a oferta do curso de reciclagem ao motorista.

A própria apresentação do profissional também é levada em consideração pelos clientes, atenta Genário Torres. “Era comum há algum tempo você ver o motorista com camisa aberta, de chinelo, barbudo. Fazia até medo de pegar esse carro”.  Além da boa aparência, conhecimentos gerais, sobretudo, acerca da cidade, é uma das exigências do turista. “O taxista precisa conhecer os hotéis, pousadas, restaurantes, saber dar um atendimento especial ao público, falar outros idiomas, ter noções de primeiros socorros”, enumera ele alguns dos requisitos solicitados ao profissional do volante. Sobre a quantidade dos que falam outros idiomas, o presidente da Cooptax diz serem poucos os que adquiriram os conhecimentos mediante cursos, e que a maioria assimila as expressões no dia a dia. “A Copa é momentânea, mas o legado fica”.

Invasão de irregulares e dificuldades com fiscalização
Uma das maiores dificuldades dos taxistas seria a contrapartida dos poderes públicos no tocante a fiscalização dos motoristas “clandestinos”. Segundo Genário, acaba sendo mais cômodo punir aqueles que estão regularizados. E é justamente para pleitear justiça no tratamento, que as categorias representativas possuem um papel fundamental. “Fazemos essa ponte entre o motorista e a fiscalização. Eu acredito que existe uma boa vontade da Semob, mas eles têm dificuldade de concretizar ações. É uma concorrência desleal dos que estão irregulares conosco”.

O presidente nos remete a história da legislação que dispõe sobre as concessões que data de 1984 e lembra que naquela época eram 500 concessões e neste mesmo ano foram doadas 510, o que totalizam as 1.010 existentes até hoje. Quando perguntado sobre o porquê de aparentemente a frota ser superior a este número, ele esclarece que essa percepção se deve a proliferação dos carros ilegais que fazem transporte de pessoas. Ele não ousa fazer uma estimativa nem de quantos são, tão pouco do impacto financeiro que esta concorrência traz. “A gente nem pode só falar do dinheiro porque são imensos os riscos para a comunidade que acabam à mercê do serviço de alguém que não recebeu treinamento e não possui sequer taxímetro no carro”. Ele alerta a sociedade que atente neste detalhe no momento de pegar um carro como transporte.

Segurança
Outro assunto destacado pelo representante dos taxistas é a insegurança. Apesar de afirmar ter apoio das autoridades do setor de segurança pública, sabe que são presas fáceis para a marginalidade. Mesmo sem oferecer números, garantiu haver diminuído o número de vítimas fatais durante assaltos, mencionando duas ocorrências de 2009 para cá. “Até hoje não se tem certeza se foi latrocínio. Continuamos cobrando das autoridades uma resposta”. Mas um relato dele assusta: “Todo dia tem assalto”.

Genário diz que são aqueles crimes sem tantos prejuízos financeiros uma vez que o bandido toma o celular, o apurado do dia. Os roubos aos veículos são poucos devido à caracterização do carro, o que acaba inibindo os bandidos na maioria das vezes. “Quando tomam os carros de assalto é para realizarem outros crimes”. Não existe um número sobre esse tipo de eventos porque a maioria dos profissionais desiste devido à demora no registro do boletim de ocorrência e preferem não perder o resto do expediente. “Nós sabemos que é uma falha dos nossos taxistas”, admite.

O assalto se profissionalizou, avalia Torres. Antigos cuidados como evitar pessoas mal vestidas, em locais mal iluminados não livram dos riscos. As novas tecnologias, então, entram em cena. O sistema de rádiotaxi acaba sendo um dispositivo de segurança porque o usuário acaba sendo identificado. “O taxista prefere as corridas vindas desse sistema”, aponta.

Bandeira 2
O motorista é um trabalhador autônomo e há anos a utilização da bandeira 2 como única durante todo mês de dezembro é adotada como uma espécie de  13º salário. Todo ano as entidades fazem requerimento e enviam à Semob, de onde parte para sanção do Executivo municipal. Ainda não houve confirmação da prefeita para esta tarifa neste ano.

O valor da bandeirada, aquele que já é apontado no velocímetro quando o cliente entra no carro, é de 4,15 . R$ 2,15 por km rodado na bandeira 1 ( das 6h às 22h) e R$ 3 na bandeira 2 (das 22h às 6h)

A Semob
O diretor do setor de Operação e Permissão da Semob, Márcio Ataliba, afirma que não existe atualmente concessão para taxis, devido aquela lei municipal que disciplina o número de concessões. No entanto, convênios celebrados entre gestores municipais anteriores com prefeitos de outros municípios vizinhos permitem a entrada de veículos de outras cidades vizinhas em Natal, especialmente, na zona Norte. Dados fornecidos por servidores da Secretaria apontam para a existência de 633 taxis em São Gonçalo do Amarante cuja parte desta frota penetra na zona Norte, fato que pode ser comprovado no Nordestão e Norte Shopping. A cidade de Extremoz também é mencionada como origem de 200 carros de corrida legalizados para o perímetro urbano deles.

A estes exemplos podem ser acrescidos os “carros de lotação” que saem de diversos interiores para deixar pessoas que vêm resolver pendências na capital e acabam utilizado o tempo de espera para fazer corridas. “ É feita uma fiscalização efetiva porque esses veículos não possuem um alvará para circular fora da cidade de onde saem. Eles podem vir e ficar aguardando o cliente, mas não fazer corrida neste ínterim, fato que acontece com freqüência”. A impressão de a frota ser maior do que é se deve a esta invasão do interior. Para barrar a atividade ilegal de alguns é feita uma fiscalização diária. E caso sejam pegos em flagrante, os agentes da Semob apreendem os carros e aplicam multas de valores distintos. Em caso de reincidência, o valor é dobrado por não estarem regulamentados e não darem as condições de segurança ao usuário. Ataliba conta que existe um projeto para valorizar o taxi de Natal na ZN, área na qual o próprio taxista da capital sofre intimidação dos demais.

Aquisição da placa
O taxista é um permissionário, a prefeitura permite que o interessado seja um empresário autônomo. No entanto, essa permissão pode ser caçada a qualquer momento caso sejam identificadas algumas irregularidades como embriaguês, desacato a autoridade, envolvimento em acidente grave. Ele reconhece a existência de um “mercado negro” de venda, troca ou aluguel das placas que vem se perpetuando devido a uma dificuldade de flagrar a ilegalidade. “Quando o caso chega até a Semob já é para fazer um procedimento legal, que é a transferência”, esclarece.

Quanto este assunto, Genário Torres, da Cooptax, afirmou reprovar a “negociação” da placa. Ele lembrou que tem aqueles profissionais que não têm condições de trabalhar e passam para pessoas da família. Mas para isso ser legal, é necessário fazer um documento de desistência e transferência. O valor de uma placa varia e pode chegar a R$ 50 mil.

Acerca da documentação para pleitear uma placa – no caso de Natal somente quando a população ultrapassar os um milhão de habitantes -,  inicialmente é necessário o curso do Sest/Senat que qualifica, capacita a ser motorista de taxi, além dos documentos de praxe como habilitação, CPF, comprovante de residência.

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