sexta-feira, 29 de março, 2024
27.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Tem de tudo no mercado

- Publicidade -

Os mercados públicos parecem lugares que pararam no tempo – e isto é um elogio. Comparados ao comércio de rua e seus badulaques eletrônicos/sintéticos ou às modernas e refinadas lojas dos shoppings, os mercados oferecem um clima mais acessível, aconchegante, pitoresco, e antigo. São lugares cheios de possibilidades, onde se acham desde miudezas do dia a dia até objetos para decorar, raridades, peças antigas, artesanato de feira do interior, aromas e sabores sertanejos, entre outras curiosidades que só esses espaços podem oferecer. Pode preparar a sacola.
Cerâmicas de vários modelos, objetos de madeira, brinquedos populares, vestimentas de couro são alguns produtos do Mercado da Seis
O Mercado Público Antônio Carneiro, o famoso  Mercado da Seis, no Alecrim, é um dos mais antigos da cidade – e ao percorrer suas lojas, percebe-se que ele ainda mantém muito de suas raízes.  É o lugar ideal para os garimpeiros de quinquilharias feitas à mão, como nas feiras do século passado (e até retrasado). No centro do mercado está uma pequena praça de alimentação, onde se pode saborear desde o café da manhã até um almoço fora de hora.

Natural de Cerro-Corá,Kojak já trabalhou em churrascaria famosa e hoje comanda elogiado quiosque de assados no Mercado da Seis
Um dos mais novos integrantes da área gastronômica do mercado  também está ajudando a renovar o público: Paulo Ribeiro, mais conhecido por Kojak, atrai muita gente ao Alecrim nos fins de semana e nos horários de almoço para degustar as carnes saborosas que ele serve. As costelas bovina e suína assadas na brasa e depois passadas no bafo são sucessos absolutos. A coxa de frango desossada e recheada com queijo também faz a alegria dos bons de garfo.
Pratos famosos do Kojak: Costelas bovinas assadas e frango recheado desossado

O know-how de Kojak é um diferencial no mercado. Nascido em Cerro-Corá, aprendeu a trabalhar com carnes em passagens pela Argentina e Mato-Grosso, e por fim durante os quatro anos em que foi maître na churrascaria ‘prime’ Fogo & Chama. “Eu queria um lugar só pra mim. Resolvi apostar no Mercado, pois o que sei fazer tem qualidade e pode ir além da elite. Um produto de qualidade também pode ser acessível”, diz. Em maio ele terá um ano de mercado. E a elite também não o deixou, já que pessoas de variadas classes vêm saborear as costelas nos sábados e domingos.

A diversidade culinária do mercado é maior do que se pensa. Outro quase “novato”, Gabriel Barbosa, já trabalhou em hotel e fez questão de estar no Alecrim, onde nasceu. Seu cardápio inclui chambaril, carneiro, rabada, peixe, carne de sol, picanha, cupim ao forno, camarão ao alho e óleo, entre outros. “O público andava meio afastado daqui, mas está voltando graças às novidades que oferecemos”, diz ele, que já tem dois anos de mercado.
Acessórios em couro compõem a cenografia do lugar, como objetos decorativos ou utilitários

Os apetrechos artesanais e regionais do Mercado da Seis parecem cenografia de um passado distante. A comerciante Maria das Graças vive cercada por candeeiros de lata e vidro, lamparinas à querosene, piões de madeira, abanadores de palha, petecas, raladores de coco, cestas, cachimbos do vovô, colher de pau, entre outras peças. “As pessoas de fora adoram”, afirma. Já Josefa de Almeida é artesã e ela mesma produz suas peças de palha de carnaúba, entre cestas, esteiras, bolsas, lancheiras, etc. Segundo ela, o maior público são as pessoas que trabalham com eventos. “Eles encomendam para aniversários e festas diversas, porque é algo diferenciado e bonito”, diz.
As cerâmicas de diversos modelos são um atrativo do mercado, muito procurado por arquitetos e decoradores

Reginaldo Nascimento também é artesão e ás da cestaria com cordas. Suas peças são totalmente decorativas e bastante procuradas por arquitetos e decoradores para ornar hotéis, lojas, restaurantes e ambientes diversos. “O mercado é um mostruário para minha arte. O cliente vem aqui para ver e encomendar”, diz.

José Evangelista está no mercado desde 1987, e oferece uma diversa gama de produtos artesanais: de grandes vasos de barro até peças de couro pra vaqueiro. Seus fornecedores são do Ceará, Pernambuco, e do próprio RN. “Não sei dizer o que sai mais. Depende do dia e da hora”, afirma, experiente. O couro também impera em vários espaços. Há desde sandálias até chapéus e o traje clássico completo do vaqueiro. 

O ponto baixo no Mercado das Seis são os banheiros, cuja reforma está parada há meses. Os comerciantes já procuraram  a prefeitura, mas o processo segue lento e sem perspectiva. A programação musical aos sábados foi suspensa por causa disso.

Outros Mercados

Mercado do peixe
O Mercado da Redinha foi construído em 1937, tem 30 boxes, e se firmou graças a um prato: desde os anos 60, a ginga com tapioca é o motivo de atração de dez entre dez pessoas para o local. Mas também vale a pena procurar outros petiscos, além de pescados e artesanato local. E claro, o sol e a praia.

Sabor paulista
O famoso camelódromo da Cidade Alta não é exatamente um mercado, mas entre suas atividades comerciais, estão legítimos sabores paulistas. Aberto em junho do ano passado, o quiosque Bixiga é o point local para lanches rápidos e almoço no centro. Cortesia do Paulista, comerciante popular na área, oferece petiscos e alguns pratos. Tem bife e camarão à parmegiana, nhoque ao molho, polpetone ao parmesão, lasanha à bolonhesa, a coxa de frango empanada, risoles de palmito, e o sanduíche x-churrasco (no pão francês), pizzas fritas, entre outros. O Paulista vive há 15 anos em Natal.

Mercado cultural
O Mercado de Petrópolis tem 48 anos, e uma boa capacidade para se reinventar. Entre seus 54 boxes cercado por um mezanino, gerações de comerciantes e clientes passaram por lá. A vocação cultural do local veio com o tempo, em meio aos petiscos clássicos do Café da Dalila e os feirantes de carnes e verduras. Hoje o lugar conta com antiquários, sebos, lojas de decoração, e ateliês de artistas plásticos, que se juntam a quiosques que vendem produtos do sertão, peixe, etc. O local também conta com barbearia, escola de fotografia, produtora de vídeo, e também ações do Cineclube Natal. Como num bom mercado, tem um pouco de tudo.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas