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Tem formiga na Bienal

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Yuno Silva
repórter

Montado na garupa de uma formiga imaginária, o sempre inquieto Guaraci Gabriel pegou a estrada rumo ao Sudeste para se integrar à 31ª edição da Bienal de São Paulo, evento de alcance internacional que figura na lista dos três mais importantes do mundo no circuito das artes visuais. Inicialmente Guaraci iria fazer apenas uma participação extraoficial, mas a performance “O Artista que não Existe” acabou integrada a programação e fez do artista o segundo potiguar a participar oficialmente da Bienal paulista – o pioneiro foi Abraham Palatnik, 86, menção honrosa na primeira edição da mostra paulista em 1951 com sua arte cinética.
Guaraci participa da Bienal com a obra “O artista que não existe”, que ser vista em tablets com leitor de Código QR
A proposta de Gabriel é expandir a realidade a partir da leitura de um código QR, impresso nas costas do paletó do artista, que remete quem aponta um smartphone ou tablet (conectado à internet) para outra dimensão, revelando uma paisagem virtual onde se vê a galeria onde acontece a Bienal ocupada pela escultura do formigão de 5 toneladas e 12 metros montada às margens da BR 104 em Queimadas (PB) – para conferir a obra enquanto você lê esse texto, basta apontar o leitor de QR Code de seu equipamento para o desenho nas costas do artista.

Vale destacar que o foco da Bienal deste ano está centrado no “potencial da arte e sua capacidade de agir e intervir”, tirando do centro das atenções as obras de arte em si para valorizar a criação compartilhada e a relação pessoa-arte desdobrada durante e depois do encerramento da exposição. “Minha performance está sintonizada com o tema da Bienal, que é ‘Como (ouvir/ver/escrever sobre) coisas que não existem’”, explicou Guaraci, que após circular com seu trabalho nos dois primeiros dias da Bienal (6 e 7 de setembro), no Parque do Ibirapuera, levou sua formiga imaginária ao Memorial da América Latina.

O artista já colhe os frutos de sua ousadia, e revela em primeira mão ao VIVER que, “se tudo correr nos conformes”, no final de outubro voltará ao Memorial da América Latina acompanhado da instalação física da formiga gigante.

Cinema processo
Todas as peripécias de Guaraci Gabriel estão sendo devidamente registradas pelo diretor de fotografia Carlos Tourinho no docudrama “Bicho do Mundo – Uma Biografia não Autorizada”. Iniciadas há cerca de um ano, as gravações estão na reta final. “Temos 80% do filme pronto, faltando apenas oito cenas: quatro em São Paulo e outras quatro no Rio de Janeiro”, disse Tourinho, que faz de sua câmera um personagem da narrativa que flerta com a metalinguagem e com o chamado cinema processo.

“O roteiro segue uma linha mestra, mas as ações se constroem na medida que gravamos. Como o  conceito do longa (90 minutos) permite improvisos, trabalhamos bastante com planos-sequência (cenas sem cortes)”, adianta Tourinho. A equipe potiguar viajou para SP e RJ com apoio da J. Patrício Metais, Compal, Recicla e Formigão Metais (PB). “Agora estamos na batalha de recursos para garantir a pós-produção do filme”, informou o cineasta.

A sinopse do filme é complexa: um casal, ele artista plástico (Guaraci) e ela atriz (Silbene Sil), entra em conflito quando o primeiro quer abrir uma exposição sem dar espaço para a companheira estrear um novo espetáculo. Ela entra em colapso com a situação e acaba viciada em remédio. Mas não é só isso! Como o próprio título sugere, a trama, narrada através de depoimentos reais e fictícios, constrói um mosaico de ‘biografias não autorizadas’ dos entrevistados – incluindo o diretor de fotografia e o produtor Márcio Otávio. “É o filme do filme, do filme”, arremata Guaraci.

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