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Tempo de paixão e ódio na política

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A longa trajetória do gaúcho Getúlio Dornelles Vargas foi marcada atos de paixões e ódio. Na biografia que escreveu  do presidente, o  cearense Lira Neto, jornalista e escritor, relata um episódio que retrata bem como era a política na década de 30 do século passado. Por volta das 23h30 de 25 de fevereiro de 1932, um comboio formado por três caminhões transportando soldados, estacionou em frente ao prédio onde funcionava o Diário Carioca, jornal que apoiara a volta de Vargas ao poder, publicando editoriais inflamados contra Washington Luiz.
João Café Filho (D), deputado da bancada federal do Rio Grande do Norte assumiu a presidência após a morte de Getúlio Vargas
Lira narra, no segundo volume da biografia, que cobre o período de 1930 a 1945. “Um pelotão de recrutas, munidos de pás, machados e picaretas, utilizadas na construção de trincheiras de guerra, ficou encarregado de destruir tudo o que encontrasse no caminho. O parque gráfico, localizado no andar térreo, foi o primeiro alvo. Máquinas tipográficas, mesas, cadeiras e armários ficaram reduzidos a destroços.”

E prossegue: “A fúria do assalto prosseguiu no piso superior, onde funcionava a redação do jornal. Dois redatores que também não fugiram, Rafael Holanda e o crítico de arte Angione Costa, foram espancados e sofreram escoriações generalizadas pelo corpo. Não restou um único móvel intacto. Todos os birôs e máquinas de escrever foram estraçalhados a machado e picareta. Até os corrimões de madeira chegaram a ser arrancados. Arquivos foram violados e pilhas de papéis, documentos e fotografias voaram janela afora, o mesmo ocorrendo na tesouraria com livros contábeis e fichas dos funcionários.”

“Onde está o Macedo Soares?”, um dos militares indagou aos dois jornalistas estatelados no chão.

#SAIBAMAIS#“Como não obtivesse resposta, o oficial que parecia comandar a ação rumou para o gabinete da administração do jornal. Depois de constatar que não havia ninguém por lá, permitiu que uma única peça do mobiliário ficasse intacta: a cadeira do diretor editorial. Não admitiu que a despedaçassem, tal qual haviam feito com todo o resto. Preferiu disparar contra ela um único tiro, a meia distância. O projétil varou o encosto acolchoado, produzindo um rombo de tamanho no enchimento de palha. A mensagem ra mais do que evidente. Aquela bala tinha sido reservada par ao dono da cadeira.

No último livro da trilogia biográfica Getúlio, que será recém-lançada, ele enumera as muitas vezes, entre 1930 e 1954, que o presidente cogitou a mórbida possibilidade de matar-se: “Ele queria ser lembrado por sucumbir em defesa da pátria, não por baixar a cabeça aos adversários.”

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