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Todos iguais

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Valério Mesquita
Escritor

O presidente a câmara municipal de Pedro Avelino, vereador Chico Cadó, começou a notar o esvaziamento no plenário de certos colegas nas sessões ordinárias. Cadó adotou a chamada nominal no plenário. Certa manhã, mal começava os trabalhos, o microfone (único) da mesa pifou. O presidente não entregou os pontos e avisou no grito: “Não tem “probrema”… Eu “mermo” faço a chamada “bocoral” (verbal) e os dois retardados (retardatários) venham falar comigo depois da sessão. Tá legal?”.

 02) As calçadas largas e os fins de tardes amenizados pela mornidão do vento norte, sempre fizeram do cotidiano de Mossoró de outrora. Certa vez, observou-se a luta de um carroceiro que auxiliava o seu animal, que arrastava uma enorme carga. Toinho Rodrigues, postado entre Vingt Rosado e o monsenhor Raimundo Gurgel, observou: “O trabalho espanta três grandes males: o vício, a pobreza e o tédio. Palavras de Voltaire”, finalizou Toinho. Antes que alguém falasse algo, olhando para Vingt e para Raimundo Soares, o vereador Zadock Xavante filosofou: “Doutor Vingt que o diga: ele conhece bem Brasília”.

03) Numa noite de tédio regada a gin, vários amigos botavam pra fora mágoas e desventuras, coisas que o casamento quase sempre atrai. Costa Leitão, arrumando a enorme pança, indagou: “Professor João Marcolino quem danado foi que inventou o dinheiro? Isso foi obra do tal capeta, não foi?”. João Marcolino, rábula e estudioso da história “arrumando o gogó”, foi pedagógico: “Não prefeito. Isso vem de antanhos, quando um esperto, criou uma moeda e cunhou sua face na mesma. Isso e só isso, tinha valor para troca e pagamento. A coisa evoluiu com  tempo”. “Sabe o que é?”, insistiu Costa, “é que lá em casa não tem dinheiro que chegue. A mulher torra tudo! Se esse tal cara dos seus “antanhos” tivesse aqui hoje e fizesse dinheiro de barro não dava nem tempo enxugar…”. Não deu nem tempo de terminar a frase. Dona Marroquinhas, a esposa, foi chegando e profetizou: Um dia vou ser prefeita e você vai me pedir as coisas!”. Não deu outra. Com o tempo, ela se elegeu prefeita. Consumou-se a premonição. Até o casamento acabou. Muito dinheiro ou falta dele, fazem essas consequências.

 04) Tarcísio Maia quando dava as cartas no tabuleiro da política no Rio Grande do Norte enquanto um familiar governava (Lavô), ele já preparava outro para a sucessão, o filho José Agripino. Numa reunião na cidade de Baraúnas, Tarcísio falava ao grupo que tendia apoiá-lo.  “Meus amigos, sinto com pesar, o abandono a que está jogado esse bravo povo! Mas isso, Jajá vai acabar. Amanhã em Natal tomarei providências e poremos fim a essa fome, essa miséria”. (Aplausos). E continuou: “Mudaremos essa fisionomia “sorumbática” do nosso prefeito Moisés Oliveira. Eu garanto isso!”. No dia seguinte, na praça, o líder Moisés, tentou se explicar: “Eu não sei se esse troço de “sorumbático” é macho ou fêmea. Só sei que isso não dura uma semana…”.

05) O senador Agenor Maria queria aparecer a todo custo para toda a nação. Certo dia, usando o grande expediente, Agenor pintava o estado de miséria no nordeste e principalmente no Rio Grande do Norte, ante a seca que dizimava homens e animais. Depois de tantas repetições, a coisa já pendia para o cansaço. Um senador gaúcho, interrompeu: “O nobre colega já falou a mesma coisa três vezes. Assim não dá tchê!…”. O senador Agenor, enxugando o suor (ele suava até na chuva), enfatizou: “Eu quero falar aqui pela “intransigente e infalível lei da morte” que se faça alguma coisa meus senhores”. O gaúcho gozador, cochichou com um colega: “Será que ele não está errando de porta?”.

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