sexta-feira, 26 de abril, 2024
25.1 C
Natal
sexta-feira, 26 de abril, 2024

Trabalhadores paralisam obras

- Publicidade -

Sara Vasconcelos
Repórter

As obras do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) no Rio Grande do Norte estão suspensas hoje e amanhã. A decisão é uma resposta do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracomp) frente a ameaça de demissões de 4,5 mil empregados, que começaram a ser deflagradas ontem. As seis construtoras que operam no programa deram início ao processo de aviso-prévio trabalhado (quando o empregado é informado do fim do contrato de trabalho, mas permanece   atuando). E alegam não ter mais como sustentar o andamento das obras e salários sem a quitação da dívida de R$ 28 milhões, em repasses atrasados do governo federal, segundo o Sinduscon.

As empresas evitam dar números de quantos funcionários foram comunicados sobre a rescisão, mas admitem que o processo será feito de forma gradual durante esta semana, uma vez que o Sintracomp descartou a  possibilidade de aviso coletivo, proposto pelos empresários.
Anchieta, do Sindicato dos Trabalhadores: Setor prejudicado
A paralisação não deverá ficar restrita aos canteiros de obras das seis construtoras com empreendimentos contratados no MCMV. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores, os operários estarão de braços cruzados  também em empreendimentos de empresas sem envolvimento com o caso. “Não vamos aceitar as demissões. Não são apenas seis empresas é o setor da construção civil como um todo que está prejudicado”, diz o vice-presidente do Sintracomp, José de Anchieta.

Uma assembleia  geral dos trabalhadores é prevista para esta quinta-feira, dia 7, na sede do Sindicato a partir das 9h. Ao todo, 4 mil unidades habitacionais estão na fase de construção no Estado, com geração de  4,5 mil empregos – dos quais cerca de 2 mil em Natal. Os sindicalistas cogitam recorrer à Caixa, ao Governo do Estado e entrar com  ação coletiva na Justiça do Trabalho para  impedir a demissão em massa.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN (Sinduscon), Arnaldo Gaspar Júnior, esgotaram as alternativas para as empresas. “Não há previsão de mais recursos e as empresas são  pequenas, sem capital de giro para suportar os custos sem receber”, disse Gaspar. Cada empresa tratará do assunto de acordo com a capacidade financeira. A decisão foi tomada em reunião entre construtores e Sinduscon, na manhã de ontem.

O presidente da construtora Monte Neto, Orígenes Monte, conta que foi pego de surpresa com o anúncio da paralisação das obras. “Não esperávamos uma greve enquanto buscamos segurar ao máximo os empregos”, afirmou. A construtora tem dois empreendimentos contratados no MCMV, nos Guarapes, zona Oeste da capital e emprega cerca de 300 trabalhadores. “A situação foge do nosso controle, estamos com pagamentos em atraso, títulos sendo protestados. Evitamos o aviso indenizado e montamos o remanejamento para ter material para tocar as obras”, conta o presidente da Tecnart Engenharia, Carlos Luiz Cavalcanti.

Os recursos pagos pelo Ministério das Cidades essa semana não contemplaram as medições da Marco Engenharia e da Certa Construções, que empregam 700 pessoas em Natal.

Atrasos

Na segunda-feira, dia 4, o Ministério das Cidades transferiu R$ 7 milhões de uma dívida de R$ 28 milhões, entretanto novas faturas de medições vencidas  no dia 5 de maio,  levaram o montante para o mesmo patamar. Para sanar dificuldades de caixa, as empresas montaram um sistema de remanejamento de material de construção, via cooperativa de compras, que permite a troca de material em estoque para suprir as empresas com maior dificuldade de caixa. Até ontem, o secretário executivo do Ministério estava informado da situação das empreiteiras no RN. Além do esforço político do Governo estadual, o presidente do Sinduscon-RN afirmou que o senador Garibaldi Alves Filho esteve com o ministro do planejamento Nelson Barbosa para tentar viabilizar a quitação do débito. Devido os atrasos que iniciaram em novembro de 2014, o prazo previsto de 18 meses de obras para entrega dos empreendimentos, em novembro deste ano, deverá ser prorrogado por mais seis meses – totalizando 24 meses de obra.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas