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Tradição e ousadia

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A instituição é referência e se tornou uma ilha de excelência dentro do ensino público no EstadoA antiga Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (Etfrn) tornou-se um marco da qualidade do ensino, durante todo o século passado, formando profissionais que ocupavam lugares de destaque em empresas do estado e de todo Brasil. A tradição conquistada em décadas de atuação, desde a criação da antiga Escola de Aprendizes Artífices, em 1909, foi posta à prova nos últimos 16 anos, quando a instituição mudou duas vezes de nome e partiu da capital para ocupar também outras nove cidades do interior potiguar.

O atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) vem provando que a expansão não tirou da instituição de ensino seu principal diferencial: a qualidade. “Tínhamos a grande preocupação de manter a qualidade, mesmo com o crescimento. Implantamos as unidades da fase 1 da expansão, na zona Norte de Natal, em Ipanguaçu e Currais Novos; e já temos alunos formados. A qualidade deles não deixa nada a desejar em relação aos profissionais formados no campus central”, destaca o reitor Belchior de Oliveira Rocha.

Um dos critérios que ajudou na manutenção do alto nível de ensino foi a preocupação na seleção dos professores. “Exigimos que todos tivessem pós-graduação e, além disso, ainda há a formação inicial que a instituição oferece no ingresso desses docentes. Abrimos uma especialização em educação profissional para jovens e adultos, e esses professores participam dessa especialização, conhecendo o que é educação profissional e o ensino em uma instituto como a nossa.” Hoje, já são 12 campi espalhados por todo o território norte-rio-grandense. Em Natal ficam o campus central e o da zona Norte, além do campus avançado da Cidade Alta. No Seridó há unidades em Currais Novos e Caicó. No Oeste Mossoró, Apodi e Pau dos Ferros. No vale do Assu, Ipanguaçu. No Mato Grande, João Câmara. Na Costa Branca, Macau. E no Trairi o IFRN está em Santa Cruz. Outros três estão em construção: Nova Cruz, Parnamirim e São Gonçalo, com previsão de funcionamento para 2011.

A interiorização é hoje um dos orgulhos do reitor. “Percebemos que a chegada do instituto não muda só o ensino do município, muda as cidades como um todo e até mesmo a região ao redor. Isso porque a comunidade local incorpora a instituição como um de seus maiores bens”, comemora Belchior de Oliveira. Diante do sucesso da interiorização de unidades, ele não descarta uma nova fase de expansão do IFRN.

“O ideal é que houvesse um em cada município do estado, mas isso é impossível. Agora, houve o plano de expansão 1 e o 2, e já se fala, dentro do próprio MEC, no plano de expansão 3, que deve estar dentro do Plano de Desenvolvimento da Educação que está sendo montado para o período de 2011 a 2020”, revela. A expectativa dos institutos federais é triplicar a oferta de vagas na próxima década. No RN, o reitor entende que o ideal seria chegar pelo menos a um total de 20 unidades, incluindo as já existentes. “Aí daria uma melhor distribuição e qualquer aluno que quisesse fazer um curso superior não teria de se deslocar mais de 20 quilômetros de sua residência”, ressalta.

Leque de cursos se diversifica

Se na época da Etfrn a instituição se notabilizou pelo ensino técnico, integrado ao Ensino Médio, hoje o IFRN abrange uma gama bem mais diversificada de opções. Vão desde os cursos básicos, oferecidos à comunidade em geral, até os de pós-graduação, passando pelo técnicos (integrados e subsequentes) e os superiores, de tecnologia e de licenciatura. E o leque não para de se expandir, tanto em Natal, quanto nas unidades espalhadas pelo interior.

“A lei que criou os Ifets (Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia) determina que 50% sejam cursos de nível técnico e 20% para formação em licenciatura e os outros 30% a gente pode mesclar com engenharias, tecnólogos e até mesmo os técnicos”, explica Belchior de Oliveira. Os cursos técnicos se dividem em dois: os integrados, cursados juntamente com o Ensino Médio, e os subsequentes, voltados para quem já concluiu o Ensino Médio.

O IFRN também oferece cursos superiores de tecnologia, conhecidos como CSTs, formam tecnólogos, com  diploma equivalente aos dos bacharelados, mas com uma formação em um período mais curto, de dois a três anos de duração, com o foco voltado para determinadas áreas do mercado. Enquanto os de licenciatura têm o objetivo de formar professores e suprir a atual demanda, principalmente da rede pública.

“Temos ofertado cursos de licenciatura já perto da meta dos 20%. Há atualmente uma carência muito grande de professores em Ciências, Matemática, Química, Física, Biologia. Algumas escolas do interior não têm professores dessas disciplinas, ou os que ensinam não são formados nessas áreas. Com isso, muitos alunos terminam o Ensino Médio sem sequer terem visto os conteúdos de Química e Física”, lamenta o reitor do IFRN.

Uma das estratégias do instituto é expandir as licenciaturas nas unidades do interior, para facilitar a permanência do professor atuando em escolas da região, após a conclusão do curso, já que a demanda é maior longe da capital e poucos docentes da capital se dispõem a ensinar em outros municípios. “Temos apostado também na qualificação e requalificação de professores, trabalhando com atualização na rede pública estadual e municipal”, acrescenta. A empregabilidade dos egressos do IFRN atualmente gira em torno dos 75%. E a tradição de enviar profissionais para fora do estado foi mantida. 

Cota facilita acesso de alunos

Ao contrário da UFRN, que utiliza um bônus como forma de facilitar o acesso de alunos da rede pública, o IFRN adota um cota, de 50%, para os egressos de escolas municipais, estaduais e federais. O percentual é válido em todos os cursos e não impede que esse público-alvo conquiste vagas também nos 50% de vagas restantes. “Essa cota democratizou o acesso, permitiu que alunos carentes pudessem competir em igualdade, ao final de seu curso, em vestibulares e outros processos seletivos, com aqueles oriundos das escolas privadas”, entende Belchior de Oliveira.

Ele lembra que além do primeiro lugar em Medicina, o IFRN conquistou no último vestibular da UFRN outros 16 primeiros lugares, com alunos que chegaram ao instituto vindos de escolas públicas. “Temos pesquisas mostrando que no primeiro ano (dos cursos técnicos integrados) há certa diferença. As médias dos cotistas são mais baixas que os alunos que vêm da escola privada. A partir do segundo ano isso começa a desaparecer e quando chega no terceiro ano essa diferença tem desaparecido e muitos alunos até superam o desempenho dos vindos de escolas particulares”, aponta.

No entender do reitor, essa evolução é a prova de que muitos jovens só carecem de uma oportunidade para mostrar seu potencial. Além do acesso, o IFRN também investe na permanência, através da oferta de bolsas de R$ 200 para alunos de famílias de menor renda. “A bolsa faz uma grande diferença na vida do aluno carente, porque é o dinheiro do transporte, de um livro, da alimentação”, lista.

A discussão de cotas raciais, que vem se desenvolvendo em todo o Brasil, não parece ter simpatia da Reitoria do IFRN. “Nossa linha de atuação é de não irmos para as cotas raciais. Acreditamos que a cota mais justa é a social. O mosaico social está todo representado dentro desse tipo de cota”, afirma o reitor. Como forma de ingresso, a instituição passou a usar o Enem, desde o ano passado.

“Para ingresso em 2010, apenas dois cursos foram pelo Sisu (Sistema Unificado) e o restante usando a nota do Enem. Pegamos as médias para usar como vestibular. Os alunos se inscreveram para o curso e, ao invés de fazerem o vestibular, utilizamos as notas do Enem na seleção”, explica. Os dois cursos incluídos no Sisu foram Tecnologia em Redes de Computadores e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

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