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Transferência de moradores do Maruim cai no esquecimento

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Tratadas como centro das atenções desde a tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, as áreas de risco em Natal passaram a ser colocadas como prioridades pelo poder público. Mas essa atenção não foi suficiente para convencer os principais interessados no assunto: as próprias famílias ameaçadas por morar em locais sem estrutura. Na comunidade do Maruim, localizada na Ribeira, os moradores reclamam da lentidão do poder público e muitos perderam as esperanças de ter o problema resolvido.

Algumas das moradias no Maruim oferecem riscos às pessoasA retirada das famílias do Maruim foi iniciada no ano passado, mês de abril. Segundo uma das líderes da Colônia de Pescadores do Maruim, Maria da Silva, de 69 anos, apenas 11 famílias foram retiradas até agora e desde o ano passado a Prefeitura não vai ao local para orientar os moradores. “Eles não vêm aqui desde o ano passado. Estamos totalmente sem informação do que vai acontecer”, diz Maria. Segundo ela, algumas casas sofrem com riscos iminentes, principalmente por conta da proximidade do período chuvoso.

Localizada num terreno “baixo”, a comunidade do Maruim tem constantes alagamentos. Há casas rachadas, com esgoto correndo na porta e muitas famílias vivendo em cômodos pequenos. Como se vê, a infra-estrutura é precária. Mesmo assim, encontra-se dificuldades para manter os moradores longe do local. Motivo: os moradores têm, além de relações de afetividade com a comunidade e os vizinhos, nas ruas adjacentes da Ribeira o seu principal local de trabalho. Não custa lembrar que a maioria dessas pessoas sobrevive da pesca.

Maria da Silva explica que algumas das pessoas retiradas pela Prefeitura de Natal no ano passado pensam em voltar para a Ribeira, não necessariamente ao Maruim. “Eles estão passando dificuldades financeiras porque não têm onde trabalhar, não conhecem ninguém, entre outros motivos”, diz. Essa é a mesma preocupação das pessoas que ainda estão no Maruim. “Não sabemos nem se vamos sair, porque para ir para lugares distantes, nós não queremos”, complementa.

Fátima do Nascimento, de 41 anos, é marisqueira e pensa de forma parecida. “Só saio daqui para os arredores ou para a Redinha. Precisa ser um local com maré para eu poder trabalhar”, diz Fátima. A casa dela está com rachaduras e a chegada de contêineres no porto faz as paredes chacoalharem. “Morro de medo desses navios derrubarem a minha casa. Treme muito”, lamenta.

Um outro processo, conduzido pelo Governo do Estado, está em andamento e aprovado pelos moradores. Trata-se de Mãe Luiza. Pelo menos 15 casas já foram demolidas após a retirada das famílias e, segundo os moradores, o trabalho não foi interrompido. Técnicos da Procuradoria do Estado estão em constante contato com a comunidade, como diz Wigna Oliveira da Silva. “Eles estiveram aqui ontem e estão nos ajudando a conseguir casas aqui e em outros bairros. Tenho a esperança de sair o mais rápido possível”, diz.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com a Secretaria Municipal de Habitação, mas até o fim dessa edição ninguém atendeu o telefone na Secretaria.

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