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Trânsito de Natal é caótico e sem planejamento

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Os congestionamentos também ocorrem na Engenheiro Roberto FreireCarla França – repórter

As ruas de Natal estão saturadas de veículos. O trânsito, nos horários de pico, tira a paciência de muitos motoristas que ficam presos nos congestionamentos. E a situação se agrava com o passar dos anos.

De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Norte (Detran-RN), até a última quinta-feira (10.09), circulavam 275.351 veículos pelas ruas da capital. Desses, 173.772 eram automóveis. Os verbos, nas frases anteriores, não estão no passado por acaso. Nos últimos dois anos, 37.741 novos veículos passaram a circular pela cidade, resultado das facilidades oferecidas na hora de adquirir veículos. Isso representa uma média de 1.572 carros novos por mês e/ou  60 por dia nas ruas da capital.

Em relação à população, a média é de 4,6 pessoas por carro na capital, ou seja: em termos estatísticos, dava para todo mundo que mora em Natal andar de carro e ainda sobraria lugar. Algo utópico de ocorrer e a realidade mostra que as melhorias no trânsito e na infra-estrutura não acompanham tal demanda da frota. O resultado não poderia ser outro: trânsito lento, congestionamento e estresse para os motoristas e usuários do transporte coletivo.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE acompanhou, durante esta semana, os principais pontos de congestionamentos em Natal, nos horários mais críticos, pela manhã, ao meio dia e no fim da tarde. O que constatamos foram motoristas irritados com a falta de planejamento do trânsito, já que a situação dos pontos de congestionamentos e gargalos continuam os mesmos de dois anos atrás, quando uma reportagem semelhante a esta foi produzida.

BR-101

Entre 7 e 8 horas da manhã, quem precisa passar pela BR-101 (Parnamirim-Natal), a partir das proximidades do Sams Club já começa o dia com aborrecimentos. Isso porque, por essas horas o trânsito flui a passos lentos. A situação fica mais complicada na altura da passarela do bairro de Neópolis, é neste ponto que além dos veículos que já estão na BR, a via absorve os que estão saindo dos bairros ao redor.

Os carros que vem pela marginal só conseguem entrar na via principal quando o semáforo está fechado. O problema é que enquanto o sinal está aberto, a fila de veículos que se forma na marginal vai aumentando e o ‘gargalo’ está formado. E o resultado: um congestionamento que, em alguns momentos, chega até o pórtico dos três Reis Magos, na entrada de Natal.

“Tem dias que a gente fica com os nervos à flor da pele, em tempo de explodir por causa desse trânsito. Para se ter uma ideia, o tempo normal de uma viagem dessa praça, em Neópolis, até o Centro da cidade, aumenta em média 15 minutos”, conta o taxista Manoel dos Santos.

E para complicar ainda mais, os ônibus, urbanos e intermunicipais, não obedecem os pontos de parada. Uns param antes, outros depois. Tem ainda os que param quase no meio da pista, o que contribui para deixar o trânsito ainda mais confuso.

Avenida Senador Salgado Filho

Essa é uma das avenidas mais movimentadas, pois é praticamente o único ponto de ligação da zona Sul com as outras regiões de Natal. Os problemas com congestionamentos acontecem tanto no período da manhã quando, o fluxo maior é em direção ao centro, quanto a noite, na volta para casa.

Pela manhã, o gargalo é nas proximidades do viaduto do 4º Centenário até à Igreja Universal do Reino de Deus. E o motivo do congestionamento é fácil de saber. Até a passarela de Potilândia, a avenida possui três faixas largas de rolamento, depois elas passam para duas pistas estreitas.
O problema é que próximo ao viaduto do 4º Centenário, ela afunila  e ficam apenas duas faixas
“O problema daqui é simples. Três faixas convergem para apenas duas, não tem mágica nenhuma que faça todos esses carros se acomodarem em apenas duas vias sem causar congestionamento. Só o poder público não enxerga isso”, reclamou um morador do bairro de Potilândia.

Conscientes de que mais na frente não terão uma faixa a menos da pista, muitos motoristas preferem permanecer nas duas vias que terão continuidade mais adiante e como consequência: congestionamento, que tem início no edifício Jacumã.

À noite, o problema é no sentido contrário (Centro-zona Sul) e tem o ápice nas proximidades do Natal Shopping e do Via Direta. Isso porque nesses pontos há uma grande e desordenada concentração de ônibus e vans, além dos outros veículos que passam pelo local. Para os motoristas e usuários de ônibus só resta paciência.

Viaduto do 4º Centenário e Avenida Lima e Silva

Outro gargalo no trânsito de Natal é  a saída do viaduto do 4ª Centenário para a avenida Lima e Silva, nas proximidades do Machadinho. Neste ponto, o problema surge pela imprudência de muitos motoristas que teimam em cortar caminho pela via proibida.

Os carros e motos que descem do viaduto devem continuar na mesma faixa, mas boa parte dos condutores quer cortar caminho e muda de via para entrar na rua lateral ao Sebrae, mesmo sabendo que é proibido. Esse ato, tumultua o trânsito porque outros carros que estão passando pela via são obrigados a parar para evitar acidentes. Nem mesmo a viatura da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) intimida os motoristas.

Hermes: campeã em congestionamento

Quando se fala em congestionamento, a avenida Hermes da Fonseca é quase unanimidade na opinião dos motoristas. E nem precisa ser horário de pico. Prova disso é que na terça-feira (08.09), por volta das 16h, em determinados momentos, o trânsito (no sentindo Centro-zona Sul) ficou congestionado, principalmente em dois pontos. Um desses é o cruzamento com a avenida Alexandrino de Alencar.

Basta passar alguns minutos observando o movimento do trânsito para descobrir o problema que acontece na Hermes da Fonseca. O espaço entre o primeiro semáforo (no cruzamento com a Alexandrino de Alencar) e o segundo (próximo ao Hospital Walfredo Gurgel) é muito pequeno para o volume de veículos que estão nas duas vias.

No cruzamento da Hermes da Fonseca e Bernardo Vieira a falta de consciência do motorista acaba prejudicando ainda mais a fluidez do trânsito
Com isso, o tempo do semáforo é insuficiente para que todos os carros acumulados nas duas vias passem. Alguns motoristas mais ‘apressadinhos’ ficam literalmente no meio da rua e aí a confusão está formada. Buzinas, gritos e estresse fazem parte da volta para casa no final do dia.

Um pouco antes, no cruzamento com rua Alberto Maranhão, o problema é provocado por um sinal de três tempos que faz acumular carros nas vias. A situação fica mais complicada por volta do meio dia e no final da tarde, devido ao aumento do fluxo de veículos.

“A Hermes é realmente um grande problema para o trânsito de Natal. O pior é que não se tem rotas alternativas para fugir do trânsito lento, que pode complicar ainda mais se não tiver projeto de ampliação das vias. Até a Copa de 2014 os gestores terão muito o que fazer”, diz o economista Paulo Roberto Dora.

Outro gargalo da Hermes da Fonseca é no cruzamento com a Bernardo Vieira. Nesse ponto, o problema começa no final da tarde, por volta das 17h30, quando o fluxo de veículos começa a aumentar devido o final do expediente nas empresas e nas escolas. Sem contar no entra e sai de carros no principal shopping da cidade.

Avenida Bernardo Vieira

As mudanças estruturais realizadas na avenida Bernardo Vieira não agradaram aos motoristas de Natal. É difícil encontrar alguém que goste de passar por ali. O problema é que ela é a principal via de ligação da zona Norte com as regiões Oeste e Sul da cidade.

“Desde que fizeram essa mudança na Bernardo Vieira tenho trauma em passar por ali. Entendo que a prioridade são os ônibus, mas os outros carros, inclusive, caminhões, ficam disputando espaço em duas faixas estreitas”, fala a funcionária pública Sueli Ribeiro.

Os taxistas também reclamam bastante. A maioria deles deixou de circular pela avenida. “A Bernardo Vieira tem 17 sinais. Sem contar as vias estreitas. Nós evitamos passar por ali, só quando o cliente insiste. É mais tranquilo ir pela Ponte Forte-Redinha”, sugere Manoel dos Santos.

Mas apesar das reclamações, o trânsito na Bernardo Vieira e na avenida Felizardo Moura, que dá acesso à zona Norte da cidade, está fluindo melhor. O motivo é a Ponte Forte-Redinha. “Muita gente, até quem trabalha na zona Sul prefere ir pela ponte nova, que tem menos sinal e movimento. Com isso, os  congestionamentos, que eram constantes, ficaram mais difíceis, só quando acontece alguma colisão”, diz o motorista Adriano Abreu.

Para professor não há solução à vista

Há quase dois anos, quando a TRIBUNA DO NORTE produziu uma reportagem sobre os pontos de gargalos no trânsito de Natal, o professor do Departamento de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Moacir Guilhermino, disse que não havia nenhuma novidade no trânsito de Natal.

Esta semana, ele foi novamente procurado pela TN e segundo o professor “o trânsito de Natal continua sem nenhuma novidade. Em alguns pontos, como a avenida Engenheiro Roberto Freire, melhorou um pouco”.

E para desânimo dos motoristas, “não existe solução à vista para esse problema. As pessoas vão se acostumando com o problema do trânsito de Natal porque o modo como ele foi se formando, de forma desordenada, levou ao que é hoje.

O professor diz ainda que uma melhoria só será possível com a mudança de cultura da população, que atualmente prefere o transporte privado, o que é justificável tendo em vista a qualidade do transporte público.

A pedido da TN, ele avaliou os principais pontos de congestionamentos da cidade.

Avenida Bernardo Vieira

O projeto da Bernardo Vieira segue uma tendência que está acontecendo em todo o Brasil, que é o transporte de massa. A ideia de fazer uma faixa exclusiva para os ônibus dá mais fluidez ao trânsito.

Mas por outro lado, mexe com a questão do comércio local porque sem estacionamento, o comércio não sobrevive. É preciso criar soluções alternativas para complementar esse projeto.

Avenidas Hermes da Fonseca e Salgado Filho

Realmente não vejo solução imediata para o trânsito. Acredito que o que poderia melhorar um pouco seria colocando fiscalização nessas vias para evitar que os carros parem no meio da avenida depois que o semáforo feche.

O trânsito responde a tudo que se colocar nas vias. A população acaba sendo um pouco vítima e algoz dessa situação. E apesar de todas as celeumas, o trânsito nunca foi levado a sério.

BR-101

Não precisa pensar muito para descobrir o problema do trânsito. Eles são semelhantes em praticamente todas as vias. O fluxo de veículos é maior do que  as vias conseguem absorver.

Na outra entrevista falamos na mudança do sistema de mão e contramão para binário, onde uma outra solução, que atingiria todo o trânsito seria a mudança de mão e contramão para binário. Cada uma das vias teria apenas um sentindo, facilitando assim o fluxo de veículos.

Mas esse é um projeto que precisa ser estudado com atenção, já que mudaria a estrutura atual das ruas e avenidas. É como eu disse antes, o trânsito reage a qualquer intervenção, por isso é preciso ser estudado porque talvez não dê certo.

Prefeitura trabalha em três projetos para Natal

A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) está trabalhando em três projetos (Via Livre, a licitação do transporte público e o Plano de Mobilidade Urbano), que segundo o titular da pasta, Kelps Lima vão resolver os problemas do trânsito de Natal. “Infelizmente quando o assunto é trânsito não existem medidas que oferecem soluções imediatas. Apenas um deles, o Via Livre, tem resultados a médio prazo que já podem ser observados pela população”, diz Kelps Lima.

O projeto Via Livre, como o próprio nome sugere, é um combate ao congestionamento que se forma em algumas ruas e avenidas da cidade, provocado pelos carros estacionados nas vias. Até o momento, as avenidas Romualdo Galvão, Jaguarari e São José. As próximas serão Afonso Pena, Prudente de Morais e Hermes da Fonseca. “Na Jaguarari, o fluxo de trânsito melhorou cerca de 25% e a velocidade média dos veículos aumentou 15km. Nas Romualdo Galvão e na São José, o fluxo aumentou em 40% e a velocidade dos carros também aumentou 15km. Esses são bons resultados, a tendência é que se repitam nas demais vias onde o projeto será implantado”, fala Kelps.

O outro projeto do município é a tão esperada licitação do transporte público, que vai escolher as empresas que vão prestar esse serviço. Segundo o secretário, o município está priorizando o transporte público da cidade.

“A gente entende que uma melhoria no trânsito depende de um transporte público de qualidade, o que infelizmente não temo. Queremos priorizar o transporte público até porque a cidade não vai comportar tantos veículos”, diz Kelps.

O Plano de Mobilidade Urbana vai mudar  a rota das linhas de ônibus de Natal com o objetivo de serem mais rápidas e mais eficazes. Um exemplo é a linha Norte Fácil que vai começar a funcionar  no próximo dia 21. “É uma espécie de circular da zona Norte, ao custo de R$1,50, que vai alimentar as linhas troncos da região. Com isso vai aumentar a velocidade dos ônibus e diminuir o tempo de espera dos passageiros”, explica o secretário.

A previsão da Semob é que o plano seja entregue em 30 dias, quando estará concluído o termo de referência do Plano. Com relação à avenida Bernardo Vieira, o secretário afirma que o  projeto está feito e tem um custo de R$40 milhões.  “Essa avenida corta a cidade de Norte a Leste e a solução é uma via alternativa, ligando a Antônio Basílio e Amintas Barros ao Quilômetro Seis para evitar a passagem por essa avenida. Já demos entrada no Ministério das Cidades, estamos aguardando resposta”, diz Kelps.

Quando se fala em congestionamento, a avenida Hermes da Fonseca é quase unanimidade na opinião dos motoristas. E nem precisa ser horário de pico. Prova disso é que na terça-feira (08.09), por volta das 16h, em determinados momentos, o trânsito (no sentindo Centro-zona Sul) ficou congestionado, principalmente em dois pontos. Um desses é o cruzamento com a avenida Alexandrino de Alencar.

Basta passar alguns minutos observando o movimento do trânsito para descobrir o problema que acontece na Hermes da Fonseca. O espaço entre o primeiro semáforo (no cruzamento com a Alexandrino de Alencar) e o segundo (próximo ao Hospital Walfredo Gurgel) é muito pequeno para o volume de veículos que estão nas duas vias.

Com isso, o tempo do semáforo é insuficiente para que todos os carros acumulados nas duas vias passem. Alguns motoristas mais ‘apressadinhos’ ficam literalmente no meio da rua e aí a confusão está formada. Buzinas, gritos e estresse fazem parte da volta para casa no final do dia.

Um pouco antes, no cruzamento com rua Alberto Maranhão, o problema é provocado por um sinal de três tempos que faz acumular carros nas vias. A situação fica mais complicada por volta do meio dia e no final da tarde, devido ao aumento do fluxo de veículos.

“A Hermes é realmente um grande problema para o trânsito de Natal. O pior é que não se tem rotas alternativas para fugir do trânsito lento, que pode complicar ainda mais se não tiver projeto de ampliação das vias. Até a Copa de 2014 os gestores terão muito o que fazer”, diz o economista Paulo Roberto Dora.

Outro gargalo da Hermes da Fonseca é no cruzamento com a Bernardo Vieira. Nesse ponto, o problema começa no final da tarde, por volta das 17h30, quando o fluxo de veículos começa a aumentar devido o final do expediente nas empresas e nas escolas. Sem contar no entra e sai de carros no principal shopping da cidade.

Avenida Bernardo Vieira

As mudanças estruturais realizadas na avenida Bernardo Vieira não agradaram aos motoristas de Natal. É difícil encontrar alguém que goste de passar por ali. O problema é que ela é a principal via de ligação da zona Norte com as regiões Oeste e Sul da cidade.

“Desde que fizeram essa mudança na Bernardo Vieira tenho trauma em passar por ali. Entendo que a prioridade são os ônibus, mas os outros carros, inclusive, caminhões, ficam disputando espaço em duas faixas estreitas”, fala a funcionária pública Sueli Ribeiro.

Os taxistas também reclamam bastante. A maioria deles deixou de circular pela avenida. “A Bernardo Vieira tem 17 sinais. Sem contar as vias estreitas. Nós evitamos passar por ali, só quando o cliente insiste. É mais tranquilo ir pela Ponte Forte-Redinha”, sugere Manoel dos Santos.

Mas apesar das reclamações, o trânsito na Bernardo Vieira e na avenida Felizardo Moura, que dá acesso à zona Norte da cidade, está fluindo melhor. O motivo é a Ponte Forte-Redinha. “Muita gente, até quem trabalha na zona Sul prefere ir pela ponte nova, que tem menos sinal e movimento. Com isso, os  congestionamentos, que eram constantes, ficaram mais difíceis, só quando acontece alguma colisão”, diz o motorista Adriano Abreu.

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