sábado, 4 de maio, 2024
30.1 C
Natal
sábado, 4 de maio, 2024

Travesti quase foi reprovado em banca de pós-graduação

- Publicidade -

A concepção das instituições de ensino como espaços de reflexão do conhecimento e partilha de culturas, etnias e experiências deveria fazer das universidades o local ideal para combater preconceitos. Mas certos acontecimentos no universo acadêmico insistem em provar o contrário: o preconceito ainda existe entre estudantes, professores e funcionários.

E a travesti Leilane Assunção, 29, sabe muito bem disso. Quando foi defender o seu projeto de mestrado, em 2006, um dos professores da banca deu nota 2 para a estudante, que por pouco não foi reprovada. “Sem nenhum motivo pedagógico, a professora me deu nota 2. O que ela não esperava era que eu tivesse recebido boas notas 9 e 10 dos outros dois componentes da banca. Passei na média, com nota 7 e não consegui a bolsa. O pior é que   soube que ela ainda tentou diminuir ainda mais minha nota quando descobriu que tive média para passar. Mas ela não conseguiu”, conta Leilane.

 A transformação de Leandro – nome de batismo – para Leilane aconteceu aos 24 anos e não mudou apenas a parte física. Segundo ela, o ‘nascimento’ de Leilane é um marco na sua vida acadêmica. “Desde que me assumi travesti venho mantendo uma estabilidade no meu currículo, não fui mais reprovada e sempre tenho boas notas. Ser Leilane trouxe equilíbrio para minha vida”, disse ela

Diferente do que aconteceu no mestrado, agora Leilane está focada no doutorado. Boa parte do seu tempo é dedicado às pesquisas, que têm como tema a cantora Clara Nunes.

 De família evangélica e com mais cinco irmãs, a vontade de Leando de se assumir mulher existia, o que faltava era coragem. Ela sabia dos preconceitos que enfrentaria.

A rejeição da família e da escola e a falta de políticas públicas é para Leilane a mola-mestra para impulsionar as travestis às ruas. Para ele, hoje há uma banalização do corpo e cada dia a prostituição acontece mais cedo. A crítica do travesti atinge, inclusive, os grupos que apoiam os gays. “É a política do oba-oba. O mundo gay está esvaziado de discurso intelectual”, declarou. Apesar disso, Leilane acredita que a força de vontade de cada um pode ultrapassar barreiras.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas