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Um técnico alemão

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Woden Madruga [ [email protected] ]

O futebol do Rio Grande do Norte já teve um técnico alemão. Não  alemão nascido na Alemanha, mas filho de alemães (pai e mãe) nascido em Pernambuco, genética e disciplina germânicas a começar pelo sobrenome: Kruse. Nome completo Alexandre Kruse.  Atuou por aqui no começo dos anos vinte e foi treinador do Alecrim Futebol Clube, fundando em 1917, cujo campo era ali onde  hoje fica o Hospital Prof. Luiz Soares (Silvio Pélico com a Fonseca e Silva) no caminho da Base Naval onde o alemão, marinheiro brasileiro, servia. Quem conta essa história é o historiador Tarcísio Medeiros, alecrinense roxo. Está no seu livro História e Desporto, organizado e publicado pelo filho Ivoncísio Meira de Medeiros, também historiador, em 2008.

O Kruse treinador do Alecrim Futebol Clube tem um parente ilustre no  atual futebol da Alemanha, um de seus maiores craques: Max  Kruse, atacante. Joga no Borussia Monchengladbach. Até o começo do ano  jogava na seleção que humilhou a seleção de Filipão com o placar acachapante de 7 a 1. Foi uma surpresa a sua não convocação para a Copa.  Segundo Alex Nascimento, que torce pela Alemanha, derna de menino, ainda aluno do Externato do Padre Eymar, o Max Kruse foi cortado da seleção depois de um amistoso contra a Inglaterra, em novembro do ano passado, em Londres. O jogador  teria levado a namorada para o quarto do hotel onde o time estava concentrado. Ele queria fazer mais dois gols.  O técnico Joachim Löw não perdoou a indisciplina (fora dos gramados) do jogador. Alex guarda um recorte do jornal Sport Bild que noticiou o fato.

Voltemos ao Alecrim de alemão Alexandre Kruse,  o primeiro técnico a atuar no nosso futebol,  Natal dos anos vinte. Tarcísio Medeiros, que além de historiador, professor de História em colégios e na UFRN, também foi instrutor de educação física e atleta (jogou futebol, vôlei e praticou remo e natação), conta em seu livro:

“Naqueles tempos, tudo era amadorismo. Não existia técnico, preparador físico, nem cuidados médicos aos atletas. Jogava-se o futebol na forma de ouvir dizer. Arrumado um campo por um diretor de clube mais fanático, esteve cuidava do material e do transporte dos jogadores para o local dos treinos e dos jogos oficiais, a base de desafios. O resto era bola para frente em busca do gol. Até que, por estas bandas, atracou o sargento da Marinha Alexandre Kruse.”

Mais adiante, Tarcísio Medeiros junta uma carta do historiador Gil Soares, seu primo, que colaborava com suas pesquisas sobre os esportes no Rio Grade do Norte.  A carta diz:

“Foi em 1923 que apareceu em Natal, com atuação completa e segura, o primeiro técnico de futebol, o Sargento Alexandre Kruse, encarregado da Estação Radiotelegráfica da Marinha, no Refoles. Organizava e treinava os quadros do Alecrim, naquele terreno em que viria a ser construída a Policlínica do bairro. E trazia-os ao Campo do Tirol, mais tarde Estádio Juvenal Lamartine, a fim de enfrentarem o ABC, o América e, na curta duração deste, o Esporte Clube de Natal.

Já naquele ano, conseguia o Alecrim ganhar o torneio-início do Campeonato. Todavia, o trabalho perseverante de Kruse veio a colher os grandes resultados no ano de 1925, quando tornou o quadro principal do Alecrim campeão da Cidade. O impacto foi tão grande, no meio esportivo, que nem houve a proclamação. A Liga nunca mais se reuniu…

Creio que, durante todo o período do amadorismo, Natal nunca viu quando mais homogêneo e poderoso como o do Alecrim de 1925. Este indicava a posição definitiva dos jogadores depois de observar bem as aptidões de cada um. Nôziinho (Pedro de Freitas Barros), irmão de Lula, desde pequeno era tido como melhor centro-avante, em todas as “peladas”. Kruse descobriu que ele daria, sim, excelente médio-direito. E foi aquele sucesso!

Também, mudando de posição, fez Azevedo (Sisudo), empregado da Usina do Oitizeiro, o melhor ponta-direita natalense, com aqueles “centros” famosos para as cabeçadas de João Sérgio Cordeiro (Alemão), sempre que este participava do ataque alecrinense, passando Gentil para a meia-esquerda”.

Um prazer ler as pesquisas do Professor Tarcísio Medeiros, de quem fui aluno de História Geral, bote tempo nisso. Ginásio 7 de Setembro, dirigido pelo Professor Antônio Fagundes, 1948/49. Saudades.

Vira-lata
A humilhante derrota da seleção brasileira também é mote na editoria política. Dora Kramer, nossa principal analista política, dedicou quase toda a sua coluna no Estadão de ontem  ao futebol, a Copa, o desastre do Brasil e arremata, na direção do tal legado:

– O grande legado da Copa não são os aeroportos modernos nem “arenas” ao molde de elefantes brancos. É, sim, a percepção de que nossos governantes podem, mas fazem porque tratam o Brasil como uma nação de vira-latas.

Cova da Onça
Mestre Gaspar fechou ontem as portas do Cova da Onça. Aliás, nem abriu. Mas deixou um aviso no vizinho que, na segunda-feira, 14, dia consagrado a São Camilo de Léllis e aniversario da Revolução Francesa, estará de volta ao balcão. Até lá curtirá o Tour de France pela televisão na sua casa de Serra de São Bento, temperatura ai entre 18 e 20 graus, lembrando de Zé Grilo. Futebol somente em setembro.

Chuva
No dia da derrota humilhante, a Emparn registou algumas chuvinhas pelos Agreste e Litoral: Monte Alegre, 16 milímetros, Nísia Floresta, 15, Bento Fernandes e Canguaretama, 12, São Paulo do Potengi, 11, Baía Formosa, 10,4, Maxaranguape, 9,5, João Câmara, 9,4, Bom Jesus, 8,7, Georgino Avelino, 7,8,  Boa Saúde e  Parnamirim, 6,8, Ielmo Marinho, 6,6, São Gonçalo do Amarante, 6,3 Vera Cruz, 6,2.

Política
Uma das chamadas da capa do Estadão:
“Após derrota na Copa, a presidente Dilma teme prejuízo na Economia e nas eleições”.

Lua
Nem tudo está perdido, sábado, depois de amanhã, 12, dia de se saber quem será o terceiro lugar da Copa e véspera de quem ganhará a Copa, é noite de lua cheia. Ela vai passear por cima do Maracanã.

Táticas e esquemas
A Alemanha provou que a seleção do Brasil jogou a Copa sem ataque, sem meio de campo e sem defesa. E sem técnico.

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