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Uma pena mesmo

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Marcos Lopes
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Nunca imaginei que mudanças dentro da estrutura de um clube de futebol fossem capazes de suscitar tanto choro e ranger de dentes como as que aconteceram no ABC, especialmente com a demissão do médico Roberto Vital, uma pessoa por quem sempre tive muita consideração e respeito, e continuo tendo, mas não a ponto de cegar diante de um fato normal no futebol e na relação de trabalho de qualquer empresa ou de qualquer clube. Ninguém discutiu – e nem poderia – discutir a idoneidade, o caráter, o conhecimento técnico de Roberto Vital, nada disso foi discutido ou questionado. O que houve e insisto, na minha visão, normal, foi que o clube, o ABC e a diretoria atual do clube, entendeu que depois do choque entre médico e superintendente de futebol e sem ter como conciliar a questão, o melhor para o clube seria a demissão do médico. O ABC não foi o primeiro e nem será o último clube que demite um profissional médico. É normal, é do jogo, um ciclo foi encerrado no começo de semana e a vida vai seguir para todos os envolvidos. Não consigo enxergar injustiça no que aconteceu. Eu, tú, ele, nós, vós, eles, todos que somos empregados, que não somos donos dos nossos cargos e postos estamos sujeitos a demissão. Ou não? O que confesso que ficou chato neste episódio todo, foram as demonstrações claras e explícitas de xenofobia, do tipo “não discuto com quem veio de fora” “o cara veio de fora e foi responsável pela demissão” ou “destratado por quem é fora” declarações assim, soaram mal na segunda-feira. Afloraram as emoções e foi-se embora a razão e de uma certa forma, algumas pessoas acabaram mostrando uma face cruel, a de praticantes de um mal que vem consumindo a humanidade faz tanto tempo, a maldita xenofobia, o medo, aversão ou profunda antipatia em relação aos estrangeiros, a desconfiança em relação a pessoas estranhas ao meio, a quem veio de fora. Pena!

Uma nova era
Gilmar Dal Pozzo, chegou e já está trabalhando o time do ABC para retomar o planejamento que foi traçado pela diretoria para o Brasileiro da Série B. Entendo que o ABC acertou na contratação do catarinense de 45 anos, e que conseguiu com as limitações e falta de estrutura levar a Chapecoense a dois acesso seguidos em duas campanhas que chamaram atenção. Não é o fato do cara ter trabalhado em poucos clubes que vai determinar a maior ou menor competência do profissional. O que já passou de profissional rodado e com quinhentos clubes na bagagem e que afundou por aqui é uma grandeza. Dal Pozzo tem como característica ser motivador, foi jogador de futebol – goleiro – fala a linguagem da boleirada e tem um trabalho de campo muito bom e uma visão tática consistente, sabendo armas times equilibrados.

Marketing em ação
Alan Oliveira volta ao marketing do ABC agora como Executivo da área que tem como vice-presidente o empresário Ricardo Rocha. Com Alan Oliveira e embalado pela campanha de 2010 que resultou no acesso para a Série B com a conquista de um título brasileiro, que o alvinegro viveu o melhor momento no marketing e no programa de sócio-torcedor. Quem também voltou ao clube, foi o conselheiro e jornalista Marcelo Abdon, que foi Diretor de Futebol tempos atrás e agora volta como vice-presidente de comunicação, duas áreas essenciais no futebol moderno e profissional.

Largou bem
O América começou bem o Brasileiro da Série C e não fosse a operação sem anestesia que o time de Roberto Fernandes sofreu em Marabá, estaria hoje com 100% de aproveitamento, mas ainda assim, a segunda colocação do grupo com quatro pontos é sim uma boa largada na difícil Terceirona. Penso que para esta primeira fase, para os primeiros dezoito jogos que irão apontar os quatro classificados de cada grupo para a segunda fase, o América tem time e um elenco que aguenta o tranco. Evidente que não fosse a dificuldade financeira, poderia reforçar já agora, mas a leitura que faço é que o clube tem que segurar e dar uma arrancada na segunda fase, a do temido mata-mata. Administrar nesta fase da competição é possível e não vejo como o time rubro ficar fora dos quatro classificados. O bicho pega mesmo é lá na frente, onde não pode errar e onde vai enfrentar adversários mais fortes.

Esfriar a cabeça
O quem tem chamado atenção é o número elevado de expulsões no América. O time de Roberto Fernandes não pode ser considerado como violento, mas está demonstrando uma instabilidade emocional que preocupa e que precisa ser contornada. Com limitações de elenco, sem poder contratar, esta série de expulsões pode complicar lá na frente. Tem que acalmar o elenco, esfriar a cabeça da moçada, especialmente dos mais jovens e afoitos, como o caso de Maguinho, o campeão em expulsões.

Desafio é fora de campo
O grande problema que Hermano Morais e os pares dele na diretoria estão enfrentando é para garantir a tranquilidade fora de campo, manter salários em dia e por extensão a união do grupo. Os caras assumiram com um rombo enorme no orçamento e não fosse a classificação para a terceira fase da Copa do Brasil e a cota de 560 mil, a coisa estaria complicada. Adaptar a realidade financeira fragilidade do clube com a necessidade de fazer uma campanha de acesso, não é tarefa fácil. O América precisa obrigatoriamente subir neste ano, do contrário o futuro ficará extremamente comprometido.

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