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Uma Rainha? Uma Coroa!

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Pe. Jailton da Silva Soares
Pároco da Paróquia de São João Batista – Pendências

Com saudade, os católicos do lado ocidental da Igreja vamos vendo o ocaso do mês de maio em que a imagem da Virgem Maria é coroada pelo povo de Deus que a reconhece, como Rainha do Céu e da Terra (cf Concílio Vaticano II – Lumen gentium, 59).

A beleza sempre dos anjinhos, das flores, dos fogos e dos cânticos que marcam o dia 31 de maio em nossos templos, não obstante à secularização atual, ainda enche os olhos dos que são sensíveis às coisas de Deus, que ele mesmo escolheu revelar aos pequeninos, conforme o dizer de Jesus (cf Mt 11,25).

A Sagrada Escritura (cf Lc 1,46-55), nos oferece o relato da visitação da Virgem Maria à sua prima Isabel; ali a Virgem prorrompe em louvor ao Deus que olhou para a sua humildade e a escolheu para realizar todas as esperanças do seu povo. Por causa desta escolha, todas as gerações chamar-lhe-ão bem-aventurada. Eis a razão primeira pela qual, da zona rural às cidades, elevar-se-ão justíssimos louvores à Virgem, através de todo este mês a ela dedicado.

Mas, que sentido guarda o belo gesto da coroação ao longo dos tempos? Desde os primeiros séculos, a poesia cristã, liturgia, o Magistério da Igreja e a arte testemunham que a Virgem Maria é Rainha! E, como a luz do dia vem do sol, a sua realeza vem da sua maternidade divina. Já na Anunciação o Arcanjo falava do reinado sem fim do menino que lhe nasceria por obra e graça do Espírito Santo (Lc 1, 33).  Para sentir dos fiéis, há uma lógica: rei o filho, rainha a mãe. Tal lógica também existe no Primeiro Testamento na tradição dos reis de Israel com as suas rainhas-mães (cf I Rs 2, 19).

Por que não haveria de ser rainha aquela que o próprio Deus elegeu para ser a mãe do “Rei dos reis e Senhor dos senhores”(cf Ap 19, 16)?

No encerramento do Ano Santo de 1954, decretado pelo Papa Pio XII, para celebrar o centenário da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, o Papa escreveu a encíclica “Ad caeli Reginam” sobre a realeza de Maria e instituiu para toda a Igreja a festa de Nossa Senhora Rainha. Escreveu Pio XII na mesma encíclica que “Maria é Rainha não só por ser a Mãe de Deus, mas também por ter sido associada, pela vontade de Deus, a Jesus Cristo na obra da salvação (…) sempre estreitissimamente unida ao Filho, ela o ofereceu no Calvário ao Eterno Pai, sacrificando seu amor de mãe em benefício de toda a humanidade. Por isso, assim como Jesus é Rei não só por ser o Filho de Deus, mas também por ser o nosso Redentor, assim se pode afirmar que Maria Santíssima é Rainha não só por ser a Mãe de Deus, mas também porque se associou a Cristo na redenção do gênero humano”.

Quando Pio XII instituiu a citada festa chamou a atenção para que se evitasse um possível mal entendido, que poderia também acontecer com o Reinado de Cristo. A realeza da Virgem não deve ser comparada com as realidades da vida política moderna. Conclui o Papa: “Longe de ser fundado sobre as exigências dos seus direitos e a vontade de altivo domínio, o reino de Maria conhece uma só aspiração: o dom completo de si na sua mais alta e total generosidade”, que indeclinavelmente assistiu a Cristo e de todo o seu mistério a fez primeira partícipe, experimentando das alegrias, da luz, das dores e das glórias. Afirmou São Paulo: “Se com ele sofremos, com ele reinaremos” (2Tm 2, 11). Estas palavras já se cumpriram em Nossa Senhora, mas um dia se cumprirão em nós, que somos a igreja que Jesus amou e se entregou por ela (cf Ef 5, 25), a fim de plenificá-la na participação da sua glória. Porém, enquanto vivemos o “ainda não” coroaremos a Virgem reconhecendo que sua realeza é o penhor de tudo o que esperamos.  

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