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Uma terra sem palco

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Yuno Silva
Repórter

Apenas três casas de espetáculos, com características de teatro propriamente ditas, estão funcionando no Rio Grande do Norte: a Casa da Ribeira e o Teatro Riachuelo, em Natal, e o municipal Dix-Huit Rosado em Mossoró. O restante ou estão interditados por falta de segurança, caso dos teatros Alberto Maranhão, de Cultura Popular (TCP) e Sandoval Wanderley na capital, e Adjuto Dias em Caicó; aguardam reforma como o Lauro Monte Filho em Mossoró; ou ainda não foram concluídos como o do Departamento de Artes da UFRN. Outros espaços, apesar de não estarem cem por cento fechados, possuem limitações técnicas como o teatro da UERN na zona Norte; e o Cine-Teatro Municipal de Parnamirim, que está com programação teatral interrompida devido a falta de equipamentos.
A Casa da Ribeira é um dos dois únicos teatros em Natal com documentação regular e funcionando. A diretoria do teatro disse estar aberta a convênios
A opção para espetáculos de pequeno porte, em Natal, é a Casa da Ribeira. Com 164 lugares, o teatro está com a documentação em dia e possui todo o suporte necessário de som, luz e técnicos.

Em 2013, após a tragédia na Boate Kiss (Santa Maria, RS) que matou 242 pessoas, o Corpo de Bombeiros do RN passou a fiscalizar de maneira ostensiva a questão de segurança. Henrique Fontes, diretor da Casa, lembra que a equipe trabalhou quatro meses para atender todas as exigências dos Bombeiros: foram trocados o corrimão da escada, piso e carpete, as portas passaram a abrir para fora, e quantidade extintores foi triplicada.

“Tivemos sim um aumento na procura por pautas na Casa da Ribeira. A Domínio Cia de Dança, inclusive, que iria se apresentar no TAM sexta-feira passada (dia 17), transferiu a apresentação em cima da hora. Mas vamos iniciar as temporadas do projeto Cena Jovem esta semana, que vai ocupar o teatro de quinta a domingo até novembro”, disse Fontes. Ele destacou que a direção da Casa está aberta a parcerias e convênios, e que estuda a possibilidade de subsidiar pautas quando a produção é do próprio artista. O valor cheio para ocupar o teatro da Casa da Ribeira é de R$ 1.580 (casadaribeira.com.br).

“Até o momento ninguém do poder público nos procurou para parcerias”, assinalou o ator e diretor que estreia o espetáculo “Por que Paris?” na quinta dia 16.

Com a falta de espaços para eventos de médio porte, a alternativa para produções maiores é o Teatro Riachuelo. A questão é que lá o custo da pauta (média de R$ 10 mil) inviabiliza iniciativas que antes movimentavam o Teatro Alberto Maranhão, com valores de até R$ 1 mil. O Riachuelo acomoda 1.518 pessoas no formato plateia, 1985 no formato pista, enquanto o TAM centenário têm 660 lugares, Apesar de moderno e possuir boca de cena que varia entre 18 e 32 metros, os 6,70 metros de altura do Teatro Riachuelo o impede de ter urdimento superior fazendo com que toda movimentação de cenários seja feita lateralmente.

Em Mossoró, o Teatro Dix-Huit Rosado, construído em 2003 com investimentos de R$ 6 milhões da prefeitura e Petrobras, também está funcionando. Possui 740 lugares (600 na plateia, 68 nos camarotes (1° andar), 64 nas galerias (2° andar) e 8 para pessoas com necessidades especiais). O teatro é, segundo técnicos do setor,  bem estruturado para espetáculos de dramaturgia.

Licitação em andamento
“Aqui em Parnamirim é questão de tempo. A licitação para compra de equipamentos de iluminação está na reta final, estamos definindo marcas e modelos e acredito que até final de setembro estaremos com tudo instalado”, adiantou Haroldo Gomes, presidente da Fundação Parnamirim de Cultura, instituição que responde pelo Cine-Teatro. Ele disse que a procura por pautas na agenda aumentou nas últimas semanas devido o fechamento do TAM. A produtora e diretora Diana Fontes, por exemplo, entrou em contato querendo espaço para abrigar atividades do Encontro de Dança que acontece agora em agosto. “Temos uma sala grande de balé que pode servir. Têm muita gente querendo reservar datas, mas decidimos marcar só depois que tivermos essa estrutura pronta. Inclusive vamos conversar com o prefeito Maurício Marques para ver a melhor forma de absorver essa programação”.

A falta de segurança verificada nos teatros mantidos pelo poder público é contagiosa: desde 2008 que as casas de espetáculos, uma a uma, fecham suas portas para o público. O principal motivo é a ausência de um projeto de combate a incêndio, que inclui medidas básicas de prevenção como saídas de emergência adequadas, extintores suficientes e bem distribuídos e planos anti-pânico.

Problemas que somados a carência de manutenção na estrutura física resultam na suspensão das atividades. Foi assim com o Teatro Alberto Maranhão, interditado semana passada por decisão judicial; e com o Teatro de Cultura Popular (TCP), fechado pela Defesa Civil e Vigilância Sanitária no mês de junho – ambos são vinculados ao Governo do RN. Isso para citar apenas os casos mais recentes.

Outros dois que também estão desativados e sob a guarda do Governo (leia-se Fundação José Augusto) são o Teatro Lauro Monte Filho, em Mossoró, fechado para reforma (orçada em R$ 2,6 milhões) desde 2008; e o Centro Cultural Adjuto Dias, em Caicó, desativado em 2009 passou por reforma que custou de quase R$ 900 mil, foi reaberto em abril de 2014 e voltou a fechar por que o serviço não contemplou questões de segurança.

“A reforma do Lauro Monte Filho está parada, foram gastos cerca de R$ 400 mil. Precisamos fazer um destrato para abrir uma nova licitação desses R$ 2,6 milhões via RN Sustentável”, disse Rodrigo Bico, presidente da Fundação José Augusto. “Quero aproveitar esse momento para articular com o Gabinete Civil um pacote com a reabertura dos teatros”, planeja.

RAIO-X dos teatros fechados:

– TAM, Natal: construção concluída em 1904, a mais antiga casa de espetáculos do RN tem 660 lugares e foi fechada devido problemas elétricos e falta de projeto de combate a incêndio. Sem previsão de reabertura

– Sandoval Wanderley, em Natal: fechado em 2009 por falta de saída de emergência e acessibilidade, o TSW já teve projeto de reforma aprovado pelo MinC, mas a proposta que prescreveu.  A Prefeitura tenta emplacar novo projeto de R$ 1.2 milhões

–  Teatro Adjuto Dias, em Caicó: fechado desde 2009, foi reaberto em abril de 2014 e fechado novamente por falta de projeto contra incêndio. Possui 439 lugares, palco com 15 metros boca de cena, 13 de profundidade e 6 metros de altura

– Teatro Lauro Monte Filho, em Mossoró: fechado desde 2008 para reforma, aguarda nova licitação no valor de R$ 2,6 milhões. Tem capacidade para 550 pessoas

– Cine Teatro de Parnamirim  Integra um complexo cultural e foi inaugurado em 2014. Está parcialmente fechado para conclusão da licitação que irá equipar o espaço com iluminação específica

– Teatro do Deart/UFRN: de formato multiuso, começou a ser construído em 2009 e já consumiu R$ 1,8 milhão de recursos federais. Precisa de pelo menos mais 2,5 milhões para ser equipado e começar a funcionar

– Teatro de Cultura Popular, em Natal: inaugurado em 5 de agosto de 2005, o TCP tem 182 poltronas. A interdição foi motivada por problemas no sistema elétrico e saída de emergência.

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