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Velhas Sensações

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João Mariana Sepúlveda – Cardiogeriatra

Olhe para as árvores e veja somente o marrom; nem o verde das folhas ou o vermelho e amarelo das flores! Respire fundo e sinta que o odor está no ar mas você não consegue saber qual é! Escute uma música e perca a conclusão da estrofe do verso. Quanta frustração! Pegue um cristal e deixe cair, pela perda da sensibilidade na ponta dos dedos! Coma uma cereja e sinta o sabor  ocre das cinzas! Assim evoluem os mais velhos nos quesitos sensoriais!

Os sentidos dos idosos reduzem gradual e inexoravelmente com o processo de envelhecimento, visão, audição, olfato, paladar e tato sofrem com as micro-lesões neurológicas, vasculares e oxidativas, modificando totalmente a relação do idoso na sua rotina diária!

A visão inicia seu declínio a partir dos 40 anos até os 60, com redução gradual da acomodação devido ao endurecimento do núcleo do cristalino e a atrofia do músculo ciliar. O envelhecimento reduz a quantidade de luz que penetra no olho, devido a maior absorção desta por parte do cristalino, córnea e humor vítreo. As pupilas já não se dilatam plenamente, reduzindo assim a quantidade incidente sobre a retina, diminuindo a acuidade visual do ancião!

As doenças mais comuns devido o envelhecimento oftalmológico são a catarata, a degeneração macular senil, o glaucoma de ângulo aberto, as retinopatias diabéticas e hipertensivas!

A regular visita ao oftalmologista ajuda na prevenção e tratamento das deficiências em curso!

O paladar  também sofre o efeito deletério do tempo: ageusia que é a perda do paladar, ou disgeusia que é a perversão do paladar, com mau gosto na boca. Pode ser de origem oral ou central. Faça o teste e mande lavar a boca, se for de origem oral o gosto melhora, mesmo que por curtos períodos; se não se altera, ou piora, possivelmente a alteração é do sistema nervoso central!

Causas mais comuns de alterações no paladar podem estar ligados ao uso de drogas, carências de zinco ou vitaminas, diabetes, depressão, traumas cranianos, infecções respiratórias ou otológicas, doenças hepáticas, renais ou tireoidianas, do sistema nervoso central, lesões hipofisárias  e cânceres!

As alterações no tempero dos alimentos podem ajudar no estímulo do consumo por parte dos gerontes acometidos, porém o cuidado com o uso excessivo de sal se faz necessário!

O olfato muito se assemelha ao paladar e sua redução ou modificação podem ter causas similares, e afetam e interferem diretamente no apetite e na nutrição dos mais velhos. A  anosmia, que é a perda do olfato, e a parosmia, que é a perversão dos cheiros! Sente-se cheiros que na verdade não são reais, tipo comida queimada, cheiro de borracha, naquilo que encontra-se normal! Isto pode trazer consequências graves, pois o idoso pode não identificar um alimento impróprio ao consumo, ou não sentir o cheiro de um vazamento de gás! O uso de drogas terapêuticas, e todas as causas da perda de paladar, além das doenças de Alzheimer e Parkinson são as da perda do olfato! 

O tato entre as alterações sensoriais também se reduz devido a déficits vasculares periféricos, onde não se consegue plenitude de oxigenação, a redução de receptores periféricos perdidos para a idade, diabetes, hipertensão, e lesões neurológicas, diminuem a sensibilidade à vibração, o equilíbrio,  e o tato propriamente dito! A atividade física sequenciada, e as fisioterapias, assim como as terapias ocupacionais parecem trazer benefícios interessantes!

A audição talvez seja a perda mais incidente e recorrente na terceira idade. Quem não associa o idoso à surdez é porque não convive com eles! A perda auditiva é prevalente em cerca de 40% dos indivíduos acima dos 60 anos.

A causa mais comum é a presbiacusia, que é a dificuldade de identificar sons com alta freqüência, dificultando a audição de conversas e isolando o geronte! Pode ocorrer com este paciente o fenômeno de recrutamento, que é a exacerbação de determinados sons em seu volume.

Deve-se tentar auferir toda a extensão da perda, e saber do paciente o impacto dela em seu dia a dia, para se determinar o tipo de estratégia do tratamento, ou uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares. A fonoaudiologia tem atuação marcante no auxílio ao deficiente auditivo.

O que importa mesmo é ter atenção e valorizar as perdas sensoriais do idoso em seu início, tentando reduzir suas sequelas!            

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Notícia comentada:

Hormônios  Bioidênticos, nova proposta de reposição, menos agressiva ao organismo devido a forma de produção do produto que como diz o nome tem semelhança absoluta ao hormônio natural. Preconiza ainda a utilização do hormônio do crescimento recombinante, dos ácidos omegas 3, 6 e 9, e a melatonina, precursor do GH durante a noite, e que melhora naturalmente o sono. A idéia não é nova, mas se adapta a teoria hormonal do envelhecimento, que prevê reduções com o avançar da idade! Porem como toda e qualquer terapia de reposição, modulação de hormônios, requerem extremos cuidados em seu controle!

Parágrafo do leitor      

Pergunta: O médico pneumologista disse que meu pai está com DPOC! Que doença é esta? Resposta: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, junte as iniciais e terá o significado que abrange, a asma, bronquite, enfisema, tosse do cigarro, gripe que não cura… etc , e uma série de sintomas onde o pulmão tem sua capacidade de expansão e relaxamento prejudicadas. Como os sintomas de falta de ar, cansaço, infecções de repetição, são similares a todas estas condições resolveu-se chamar de DPOC, que atualmente, segundo novo consenso, é uma doença respiratória crônica passível de prevenção e tratamento! Não mais aquela que não tem jeito. 

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