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Vende-se uma ideia! Banda Andróide sem Par aposta no financiamento coletivo para gravar CD

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Yuno Silva – repórter

É bem provável que o termo em inglês ‘crowd funding’ não remeta a nenhuma lembrança imediata nem esteja associada a qualquer atividade corriqueira – na verdade a expressão pode ser totalmente desconhecida para o leitor incauto e não há problema nenhum nisso! O ‘negócio’ é novo (tem pouco mais de três anos), funciona na internet e está vinculado ao financiamento coletivo de projetos, principalmente, culturais: um disco, um filme, uma revista, uma turnê, a montagem de um espetáculo ou qualquer outra iniciativa no mundo real que possa contar com a colaboração de anônimos de forma virtual.
A banda Androide Sem Par, de Natal, publica quanto já faturou pela internet.
Em português a expressão pode ser traduzida como ‘financiamento público’ ou ‘angariação coletiva de fundos’, e a banda pop natalense Andróide sem Par é a primeira no Rio Grande do Norte a tentar viabilizar um projeto através deste tipo de negócio (no sentido literal da palavra) na página eletrônica catarse.me, pioneira do gênero no Brasil. “É uma ótima maneira de interagir com o público, bem íntima e sincera de divulgar um trabalho”, acredita Juão Nin, vocalista e compositor da Andróide. A proposta deles é simples: a banda precisa arrecadar R$ 3 mil para gravar o primeiro CD, sugestivamente batizado de “Grave”, em um prazo máximo de 60 dias.

A proposta do grupo é simples: eles precisam arrecadar R$ 3 mil para gravar o primeiro CD, sugestivamente batizado de “Grave”, em um prazo máximo de 60 dias. “Esse valor é praticamente o preço de custo da gravação”, garante. Mas vale salientar que a palavra ‘simples’ da frase anterior não significa ‘fácil’, e até ontem, faltando 17 dias para encerrar o período de arrecadação (até 15 de julho), a banda contabilizava 29 apoiadores que juntos somavam R$ 1.085. “Nossa intenção é registrar 10 faixas, e lançar um disco com direito a encarte contendo letras e cifras”.

A colaboração mínima é de R$ 1, mas a partir de R$ 20 o apoiador terá seu nome inserido nos agradecimentos e a partir de 50 também leva uma cópia do CD – dependendo da faixa de ajuda, o colaborador pode ganhar ingressos para ver o show de lançamento, camisetas, adesivos e postais, DVD com o show gravado ou mesmo um show particular da banda. “Vale qualquer valor a partir de R$ 1, inclusive temos planos especiais para empresas que estiverem interessadas em contribuir”, informa Juão Nin.

As doações podem ser feitas via cartão de crédito, débito em conta ou boleto bancário, e se o valor mínimo para viabilizar o projeto não for alcançada no prazo estipulado o dinheiro é devolvido (integralmente dependendo da forma de pagamento). “É uma forma interessante de não depender de editais nem de leis de incentivos. Com esse formato colaborativo cria-se uma relação de cumplicidade entre quem produz e quem consome”, acredita.

SERVIÇO

Gravação do CD de estreia da banda Androide sem Par. Colaborações através da página eletrônica http://catarse.me/pt/projects/688-gravacao-do-1-cd-do-androide-sem-par-grave . Show dia 8 de julho, às 19h, no Cultura Clube – ingressos R$ 10. Informações: (84) 8807-0490

HQ COLABORATIVA

O esquema de buscar financiamento coletivo também está presente em outras áreas como as HQs. Milena Azevedo, historiadora potiguar e roteirista de quadrinhos, lembra que a revista “Achados e Perdidos”, de Minas Gerais, teve lançamento ocorrido em novembro do ano passado financiado através do mesmo sistema. “Os autores (Eduardo Damasceno, Luís Felipe Garrocho e Bruno Ito) conseguiram angariar mais dinheiro do que precisavam”, contou Milena.

Milena Azevedo: Autores consagrados conseguiram angariar mais dinheiro do que precisavamO quadrinista Rafael Coutinho, filho de Laerte, também está pleiteando um segundo número para “Beijo Adolescente” com apoio do financiamento público. “É uma alternativa para viabilizar lançamentos que se comunica direto com o público consumidor, e a possibilidade de êxito aumenta bastante se há trabalhos anteriores para serem mostrados. Os norte-americanos estão fazendo muito isso”, disse a quadrinista.

A própria Milena Azevedo também não descarta lançar um projeto viabilizado pelas colaborações coletivas. “Enviei a proposta da HQ ‘Visualizando Citações’ para uma editora de São Paulo, e estou aguardando resposta. Conforme for, lanço proposta para arrecadar recursos”, planeja.  Como o próprio nome diz, o projeto desconstrói frases ou citações de clássicos da literatura mundial e transforma em quadrinhos de até três páginas – o projeto tem periodicidade bimestral.

A roteirista conta com a colaboração de quadrinistas de várias partes do Brasil, e o primeiro número com cinco histórias já está disponível na página eletrônica provc.blogspot.com.

MUDANÇA DE PERFIL

Graduado em Teatro pelo Departamento de Artes da UFRN, Juão Nin é o que pode chamar de artista polivalente. Interessado em artes cênicas e música, participou do grupo performático Disfunctorium durante o curso universitário, e é vocalista da banda de rock AK47, que chegou a se apresentar nos festivais Mada e DoSol e fez shows na Suíça em 2010. Também mantém projetos paralelos como a performance “Não pise na dama”, apresentada em Natal e em São Paulo, e a montagem músico-teatral-de-terror “Um pouco de inferno”, vista na capital potiguar e em Belo Horizonte.

Juão Nin: A colaboração pode ser de qualquer valor, mas a partir de R$ 20 o apoiador ganha crédito nos agradecimentosRadical na atitude roqueira e bastante ligada à estética e performance de palco, a AK47 está em coma no momento e é totalmente diferente da banda Andróide sem Par (nome, inclusive, inspirado em uma música do Cazuza. “Lançamos um EP da AK47 com cinco faixas músicas e em breve vamos decidir se ela morre de vez ou volta. O fato é que fizemos bons contatos na Europa e há possibilidades de voltar a fazer novos shows por lá”.

Já a Andróide segue no sentido oposto, e investe em um perfil mais melódico e tranquilo. “As músicas trabalham mais a poética das palavras, as letras são mais biográficas e as pessoas se identificam mais por falar sobre amor, solidão, saudade. Ela é mais texto-cêntrica”, avalia. A banda surgiu na internet no final de 2009, distribuindo vídeos caseiros com imagens de ensaios, até fazer o primeiro show acústico em Nalva Melo Café Salão.

Ainda sem formação definida – a base é composta por duas guitarras, voz, baixo e bateria, mas pode ser turbinada por trompete e teclado – a banda acumula participação na etapa Música Contemporânea do Festival DoSol 2011 e apresentação durante o Festival Literário Alternativo da Pipa (Flipaut) ano passado.

No próximo dia 8 de julho, no Cultura Clube, Ribeira, ao lado da Tesla Orquestra e do cantor e compositor Luiz Gadelha, que divulga o CD recém-lançado “Suculento” e é parceiro de Juão Nin em algumas composições, a Andróide sem Par apresenta o show “Grave” como forma de potencializar a gravação do disco. “Durante nossos shows passamos um cofrinho para possíveis colaborações”, adiantou o cantor.

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