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Via Costeira: sucessão de mal-entendidos

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Arquiteto Orlando Busarello veio a Natal a convite dos empresáriosUma sucessão de mal-entendidos que vem se prolongando por 34 anos. Esse é o resumo das conclusões apresentadas pelo arquiteto curitibano  Orlando Busarello ao analisar, a pedido de empresários da área de hotelaria, a implantação, as mudanças e as possibilidades futuras do projeto da Via Costeira. Busarello fez parte da equipe do escritório Luís Forte Netto, responsável pela concepção da Via Costeira em 1978. Ele esteve em Natal para visitar a área e se encontrar com vários segmentos envolvidos na atual polêmica sobre a liberação de novos empreendimentos.

Para Busarello, o próprio poder público, a população e os empresários do setor hoteleiro “não conseguiram compreender e planejar o espaço da Via Costeira”. “Cada governante que entrava fazia uma coisa diferente”, complementou ele, ontem pela manhã, ao final de uma reunião com técnicos do Ibama.

Essa não foi a primeira visita dele a Natal, após o início da implantação do projeto em 1978, mas do que viu antes e pode constatar agora, ele conclui que no decorrer de 34 anos a Via Costeira passou por três fases distintas, incluindo duas modificações ao projeto original. Busarello ainda disse que a retomada do projeto da Via Costeira não é só questão de quantidade, mas também de qualidade, e de convivência entre os nativos, o turista e o negócio da hotelaria, como previa o projeto de 1978, que tinha um víeis também conservacionista e social de geração de emprego e renda: “O projeto servia para isso, não era só um enfeite ou maquiagem”.

O arquiteto ainda fez referência a Ariano Suassuna, quando dizia que quem “fala de sua aldeia fala para o mundo”. E segundo Busarello, é isso que está faltando à Via Costeira para voltar a ser um destino turístico importante: “A alma do lugar faz a diferença”. Ele lembrou, por exemplo, que no projeto original da Via Costeira havia a previsão de construção de um hotel pela Ecocil, de arquitetura linear, vizinho aonde hoje está o Imirá Plaza Hotel que traduzia “um pouco do vernáculo arquitetônico” do Rio Grande do Norte, com o telhado “tendo a cara dos engenhos de açúcar e fazendas” da região Nordeste.

A superintendente regional do Patrimônio da União, Yeda Cunha Pereiral, levantou a questão de que, realmente, a Via Costeira não pode ser “só um dormitório”, como também admitem os empresários, mas ela afirmou que algumas coisas têm de ser definidas, como a abertura dos 13 acessos para a praia, conforme decisão judicial já transitada em julgada, mas que até hoje o  governo estadual não o fez: “O Ministério Público está pressionando e a gente pode ser responsabilizada por prevaricação”, afirmou ela.

Dono do Natal Mar Hotel, o empresário Ramzi Elali afirmou que todos, agora, “estão aprendendo a falar em conjunto”, daí a decisão dos hoteleiros de trazerem Orlando Busarello para discutir, com todas as partes interessadas, uma quarta proposta para a revitalização da Via Costeira. O presidente do Polo Turístico da Via Costeira, Luiz Sérgio Barreto, disse que atualmente existem dez hotéis em funcionamento na Via Costeira, além do Hotel BRA que teve sua construção suspensa em função de embargo administrativo do município.

Segundo Luiz Sergio, caso seja revogada ou flexibilizada a proibição de construção de novos hotéis – pois como se trata de uma Área de Proteção Permanente (APP), a legislação só permite obras de cunho social -, outros 16 poderão ser construídos ao longo dos 12,5 quilômetros de praia que margeiam a Via Costeira.

Como algumas áreas são pequenas, alguns projetos precisam ser revistos, mas Barreto confirmou que “só seis empreendimentos hoje contam com projetos”.   Ele ainda teria uma reunião, à tarde, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

“Esse é o caminho que deveria ter sido seguido”, resumiu o superintendente regional do Ibama, Alvamar Costa de Queiroz. “É importante saber o que existia antes e o que foi projetado”. Alvamar Queiroz apoiou, logo após o encerramento da reunião a preocupação dos técnicos da instituição de que  “não é porque a Copa do Mundo está ai”, que as coisas par a Via Costeira “devem ser executadas sobre pressão e sem respeito às leis ambientais”.

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