A partir do próximo dia 2 de maio, a zona Norte de Natal receberá o projeto piloto da “Ronda Cidadã”. O reforço na estrutura e uma nova filosofia de trabalho faz o subcomandante da região, major Kennedy Nunes, ser otimista: “A estrutura está sendo revigorada e, com a nova forma de realizar a ronda, acredito que seja possível até mesmo zerar as ocorrências de crimes mais graves na região”. O projeto foi idealizado a partir do que é feito na cidade de Fortaleza (CE).
Na primeira fase, serão escolhidos os policiais; depois, haverá a capacitação e, em seguida, a implantação efetiva. O primeiro bairro de Natal a ser beneficiado será o de Nossa Senhora da Apresentação, onde serão instaladas bases em Jardim Progresso, Planície das Mangueiras e Parque dos Coqueiros. Cada base contará com seis policiais militares, uma viatura e duas motocicletas.
A principal meta da Ronda Cidadã é agir preventivamente, dentro da filosofia da Polícia Comunitária. Segundo o major Kennedy o subcomandante do 4º Batalhão da PM – responsável pelo patrulhamento da zona Norte -, ainda há perspectiva de crescimento. “A ideia é também reunir a Guarda Municipal e a Polícia Civil em uma base integrada de segurança na comunidade”, afirmou.
planejamentos
Ele esclareceu que também entrará em vigor o Grupo de Patrulhamento Inteligente (GPI) e explicou a iniciativa: “Uma van sairá pelas comunidades com 10 policiais – um sargento e nove praças. Eles percorrerão as ruas a pé e conversarão com os moradores para entenderem a demanda do local e a partir daí fazer planejamentos”.
Enquanto isso, comerciantes tentam se proteger da criminalidade. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu as ruas de Nossa Senhora da Apresentação, bairro que receberá o projeto piloto do “Ronda Cidadã”, na manhã de ontem. O maior bairro da cidade, em extensão territorial, também tem o mais alto índice de criminalidade, expressa em diversas modalidades, como homicídios e assaltos.
Os comerciantes da região tentam se proteger da maneira que podem dos recorrentes casos de violência e furtos nas comunidades. O conjunto Vale Dourado transformou-se no “Vale da Morte”, na pichação de um portão metálico em um dos estabelecimentos da região.
Foi em frente a esse portão que o jovem Paolo Iasly Leandro da Silva Capistrano, de 16 anos, foi assassinado a tiros no dia 7 de janeiro deste ano. Dois homens, que o abordaram em uma moto preta e efetuaram os disparos, não foram capturados ou identificados. Paolo deixou a noiva, de 17 anos, grávida de seis meses, à época.
Na avenida Boa Sorte, em frente ao local do homicídio do jovem, está a loja de variedades de Alberto Targino. O comerciante instalou um circuito de câmeras de segurança no início do ano e espera intimidar os criminosos. “Vou botar também uma televisão ali, para quando o pessoal entrar ter logo o impacto que está sendo filmado”, contou.
O sistema custou R$ 2 mil e veio para tentar impedir que roubos se repitam no local. Na mesma avenida, mas já no loteamento Jardim Progresso, o comerciante José Clemilson também tenta se proteger. Seu estabelecimento é cercado de grades, que não abrem para a entrada do consumidor nem na hora do compra.
“Pretendo aumentar o comércio. Mas as grades não vão sair daqui. Vagabundo anda solto e a gente tem que estar ‘atrás das grades’”, disse José, enquanto esclarecia que nunca havia sido assaltado, mas os dois estabelecimentos vizinhos à sua loja foram alvo de bandidos.
