Quem nunca reclamou ou ouviu alguém reclamar que a Língua Portuguesa é difícil, que não consegue aprender, são muitas regras… Mas, por que é tão difícil dominar o Português? Para alguns especialistas é a proximidade com a Língua Portuguesa que não nos deixa perceber os detalhes dela, as minúcias, as ‘pegadinhas’. Que é o que geralmente cai no vestibular. O TN Vestibular pesquisou algumas regrinhas da Língua Portuguesa para ajudar os vestibulandos a se dar bem na hora da prova.
Ortografia, cujo significado é escrever direito, é um dos assuntos mais temidos pelos jovens estudantes em virtude do número de regras existentes. É difícil memorizar a todas, pois não leem muito e nem possuem o hábito de escrever. Dois dos principais segredos para aprender a escrever as palavras adequadamente.
Quem tem o hábito de realizar boas leituras e de escrever, ao menos um texto por semana, aprende com mais facilidade a arte de escrever corretamente. E se aliar a isso consultas constantes a dicionários de boa qualidade, fica bem melhor
A intenção é apresentar algumas dicas que ajudam a memorizar regras de ortografia. Como o uso do Ç, do acento grave, entre outros.
Uso do Ç
1- Usa-se Ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em -TO, -TOR e -TIVO. Canto – canção; Ereto – ereção; Conjunto – conjunção; Infrator – infração; Setor – seção; Condutor – condução; Relativo – relação
2- Usa-se Ç em substantivos terminados em -TENÇÃO derivados de verbos terminados em -TER:
Conter – contenção
Manter – manutenção
Reter – retenção
Deter – detenção
3- Usa-se Ç em verbos terminados em -ÇAR cujo substantivo equivalente seja terminado em -CE ou em -ÇO:Lance – lançarDesenlace – desenlaçarAbraço – abraçarEndereço – endereçarAlmoço – almoçarUma palavra da frase apresentada obedece a essa regra: Alcance – alcançar4- Usa-se Ç em substantivos terminados em -ÇÃO derivados de verbos de que se retirou a letra R:Exportar – exportaçãoAbdicar – abdicaçãoAbreviar – abreviaçãoUma palavra da frase apresentada obedece a essa regra:Educar – educação.
CRASE
A palavra crase é de origem grega e significa fusão, mistura. Em gramática, basicamente a crase se refere à fusão da preposição ‘a’ com o artigo feminino ‘a’. A ocorrência de crase é marcada com o acento grave (`).
Veja a frase: Vou à escola. O verbo ‘ir’ rege a preposição ‘a’, que se funde com o artigo exigido pelo substantivo feminino ‘escola’: Vou à (a+a) escola. A troca da palavra escola por um substantivo masculino equivalente comprova a existência de preposição e artigo, por exemplo: Vou ao (a+o) colégio.
No caso de ir a algum lugar e voltar de algum lugar, usa-se crase quando: “Vou à Bolívia. Volto da Bolívia”. Não se usa crase quando: “Vou a São Paulo. Volto de São Paulo”. Os professores criaram até uma frase para ajudar na memorização: “Se você vai a e volta da, crase há. Se você vai a e volta de, crase para quê?”.
É erro colocar acento grave antes de palavras que não admitam o artigo feminino ‘’, como verbos, a maior parte dos pronomes e as palavras masculinas.
Uso do POR QUE
1- Por que (separado, sem acento)
Utiliza-se nas interrogativas, sejam diretas ou indiretas. É um advérbio interrogativo. Exemplos: Por que ele foi embora? (interrogativa direta). Queremos saber por que ele foi embora. (interrogativa indireta)
Uma dica é colocar a palavra “motivo” ou “razão” depois de “por que”. Se der certo, escreva separado, sem acento. Exemplo: Queremos saber por que motivo ele foi embora.
2- Porque (junto, sem acento)
Estabelece uma causa. É uma conjunção subordinativa causal, ou coordenativa explicativa. Exemplos: Ele foi embora porque cansou daqui. Não vá porque você é útil aqui.
Para saber se dá certo usar o ‘porque’, substitua-o por “pois”. Exemplo:Ele foi embora pois se cansou daqui.
Também utiliza-se ‘porque’ com o sentido de ‘para que’, introduzindo uma finalidade: Ele mentiu porque o deixassem sossegado.
3-Por quê (separado, com acento)
Usado em final de frase ou quando a expressão estiver isolada. Exemplos:Ele foi embora por quê?Você é a favor ou contra? Por quê?
4-Porquê (junto, com acento)
Equivalendo a causa, motivo, razão, ‘porquê’ é um substantivo. Neste caso ele é precedido pelo artigo o. Exemplo:Não quero saber o porquê de sua recusa.Dica: Substitua ‘porquê’ por ‘motivo’. Exemplo: Não quero saber o motivo de sua recusa.
As regras para a concordância
Concordância Nominal
A concordância nominal é assim chamada porque estabelece uma relação morfológica entre elementos tradicionalmente chamados ‘nomes’.
Podem-se distinguir dois tipos de concordância nominal: a concordância entre termos do Sintagma Nominal (um sintagma nominal é um grupo de signos linguísticos que tem como base ou núcleo um substantivo ou termo equivalente) e a concordância de um termo oracional com o sujeito ou o objeto direto.
Nesses dois casos, o fenômeno tem a ver com os traços de gênero e de número de certos constituintes, que precisariam harmonizar-se com os traços correspondentes de um constituinte considerado central.
I-Concordância do adjetivo com o substantivo
Regra geral: o adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo. 1. Adjetivo posposto a dois ou mais substantivos: a) o adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo se apenas a ele se refere. Exemplo: Lá estava o cavalo e a casa DESTELHADA. b) irá para o plural se sua referência se estender a todos; se todos os substantivos são do mesmo gênero, este será conservado. Exemplo: Aquele foi um beijo e um abraço DEMORADOS.
Vale lembrar que se os gêneros são diferentes, o adjetivo receberá flexão masculina: Mulher e marido BRIGUENTOS devem ter paciência.c) o adjetivo concorda em gênero e número com o mais próximo: – quando os substantivos são sinônimos entre si: O furor e a raiva HUMANA podem matar. – quando os substantivos se alinham em gradação: A inteligência, o esforço, a dedicação EXTRAORDINÁRIA venceu tudo. 2. Adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos: a) quase sempre concorda com o substantivo mais próximo em gênero e número: Escolheste MAU lugar e hora para falar no assunto. b) se o adjetivo estiver anteposto a nomes próprios de pessoas ou a títulos, deverá ir para o plural: Muito nos ensinaram os GRANDES Machado de Assis e José de Alencar.
II- Casos especiais
1. ANEXO – INCLUSO – LESO – MESMO – PRÓPRIO – QUITE – OBRIGADO- Concordam com o substantivo a que se referem:
ANEXO: é adjetivo e, em consequência, concorda com o substantivo a que se relaciona em gênero e número. Exemplos: “… foi professor de Gramática, Geografia e História na escola ANEXA à militar.” (Fausto Barreto)No processo de compra, não estavam ANEXOS os orçamentos.
INCLUSO: vale a mesma observação a respeito de anexo. Exemplos:Remeto a V.S.as., INCLUSA nesta pasta, uma fotocópia do recibo.Remeto a V.S.as. o recibo INCLUSO nesta pasta.
LESO: é adjetivo e, como tal, flexiona-se. Exemplos: Cometeu crime de LESO-patriotismo.Ajudar esses espiões seria crime de LESA-pátria.
MESMO: a) como adjetivo é variável e equivale a idêntico, igual, análogo. Exemplos:”Os fantasmas não fumam, porque poderiam fumar a si MESMOS.” (Mário Quintana).” (Paulo Mendes Campos)”Percorrera aquela MESMA senda, aspirava aquele MESMO vapor que baixava denso do céu verde.” (L.F. Telles)b) Como advérbio é invariável e corresponde a justamente, exatamente, ou ainda, até. Exemplos: “Você esperneia, revolta-se – adianta? MESMO sua revolta foi protocolada.” (C.D.A.)”Livro raro, MESMO, é aquele que foi emprestado e foi devolvido.” (Plínio Doyle)Para os casos abaixo, vale a mesma observação a respeito de MESMO enquanto adjetivo. Exemplos:Eu PRÓPRIA conferi a carga, disse a secretária.
OBRIGADO, respondeu o chefe.
A esposa do chefe também não cansava de dizer OBRIGADA.
Estou QUITE com minhas dívidas.
Estamos QUITES com o serviço militar. (Obs.: forma do particípio passado do verbo quitar, flexiona-se em número) 2. É PRECISO, é NECESSÁRIO, é BOM, é PROIBIDO e expressões equivalentes) referindo-se a nomes sem elementos determinantes, essas expressões ficam invariáveis. Exemplos:
É PRECISO força para trabalhar e estudar.
É NECESSÁRIO segurança para se viver bem.
É BOM plantação de erva-cidreira para afugentar formigas.
É PROIBIDO entrada de pessoas estranhas ao serviço.b) com nomes acompanhados de elemento determinante, essas expressões concordam com ele em gênero e número. Exemplos:
SERIAM PRECISOS vários bombeiros para deter o incêndio. É NECESSÁRIA a tua compreensão.
É BOA a plantação de erva-cidreira para afugentar formigas. A água é BOA para a saúde.
É PROIBIDA a entrada de animais.
“Não viu o letreiro: ‘É expressamente PROIBIDA a entrada’?” (C. D. A.) 3. Só – SÓSa) Só (adjetivo) corresponde a sozinho, único, solitário e apresenta flexão de número, concordando com a palavra a que se refere. Exemplos: Eles estão SÓS. / “Outros estão SÓS, como tu, mas presos a uma inibição ou a uma disciplina.” (C.D.A) / “…sabia cozinhar, arrumar a casa e servir com eficiência a senhor SÓ.” (Fernando Sabino) b) Só (advérbio) corresponde a somente, unicamente, apenas e não se flexiona: é invariável. Exemplos: Ele SÓ falou bobagens. / “SÓ não sai de moda quem está nu.” (Mário Quintana) / “Vende-se uma cama da casal usada uma noite SÓ.” (Leon Eliachar). Observação: Existem as locuções a só e a sós, esta mais frequente, equivalente a sem companhia: é invariável. Exemplos: Eles ficaram a sós/ O casal ficará a sós. / ” – Amigo João Brandão – disse pausadamente o homem quando ficaram a sós…” (C.D.A)4. BASTANTE(s)
a) bastante = advérbio de intensidade: é invariável. Ele ficou BASTANTE preocupado Os pós-graduandos estudam BASTANTE. b) bastante = pronome indefinido (= muitos) – flexiona-se Naquela classe há BASTANTES rapazes. 5. MEIO
a) meio = advérbio de intensidade: é invariável. Ando MEIO distraída ultimamente.
b) meio = numeral (= metade): flexiona-se.É MEIO dia e MEIA. (meia hora) Ele comeu MEIO bolo sozinho. 6. MENOS – ALERTA – PSEUDO – A OLHOS VISTOSSão sempre invariáveis.
Na classe, há MENOS moças que rapazes.
Mais amor e MENOS confiança. Lúcia emagreceu A OLHOS VISTOS.
“Antes ouvido a revolta da cidade, estiverão mais ALERTA.” (apud José Pedro Machado – texto arcaico)
Trata-se de PSEUDO-especialistas.
Essas são apenas algumas dicas. Existem outras informações que podem ajudá-lo a escrever melhor. O estudo da ortografia exige atenção de quem escreve. É necessário realizar as analogias entre palavras. É preciso paciência. Só aprende a escrever adequadamente quem treina sistematicamente.