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Os novos súditos

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Vicente Serejo
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Não faz muito tempo. Foi em 2022. A Vozes lançou no Brasil a tradução do ensaio de Byung-Chul Han, um filósofo nascido na Coreia, residente na Alemanha, onde foi estudar na Universidade de Friburgo. Pós graduou-se em Teologia, em Munique, mas hoje é professor na Universidade de Berlim. É autor de vários livros, traduzidos no mundo inteiro, e considerado como dono de uma das visões mais ousadas da sociedade atual e as suas novas democracias.


Claro, parece tocado de um certo travo de estapafúrdio esse plural de democracias, mas é que o modelo já não parece único, aquele nascido do povo, pelo povo e para o povo, e que foi tão comum nos nossos ouvidos. Esse pluralismo, ainda que pareça soar estranho, começa a fazer algum sentido. Para o filósofo coreano, somos hoje os “novos súditos das mídias sociais, os que se deixam adestrar em gado de consumo por smart influencer, influenciadores inteligentes”.

Claro que as visões novas são sempre arrebatadoras, remexem velhas camadas de um saber que parecia já sedimentado para sempre. Na verdade, Byung-Chul levanta uma questão que, no mínimo, é inquietante: o mundo digital despolitiza. “A comunicação dirigida pelos algoritmos nas mídias sociais não é nem livre, nem democrática”. O desafio é separar os apenas informados. Portanto, os amestrados daqueles realmente conscientes, dotados de visão crítica.


Os apenas informados, se guiados unicamente pelas mídias, a rigor sequer serão bem informados, se bem informado é quem tem a visão larga da vida política nos seus mais diversos liames. No Brasil de hoje, polarizado e maniqueísta, a busca da informação é para odiar e amar, amar e odiar, num reforço enlouquecido do bem contra o mal, mas seletivos. O mal é o outro e vice-versa. Sem que esse outro, seja quem for, tenha o direito natural de ter sua visão de mundo.


Para o professor, a sociedade contemporânea, dos algoritmos, vive um novo paradoxo: “As pessoas estão aprisionadas nas informações. Afivelam elas mesmas os grilhões ao se comunicarem e produzirem informações”. E arremata com a força denunciadora: “O presídio digital é transparente”. Como se não bastasse, vai ao exemplo perfeito: o cubo de vidro da Apple com a sua liberdade enganadora, apenas impõe “uma dominação impiedosa da informação”.


Informar-se para amar e radicalizar no amor sem questioná-lo; ou informar-se para odiar mas também sem questioná-lo, são os únicos movimentos das sociedades polarizadas. Mais do que polarizadas: prisioneiras da polarização maniqueísta. Pior: aprisionadas por duas verdades incensadas como únicas e inquestionáveis, ainda que tão iguais no populismo estéril que nada produz. Mesmo quando ocupam as ruas, invadem os ouvidos e gritam. Como se fossem livres…

PALCO

OLHO – Uma Fonte com trânsito nas bases do interior alerta: “Ninguém pense que a vaga do senador Styvenson Valentim já está entre as favas contadas para ser conquistada por alguém”.

MAIS – Para essa fonte, Valentim vem irrigando com grandes obras, como quatro hospitais, com soma de emendas que chega a R$ 70 milhões. E avisa: “Vai ser um osso duro de roer”.

DATA – Há exatos cinqüenta, em 1974, uma operação da repressão no Governo Geisel prendeu e assassinou dois norte-rio-grandenses do PCB: Luís Ignácio Maranhão e Hiran de Lira Pereira.

GESTO – Perfeito, por todas as razões, o gesto de Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio, ao garantir a viagem do pequeno João para reger ao lado do grande maestro João Carlos Martins.

SONHO – João, na festa da Fecomércio, subiu ao palco do Riachuelo e por instantes realizou o sonho de reger a orquestra. Agora vai a São Paulo, patrocinado pela Federação do Comércio.

RECORDE – Ivo Barreto bateu o recorde dos recordes no lançamento do seu ‘Eu, contador de histórias’: autografou 354 exemplares. Foi uma homenagem de Natal ao seu grande cirurgião.

POESIA – De Manuel Bandeira, os versos que fecham seu soneto ‘A Arte de Amar”: “Deixa o teu corpo estender-se com outro corpo. / Porque os corpos se entendem, mas as almas não”.

TÉDIO – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, olhando o mundo com seus olhos de bruxo, depois de mais um gole de uísque: “Deus nos livre do tédio arrogante dos pedantes”.

CAMARIM

SOCORRO – O ex-governador Garibaldi Filho, em contato com esta coluna, lembrou que foi no seu governo a construção do pronto-socorro, o que é verdade. Na ampliação da capacidade do atendimento de urgência do Walfredo, sempre enfrentando crises ao longo de cinco décadas.

ALIÁS – Até hoje, desde 1970, todos os governos encerram seus tempos de gestão sem dotar a Zona Norte de um hospital geral de urgência com a mesma capacidade. O Walfredo Gurgel enfrenta uma crise crônica de gestão. O que já atesta, por si só, a incompetência dos governos.

VITÓRIA – A Faculdade Católica do Rio Grande do Norte, de Mossoró, acaba de ser elevada a Centro Universitário, com a sigla Unicatólica. Um grande sonho dos padres Sátiro Cavalcanti e João Medeiros Filho. Dentro de dois ou três anos Mossoró terá a sua Universidade Católica.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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