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Maldição do Machadão

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Tenho medo de fantasma. Tenho medo absoluto e de jeito algum entro em igrejas e teatros vazios onde, segundo as teorias sobrenaturais, as assombrações vão rezar ou assustar pessoas.

É medo atávico. Entro em cemitério – sempre acompanhado, porque tenho com meus mortos um vínculo que supera a simples relação de vida ou de morte.
O Machadão foi demolido em 2011 para dar lugar à Arena das Dunas, carnavais, escritórios e etecetera. Batendo recorde em cima de recorde de lucro. Só não botam nos releases que são 10 milhões pagos pelo Estado e o grosso do patrimônio público no Fundo Garantidor, para caso de prestações atrasarem.
Meu caso de amor com o Machadão começou na infância, foi revolta na época da demolição – registrei o último filete de arquibancada sendo derrubado -, e hoje é saudade. Não quero polêmica, não adianta e vamos em frente.
No breu dos espectros, há algo a ser comentado. Desde que o Machadão sumiu daquele rasgo de chão em Lagoa Nova, o futebol do Rio Grande do Norte vem caindo, salvo ocasionais participações do América na Série B(o ABC usa o Frasqueirão desde 2006), a classificação do Alecrim para a C e não lembro de nada mais extraordinário.
No Machadão, que foi inaugurado com o nome do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco(injustiça corrigida em 1989), o América venceu a Taça Almir, de melhor time do Norte/Nordeste em 1973.
Alberi ganhou a Bola de Prata de melhor atacante do Campeonato Brasileiro de 1972. O ABC foi o primeiro clube da terra a participar de um Campeonato Brasileiro. Ganhou tetracampeonato. O América teve dois acessos à Série A e conquistou Copa do Nordeste.
Jogaram aqui: Pelé, Zico, Sócrates, Rivelino, Paulo Cézar Caju, Lula, Jairzinho, Tostão, Dirceu Lopes, Carpegiani, Clodoaldo, a seleção de 1982, Romário, Bebeto, Geovani, Nelinho, Pita, Leandro, Adílio, Roberto Dinamite, Dicá, a seleção da União Soviética, sediamos jogos da Mini-Copa.
Desde o último cimento jogado no chão, o Machadão é um sítio arqueológico, está ficando difícil saber exatamente onde ele ficava. Ocupava parte do que hoje é o estacionamento do novo estádio. Que, afinal, foi construído não necessariamente para servir ao futebol.

Clássico América x ABC hoje. América favoritíssimo.

Luizinho e Renatinho Por que Luizinho Lopes e Renatinho Potiguar não servem para os clubes de Natal. Luizinho está de alma lavada por eliminar o ABC na Copa do Brasil e já provou seu valor em vários times. Renatinho Potiguar assumiu o Manaus. Dois jogos, duas vitórias. Natal é terra de muro baixo, subserviente a quem é de fora. Não somente no futebol.

Calendário Comecem a se preocupar com calendário para 2025 porque o negócio está feio.

Alecrim O Alecrim está organizando o seu museu e divulgando. Nada mais adequado a um clube que morreu no coração do futebol. O que lhe resta são folhas mortas de um passado em que chegou a duelar com ABC e América. O Alecrim tem cinco títulos estaduais: 1963/64/68/85/86.

Incompetência A incompetência do Alecrim em administrar seus times foi aliada à subserviência ao entregar de bandeja o clube aos tentáculos de um homem sombrio, o inglês Anthony Armstrong. Esse fez do Alecrim laranja, fez o Alecrim sair das paginas esportivas para as policiais.

Sede O Alecrim chegou a funcionar na Alexandrino de Alencar nos seus melhores momentos e inventou de vender a sede para comprar um terreno em Macaíba. Foi quase igual ao estrago de Armstrong. O Alecrim viveu um período de vitórias e depois a sede foi sendo fatiada para pagar dívidas trabalhistas.

Homens O que estariam pensando homens da dimensão de Severino Lopes, Bastos Santana, Pedro Selva, Clóvis Motta, Demerval de Sá, Joilson Santana, Eli Morais? Menos mal que o desastre tenha ocorrido sem eles por aqui.

Segunda Divisão O Alecrim serve de chacota na Segunda Divisão, apanhando todos os anos quando o correto seria pedir licenciamento à Federação de Futebol. Os poucos torcedores sofrem e poderão desfrutar do museu para acompanhar as glórias que não viveram.

Sub-15 Uma prova de que o Estádio Juvenal Lamartine é necessário é o campeonato estadual Sub-15, que está começando neste final de semana. O estádio foi indicado pelos clubes por unanimidade por considerá-lo adequado ao campeonato que tem 16 equipes. Serão pelo menos 240 jovens em ação.

Em 1970 O ABC estava em situação bem diferente e venceu o Riachuelo dia 17 de março por 4×1, dois gols de Petinha, um de Alberi e outro de Burunga, com Leão descontando para o time da Marinha.

Times O ABC ganhou com Erivan; Otávio, Cidão, Josimar(Lácio) e Marinho Chagas; William e Gonzaga; Zezé, Alberi, Petinha e Burunga(Maia). Técnico: Caiçara. O Riachuelo tomou um chocolate com Aciole; Iranir, Araújo, Pereira e Galinha; Victor e Miro(Gastone); Adilson, Leão, Rômulo Lima e Hélio. Técnico: José Djalma.

Imagem A imagem grotesca da semana é o pênalti perdido por Erick Varão para o Brusque. Nenhum zagueiro atrasaria com tanta classe como bateu Varão.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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