Andrielle Mendes – repórter
A empresa que venceu a licitação para construir os acessos do aeroporto de São Gonçalo do Amarante – a Queiroz Galvão – ameaça desistir da obra, caso o governo do estado não aceite realinhar os preços e atualizar a planilha de custos, aprovada em 2010, quando foi assinado o contrato. A construção dos acessos ainda não começou, nem há prazo.
#SAIBAMAIS#Em visita ao aeroporto de São Gonçalo do Amarante ontem, o ministro Moreira Franco, da Aviação Civil, demonstrou preocupação quanto aos acessos e estimou que a obra pode não ficar pronta a tempo do início da operação do aeroporto, previsto para abril de 2014, caso não seja iniciada em julho.
A obra dos acessos, que está orçada em R$ 72,1 milhões, prevê a ligação do aeroporto com as Brs 304, 226 e 406.
O governo do estado, que não divulgou em quanto teria de reajustar os preços, afirma que não pode atualizar a planilha, como exige a empresa, e já pensa num plano B para garantir a execução das obras, que poderão ser assumidas pela segunda colocada na licitação, a empresa EIT, caso o contrato com a Queiroz Galvão seja quebrado.
A informação foi repassada pelo secretário-chefe da Casa Civil, Carlos Augusto Rosado, e pela diretora de Obras do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), vinculado ao governo estadual, Francini Goldoni, durante visita do ministro. O ministro cobrou celeridade do governo.
“Mas é claro que o atraso das obras dos acessos preocupa a Secretaria de Aviação Civil (que tem status de Ministério). O atraso significa um dano para o funcionamento normal do aeroporto. Há, entretanto, um compromisso do governo do estado em fazer uma reunião com a empresa e resolver esse problema. Eu acredito que amanhã já tenhamos condição de iniciar a obra. Há tempo suficiente para concluir os acessos, desde que a obra comece em julho. Tem que ser em julho”, disse Moreira Franco. Governo do estado e construtora se reunirão hoje para discutir a execução do projeto.
Impasse
O realinhamento dos preços seria necessário, porque o governo só conseguiu garantir os recursos para construir os acessos do aeroporto três anos após assinar o contrato com a construtora. “A empresa quer que a gente reajuste o preço para hoje, como se a contratação tivesse ocorrido hoje, mas a contratação ocorreu em 2010. Ela quer que a gente atualize a planilha e a gente não pode fazer isso, porque o contrato foi assinado em 2010. O Estado pode pagar a atualização, mas não pode passar para a planilha, porque o banco que vai financiar a obra já aprovou a planilha”, explicou Francini Goldoni.
A diretora de Obras do DER esclareceu que a construtora pode voltar atrás na decisão até o momento da rescisão do contrato, e informou que o governo não se negará a pagar o reajuste, caso a empresa decida executar a obra: “a gente trabalha da seguinte forma: executa o serviço e paga o que está na planilha e o reajustamento. A questão é que a Queiroz Galvão não quer que seja assim”.
Francini garantiu que, apesar do impasse, as obras serão concluídas a tempo da Copa do Mundo de Futebol, em junho de 2014. O consórcio Inframérica, que está erguendo o aeroporto de São Gonçalo do Amarante e o administrará, no entanto, se mostrou preocupado. “Não podemos operar o aeroporto sem os acessos. Esta é uma questão crítica”, disse José Antunes Sobrinho, presidente do Conselho de Administração do Consórcio Inframérica.
A TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com a assessoria de comunicação da Queiroz Galvão, no Rio de Janeiro, mas a assessoria não conseguiu disponibilizar um porta-voz para esclarecer a decisão da empresa até o fechamento da edição.