Considerados uma extensão da família, em alguns casos vistos como membros de um seio familiar, os animais de estimação passaram a ser alvos de bandidos e grupos que miram nos bichos uma forma de ganhar e extorquir dinheiro dos tutores. Em Natal, um caso recente chamou a atenção com o roubo de duas cadelas da raça Shin Tzu, reacendendo o debate sobre o caso. Só na capital, pelo menos três casos de roubos de pets foram registrados pela Polícia Civil em 2023, o que segue tendência verificada em outros estados do Brasil. Em SP, há mais de uma centena de casos.
Um desses casos foi registrado e apurado pela Delegacia Especializada em Furtos e Roubos de Natal (Defur). Em fevereiro, quatro cães da raça Lulu da Pomerânia, avaliados em torno de R$ 40 mil, foram roubados de um pet shop localizado em Capim Macio, na zona Sul de Natal. Na ocasião, três homens participaram da ação criminosa, e, segundo investigações da Polícia, eles iriam vender os animais. Os três foram indiciados por roubo e receptação.
“Aqui na Defur, somos limitados a nossa portaria para apurar crimes com prejuízo acima de 30 salários. Apuramos apenas um caso de furto de animais, com um furto de cães importados num petshop. Além do valor do animal, tem o valor intangível, inestimável, que é o sentimental. O importante é que as pessoas que forem vítimas desses crimes denunciem os fatos”, lembra o delegado Leonardo Freitas, titular em exercício da Defur.
Ainda segundo o delegado da Defur, as motivações para esse tipo de ação criminosa são diversas, entre elas a venda dos animais, que em muitos casos são valiosos e participam de competições, e na maior das situações, extorsões e pedidos de resgate.
“Eram oportunistas de ocasião que viram a chance de ganhar dinheiro fácil nos animais. Eles sabiam de que esses pets existiam, pois tinha envolvimento de uma das pessoas de um estabelecimento comercial, então quando fomos demandados fizemos as diligências. Localizamos esses animais, que tem o valor sentimental e até para competições. Os animais estavam numa comunidade carente. E eles, que são bem cuidados em ambientes em tudo que há de melhor, eles estavam meio que jogados em lugares precários, comendo cuscuz, coisas que eles nem estão acostumados”, disse.
No último dia 14 de outubro, duas cachorrinhas da raça Shih Tzu foram roubadas no bairro de Capim Macio. No dia do roubo, o criminoso estava armado durante o roubo que aconteceu em frente ao Colégio CEI, localizado por trás do Banco do Brasil da Avenida Roberto Freire. A família tutora chegou a oferecer recompensa para recuperar os animais. No dia 16, as cadelas foram encontradas.
Além desse caso, em maio uma tutora teve sua buldog francês fêmea roubada por bandidos enquanto passeava em Petrópolis. Na época, amigos da tutora e grupos de criadores de buldog fizeram campanhas para recuperar o animal.
A situação não fica restrita apenas a Natal e ao Rio Grande do Norte. Em Alagoas, três cadelas de raça foram roubadas de um sítio na Cidade Universitária, em Maceió. Os animais das raças spitz alemão e buldogue francês, avaliadas em R$ 12 mil, são da influencer Bella Gusmão, que fez campanha nas redes sociais para reaver os cães. Ela recuperou os cães uma semana depois após operação da polícia civil alagoana.