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Anacrônicas desigualdades

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Alcyr Veras – economista e professor universitário

Sempre que tento entender a origem e as causas dos problemas da desigualdade sócio-econômica entre classes, países e regiões, logo vem à minha mente a seguinte pergunta. Seria a concentração de renda o grande e perverso vilão o verdadeiro responsável pela desigualdade social entre os povos?

Jean-Jacques Rousseau, filósofo suíço, foi um homem sempre à frente de seu tempo. Tornou-se o precursor das doutrinas socialistas do século dezenove, ao escrever a obra: “A origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens”, na qual afirma: “que o homem é um ser naturalmente livre e procura cultivar essa liberdade.” Rousseau recusa terminantemente a ordem social então existente, com toda a sua carga de opressão social e extremas desigualdades, bem como rejeita a idéia de que a sociedade seja regida por “leis naturais”;

Na semana passada, o subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas, Heraldo Muñoz, disse que apesar do crescimento econômico dos últimos anos na América Latina, a desigualdade entre ricos e pobres continua a ser um grave problema na região. “Somos os campeões da desigualdade se compararmos nossa região com outras áreas do mundo” – declarou enfático.

Nos últimos 17 anos, o Brasil vem registrando queda gradativa nos índices de pobreza. Em recente estudo, o IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, apresentou dados que confirmam esse tendência de queda. Entre 1995 e 2008, a pobreza absoluta no Brasil (aquela em que o rendimento médio per capita é de no máximo metade do salário mínimo) caiu 34%, o que permitiu que mais de 12 milhões de brasileiros saíssem da linha de pobreza. Por sua vez, a chamada pobreza extrema (que significa rendimento médio per capita de no máximo um quarto do salário mínimo) teve uma redução de 49%.

Entretanto, esses percentuais de redução da pobreza não aconteceram de maneira igualitária para todas as regiões do país. Senão, vejamos. Enquanto no Centro-Sul as taxas de queda ficaram acima da média nacional, chegando a 47% para a pobreza absoluta e 59% para a pobreza extrema, o Nordeste, por exemplo, apresentou dados bem abaixo da média nacional, ou seja, a diminuição da pobreza absoluta foi de apenas 28% e a pobreza extrema de 40%. Isso se deve, em parte, ao grande contingente de pessoas desempregadas por falta de qualificação profissional, bem como em decorrência dos prolongados períodos de seca no semi-árido e as precárias condições de subsistência agrícola. Entre os estados nordestinos, o Rio Grande do Norte está em segundo lugar na escala decrescente (atrás apenas da Bahia), porque seus índices de pobreza caíram de maneira relativamente acentuada (absoluta – 31% e extrema – 41%). De acordo com as previsões do IPEA, o Paraná poderá ser o primeiro estado brasileiro a erradicar a pobreza absoluta em 2013, seguido de São Paulo em 2014.

Embora o Brasil venha demonstrando considerável crescimento econômico nos últimos dez anos, juntamente com taxas favoráveis de decréscimo da pobreza, entretanto ainda apresenta forte desigualdade social devido, sobretudo, a alta concentração de renda. Ainda segundo a ONU, os paises mais desiguais da América Latina são, pela ordem, Bolívia, Haiti, Brasil e Equador. E os menos desiguais a Argentina, Uruguai, Venezuela e Costa Rica.

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