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Lula: ‘É mais barato cuidar do clima do que fazer guerra’

Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na segunda-feira (10), durante a abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), que, “se os homens que fazem guerra” estivessem no evento, perceberiam que é “muito mais barato” preservar o meio ambiente do que “fazer guerra”. Foi uma crítica indireta a países como os Estados Unidos, que não enviaram representantes para a COP.


“Parabéns por darem a todos nós essa lição de civilidade, essa lição, diria, de grandeza humana, provando que, se os homens que fazem guerra estivessem aqui nesta COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para a gente acabar com o problema climático, do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra como fizeram no ano passado”, declarou Lula.


O presidente também afirmou que realizar a COP na Amazônia foi uma “proeza”. “Eu quero agradecer à minha equipe da Casa Civil, representada pelo Rui Costa, e ao governador Helder Barbalho a realização dessa proeza de fazer a COP no coração da Amazônia, no estado do Pará, e na cidade de Belém”, disse. “Fazer a COP aqui é um desafio tão grande quanto a gente acabar com a poluição do planeta Terra”, continuou.


O petista abriu o discurso dizendo que “a mudança do clima é uma tragédia do presente”, citando a passagem recente de tufões e furacões no Paraná, no Caribe e nas Filipinas.


“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro, mas uma tragédia do presente. O furacão Melissa, que fustigou o Caribe, e o tornado que atingiu o estado do Paraná, no Sul do Brasil, deixaram vítimas fatais, deixando um rastro de destruições. Das secas e enchentes na África e Europa, às enchentes da América do Sul e Sudeste Asiático, o aumento da temperatura global espalha dor e sofrimento, especialmente entre as populações mais vulneráveis”, destacou Lula.


O titular do Planalto também teceu críticas aos negacionistas climáticos e ponderou é preciso impor uma “nova derrota” a eles.


“Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”, condenou.


De acordo com Lula, o mundo anda “na direção certa” para combater o aquecimento global, mas “na velocidade errada”. “No ritmo atual, ainda avançamos rumo a um aumento superior a um grau e meio na temperatura global. Romper essa barreira é um risco que não podemos correr”, completou.

Financiamento
O ministro da Fazenda, Fer

nando Haddad, disse nesta segunda-feira que o Fundo para Florestas (TFFF, na sigla em inglês), lançado pelo Brasil para mobilizar incentivos financeiros para preservação de florestas tropicais, deve passar dos US$ 10 bilhões arrecadados durante o período da presidência do Brasil da COP 30, que vai até dezembro de 2026.


“Acredito que vamos superar, durante a presidência do Brasil, os US$ 10 bilhões. Eu acredito que o Brasil ainda possa se surpreender e ambicionar mais, porque tanto os Países Baixos, quanto Emirados Árabes e China também manifestaram apoio com o fundo”, disse o ministro em entrevista à CNN Brasil.


Há uma grande expectativa do governo brasileiro quanto aos aportes no fundo, que tinha uma meta inicialmente de levantar US$ 25 bilhões junto a governos. Na semana passada, Hadad revisou a meta para US$ 10 bilhões até 2026.


Na última quinta-feira, a Noruega anunciou um investimento de US$ 3 bilhões. Outros países, como Portugal e Indonésia, além do Brasil também já se compromenteram com aportes. que totalizam US$ 5,5 bilhões até agora.


O governo brasileiro tem a expectativa de que a Alemanha siga os passos da Noruega. No entanto, até agora, o país anunciou apenas apoio político e promoteu uma quantia “significativa”.


O ministro da Fazenda acredita que o país europeu deve anunciar investimento até o final do ano.

Marina propõe combate à fome e à crise climática

Fenômenos climáticos extremos, como o tornado que atingiu o Paraná na última sexta-feira, provocam destruição, mortes e maior vulnerabilidade social. A partir dessa premissa, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse na segunda-feira (10) que fome, pobreza e crise climática devem ser combatidas de forma conjunta. Ela participou de um evento na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, que reuniu autoridades de diferentes países, além de outros membros do governo brasileiro.


“As pessoas perdem seus sistemas alimentários, locais de trabalho, quando tem uma enchente, quando tem um tufão ou um furacão, agravado pela mudança do clima, como aconteceu agora no Paraná, onde uma cidade inteira foi arrasada com perdas de vida. Elas ficam mais vulneráveis”, apontou Marina.


Marina defendeu a necessidade de pensar a mudança do clima em paralelo ao combate às desigualdades.


“Pensar o enfrentamento da desigualdade junto com o enfrentamento da mudança do clima é algo perfeitamente possível, e é o único caminho para lidar com os dois problemas com eficiência”, complementou.


O evento teve a participação do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, Wellington Dias. Ele destacou a necessidade de fortalecer redes de proteção social para respostas às emergências climáticas, e reforçou a importância dos povos tradicionais no cuidado da terra, além dos agricultores familiares.


“Não há segurança alimentar nem resiliência climática sem aqueles que cuidam da terra, das águas e das sementes, da produção.”, disse Dias. “Ao mesmo tempo, povos tradicionais agem como guardiões de técnicas tradicionais de plantio e da diversidade genética de nossos alimentos. A floresta produtiva integra o social e o ambiental.”.

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