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Diretor executivo do Dnit é afastado

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Brasília (AE) – O diretor-executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), José Henrique Sadok de Sá, foi afastado do cargo ontem por ordem da presidenta Dilma Rousseff. Ele vinha respondendo interinamente pela direção-geral do órgão, em substituição a Luiz Antônio Pagot, que saiu de férias depois de também ser ameaçado de afastamento pela presidenta da República, em consequência de denúncias de corrupção na área.

A decisão de tirar Sadok foi tomada após notícia publicada pelo Estado de S. Paulo, segundo a qual a Construtora Araújo Ltda, de Ana Paula Batista Araújo, mulher do diretor afastado, ganhou contratos no valor de pelo menos R$ 18 milhões para tocar obras em rodovias federais em Roraima, entre 2006 e 2011. Afilhado político do deputado Luciano Castro (PR-RR) e do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, Sadok é o sexto dirigente do setor de transportes varrido pela crise que atinge o setor. Sadok responderá a processo administrativo disciplinar, que pode resultar em demissão.

Além de Luiz Antonio Pagot – cuja situação legal é a de diretor-geral do Dnit, em férias, mas com afastamento determinado pela presidenta Dilma Rousseff – e Sadok, caíram o ministro Alfredo Nascimento, que pediu demissão em caráter irrevogável, o diretor-geral da Valec, estatal que cuida das ferrovias, José Francisco das Neves, e os assessores da Pasta Mauro Barbosa da Silva e Luís Tito Bonvini.

Oficializado no cargo no último dia 12, no lugar de Alfredo Nascimento, que tentou resistir, mas não suportou a pressão, Paulo Sérgio Passos recebeu de Dilma a missão de promover uma “faxina” no setor de transportes. Ele era o secretário-executivo de Alfredo Nascimento. Como o ex-ministro, também é filiado ao PR, mas tem ligações antigas com o PT. Passos é – pelo menos por enquanto -, uma pessoa da confiança da presidenta da República. Foi empurrago goela abaixo do PR, que preferia outro nome.

O Ministério afastou também ontem Frederico Augusto de Oliveira Dias, assessor da diretoria do Dnit que atuaria como lobista de um esquema de favorecimento de empreiteiras, segundo notícia do jornal Correio Braziliense. Dias, tratado como boy e estafeta por Luiz Antonio Pagot no depoimento que prestou à Câmara dos Deputados, na quarta-feira, seria um operador a serviço do secretário-geral do PR, deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), que nega a acusação.

Irritada com a demora nas providências, em meio à onda de denúncias que não cessam, Dilma ligou ontem para Passos pouco depois das 8 horas, após ler a reportagem. De forma dura e objetiva, a presidenta cobrou uma limpeza no órgão, que teria sido aparelhado pelo PR e alvo de cobrança de pedágio na realização de obras.

Com estilo quase zen, Passos argumentou que tinha consciência da gravidade do fato e que tomaria as medidas necessárias. À tarde, ele despachou com a presidenta no Palácio do Planalto e detalhou as providências para reformular a equipe e retomar as rotinas da Pasta.

Em rápida entrevista a seguir, Passos deixou claro que as substituições vão prosseguir. “Eventualmente, se houver necessidade de fazer algum ajustamento na equipe, seja internamente, no Dnit ou outro órgão, eu farei”, afirmou. Mas ponderou que as mudanças serão decididas com cautela. “Não estou trabalhando, por antecipação, imaginando demissões”, explicou. O ministro prometeu escolher o substituto de Sadok ainda ontem, mas acabou adiando a decisão. O nome sondado foi o do diretor de Planejamento e Pesquisa, Jony Marcos Lopes, mas Passos preferiu aguardar o processo de checagem biográfica para evitar novas surpresas.

Diretor nega influência em contratos da empresa

Brasília (AE) – O diretor executivo do Dnit, José Henrique Sadok de Sá, disse ao jornal O Estado de São Paulo que não tem influência nos contratos fechados pela empresa de sua mulher, Ana Paula Batista de Araújo, com obras de rodovias federais. “Eu não tenho nada com a empresa dela. Não me meto em nada. Se a empresa for bem, que vá bem, ser for mal, que vá mal. Não tenho nada com isso”, disse.

Sadok alega que a Construtora Araújo Ltda., da qual Ana Paula é dona, participa de concorrências públicas no governo de Roraima, o que impede que ele interfira em qualquer ação para favorecê-la. “As obras são de licitações legítimas no Estado. Ela não está ganhando porque eu sou o diretor executivo”, afirmou. “Não vou poder proibir uma empresa de exercer o seu direito”, disse.

Para ele, não há problema no fato de as obras serem vinculadas a convênios do Dnit. “Não vejo conflito de interesse. Quando cobro alguma coisa da obra, cobro do Estado, não da empresa”, justificou. “Ela não tem nenhuma obra com o Dnit. Você quer quebrar a empresa? Não pode trabalhar?”, questionou.

O diretor do Dnit contou que conhece Ana Paula desde 2001 e que vive com ela há cerca de quatro anos. “Não sou casado. É minha mulher hoje. É um relacionamento como todo mundo hoje tem. Já me separei cinco vezes, se bobear vou separar a sexta. O amor acaba”, afirmou. “Agora estamos juntos, juntamos as escovinhas. Você vai mexer com minha vida particular.”

Dilma quer providências do ministro

Brasília (AE) – O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, amanheceu o dia ontem com um telefonema da presidenta Dilma Rousseff cobrando providências em relação às denúncias publicadas no jornal O Estado de S.Paulo, de que a mulher do diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), José Henrique Sadok de Sá, Ana Paula Batista Araújo, dona da Construtora Araújo Ltda, assinou contratos que somam pelo menos R$ 18 milhões para tocar obras em rodovias federais entre 2006 e 2011, todas vinculadas a convênios com o órgão.
Dilma Rousseff tem reafirmado a interlocutores que quer Luiz Antonio Pagot fora do governo
A presidenta Dilma já havia determinado a Paulo Sérgio que fizesse “um limpa” no setor de Transportes e voltou a cobrar providências. Ela não quer, diretamente promover as demissões.

A presidenta também não gostou das informações publicadas ontem na Folha de S.Paulo de outra denúncia de que Frederico Augusto de Oliveira Dias, afilhado de Valdemar Costa Neto (PR-SP), atuava como assessor da diretoria-geral em reuniões com prefeitos e autoridades, apesar de nunca ter sido nomeado pelo governo para o cargo.

De acordo com o diretor afastado do Dnit, Luiz Antonio Pagot, Fred, como ele é conhecido, seria apenas um “boy”, um “estafeta” (mensageiro) embora, na prática, ele , como assessor, tenha sala própria e e-mail oficial do órgão.

Dilma quer que o Dnit e o Ministério dos Transportes saiam definitivamente das páginas dos jornais por causa de denúncias de irregularidades e exigiu providências de Paulo Sérgio Passos.

Em relação à situação de Pagot, apesar das pressões de aliados políticos, como o senador Blairo Maggi, e de interlocutores do próprio Planalto, para que ele retome o seu posto no Dnit, a presidenta Dilma tem reiterado a interlocutores que mantém seu firme propósito de mantê-lo fora do governo.

Paulo Sérgio flexibiliza restrição às licitações

Brasília (AE) – Está flexibilizada a instrução normativa, editada pelo Ministério dos Transportes a mando da presidenta Dilma Rousseff, que suspendeu por 30 dias as licitações, projetos, obras e serviços em rodovias e ferrovias. A partir de agora, à medida que os processos forem sendo avaliados, serão imediatamente liberados para que os trabalhos voltem à normalidade, sem necessidade de esperar o fim do prazo da moratória, em 6 de agosto. A suspensão havia alcançado também os aditivos com impactos financeiros.

O objetivo do recuo é evitar transtornos à população e prejuízos com paralisações de obras desnecessárias, disse o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, após a primeira reunião de trabalho, ontem à tarde, com a presidenta Dilma. Os dois trataram da crise nos transportes e dos escândalos que envolvem o setor. “Iremos fazer gradualmente a liberação, sobretudo naquelas situações, seja em licitações ou aditivos, que tenham a ver com a garantia de segurança nas estradas, ou mesmo de contratações indispensáveis, em que não seja adequado nem razoável adiar”, explicou.

Ele deu como exemplo os contratos de manutenção de rodovias. “Se eu eventualmente tenho um contrato que depende de aditivo para assegurar que aquela rodovia tenha alguma cobertura na sua manutenção, não há por que não autorizar”.  A suspensão havia sido determinada na semana passada para um pente fino nos gastos excessivos da Pasta, alvo de denúncias sobre cobrança de propina.

Vice-presidente minimiza crise

Rio (AE) – O vice-presidente da República, Michel Temer, minimizou a crise política que se instalou no Palácio do Planalto provocada pela série de escândalos no Ministério dos Transportes. Ele avaliou como “pequenos acidentes” os problemas de articulação política do governo a partir dos episódios que provocaram a queda de toda a cúpula da pasta, inclusive o ministro Alfredo Nascimento, e os problemas com o Partido da República (PR) – responsável pelas indicações de todos os demitidos.

“No Brasil, esses pequenos acidentes de natureza política são mais ou menos normais. Não devem nos pressionar. Até porque eles passam muito rapidamente e não superados muito rapidamente”, argumentou o vice-presidente, ao chegar na Associação Comercial do Rio para participar da comemoração dos 202 anos da entidade. Na solenidade, Temer recebeu as medalhas Pedro Ernesto e Tiradentes, as principais comendas oferecidas pelas casas legislativas do município e do Estado do Rio. Temer ainda garantiu que a base de apoio do governo está “sólida”. E atribuiu as soluções dos problemas políticos a “composições governamentais” que dependem da presidenta Dilma Rousseff.

“Você sabe que não há acertos (para reorganizar a base do governo). Há composições governamentais que dependem, naturalmente num regime presidencialista, da presidenta da República. E quando há, por exemplo, uma questão em algum ministério, você verifica que há imediatamente uma solução. A base governamental está muito sólida. Não há nenhuma dificuldade de relação do governo com a base governista”, afirmou Temer.

O vice-presidente ainda destacou o plano de combate à miséria e as ações de segurança pública nas fronteiras brasileiras como os dois principais avanços dos seis primeiros meses do governo Dilma. Em termos econômicos, o vice-presidente afirmou que o “Brasil ainda pode comemorar”.

“Temos notícias do que acontece hoje na Europa e até, de maneira preocupante, nos Estados Unidos. Mas nós aqui estamos incólumes”, disse Temer. “Fala-se tanto da inflação e nós sabemos como isso gera expectativa. O governo está sabendo controlar essa expectativa. Portanto, embora se tenha falado nela (inflação), ela está absolutamente sob controle. O país vai bem economicamente, politicamente e institucionalmente”.

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