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Jorge Guinle: o playboy e o Jazz

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Lívio Oliveira [ Advogado público e poeta – [email protected] ]

Alguns leitores com mais – digamos – experiência, devem se lembrar desse nome: Jorge Guinle, o Jorginho, figura conhecidíssima do cenário boêmio carioca, do não tão distante século passado. E não somente se circunscrevendo à cena e ao glamour do Rio de Janeiro, Jorginho Guinle foi um dos mais famosos playboys que o Brasil já teve, espalhando sua fama pelo mundo todo. Socialite carioca, herdou uma fortuna incomensurável que terminou gastando completamente ao longo de seus 88 anos muitíssimo, muitíssimo, muitíssimo bem vividos, até a última gota derramada no luxuoso Copacabana Palace, em março de 2004.

E vocês deverão entender o meu exagero no período acima. Basta dizer que o cara de quem falo teve envolvimento amoroso (em meio a estouro de garrafas de champagne e perfume franceses) com, pelo menos, as seguintes beldades:  Marlene Dietrich, Rita Hayworth, Romy Schneider, Kim Novak, Ava Gardner (foto), Jayne Mansfield, Janet Leigh, Susan Hayward, e uma tal de Norma Jean Baker, mais conhecida no mundo do cinema e das artes como Marilyn Monroe.

Mas, o que me traz aqui para falar de Jorginho é o fato de que, além de ter sabido se envolver com belas mulheres como poucos, o nosso personagem foi um grande apreciador da bela música, mais especificamente daquele gênero revolucionário que ainda toma conta de nossos corações e mentes (sou um aficionado): o Jazz.

Jorginho escreveu, no ano de 1953, o primeiro livro sobre o assunto no Brasil. Chamou-se “Jazz Panorama” (e eu tenho a honra de ter um exemplar da reedição de 2002 que saiu pela José Olympio Editora). O livro é muito bem escrito e traça todo o histórico do Jazz desde os primórdios em New Orleans, passando por Chicago, Nova York/Harlem, Kansas City, dentre outros lugares dos EUA, e sem deixar de dedicar espaço ao Jazz no Brasil e exterior. O primeiro prefácio foi de, nada mais, nada menos, que Vinicius de Moraes, outro grande apreciador daquele gênero musical surgido nos EUA e que tomou conta do mundo.

Nomes como Louis Armstrong, Jelly Roll Morton, Billie Holiday, Duke Ellington, Miles Davis, Stan Getz, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Fats Waller, Art Tatum, Bessie Smith, King Oliver, Sidney Bechet, Scott Joplin, Benny Carter, Max Roach, dentre muitos outros, passeiam pelas páginas do belo livro. Alguns desses gigantes Jorginho conheceu pessoalmente, privando da amizade íntima de vários dentre eles, o que, reconheçamos, deve ter facilitado em demasia um trabalho como aquele do livro que escreveu.

Vê-se, assim, que ao menos num momento, o nosso saudoso personagem real e “irreal” largou o seu “dolce far niente” e ócio cercado de belíssimas mulheres por todos os lados, para se dedicar a uma obra intelectual importante e que resgata,  quase nas origens (afinal o Jazz ainda era “ jovem” quando o livro foi escrito), esse fantástico gênero cultural e artístico.

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