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Veteranos superam novatos no Enem

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São Paulo (AE) – Neste ano, o número de inscritos que vão tentar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pela primeira vez – 2,5 milhões – representa menos da metade do total de candidatos que já fizeram a prova em edições anteriores: 5,2 milhões. Desde 2010, é a primeira vez que a quantidade de veteranos supera a de novatos. Em relação ao ano passado, a redução de candidatos estreantes foi de 47%.  Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação responsável pela prova. O Enem 2015 também apresentou um inédito recuo do total de candidatos – 7,7 milhões, ante 8,7 milhões no ano passado, queda de 11%.

Na comparação com o Enem 2014, o recuo dos estreantes no exame foi mais acentuado entre os candidatos ainda no começo ou na metade do ensino médio (cerca de 20%). Esse grupo, na maioria, é formado pelos treineiros: alunos que ainda não podem tentar uma vaga na faculdade, mas querem ter uma experiência real de prova. A divisão por idade também mostra que a redução foi maior entre os bem jovens. O grupo de candidatos com 16 anos ou menos, que normalmente ainda não chegou ao 3º ano do ensino médio, está quase 40% menor do que na edição anterior.

A participação de pretos e pardos teve ligeira alta. No ano passado, eram 57,91% dos candidatos. Nesta edição, a proporção subiu para 58,17%. Essa proporção é maior do que o Censo 2010 registrou na população brasileira: 51%.

Queda é atribuida a mudanças nas regras da isenção
O presidente do Inep, Chico Soares, atribuiu a queda, em parte, a mudanças nas regras para a dispensa do pagamento de taxas de inscrição. Candidatos que declaram carência socioeconômica e não comparecem aos dois dias de exame perdem o direito de pedir novamente a dispensa no pagamento das taxas no ano seguinte. “Talvez quem não esteja muito seguro tenha optado por fazer o Enem somente no ano que vem”, analisou Soares. “O importante é ressaltar que ninguém ficou de fora por falta de condições financeiras para o pagamento das taxas.”

A regra, estudada pelo instituto há alguns anos, tem o objetivo de inibir a abstenção no exame. No ano passado, a taxa de faltosos foi de 28%, considerada alta. Isso leva a gastos desnecessários com a impressão e o transporte das provas, além da contratação de fiscais. Na edição de 2010, por exemplo, 86% dos candidatos ausentes eram de escola pública.

Já a quantidade de estudantes que enfrentaram a prova uma ou mais vezes teve um salto de 53% – de 3,4 milhões para 5,2 milhões do Enem passado para o deste ano. O Inep, porém, não apresentou explicação para o fenômeno. Essa fatia de candidatos crescia desde 2013, mas o aumento brusco surpreendeu especialistas.

Além da economia com a nova regra dos faltosos, o Inep arrecadou mais neste ano com a taxa de inscrição – que subiu de R$ 35 para R$ 63. Foi o primeiro reajuste do valor desde 2004. A nova taxa, segundo o Inep, acompanha a inflação do período e os novos custos. Estão isentos alunos de escola pública ou que comprovem baixa renda.

Além da nova regra de inscrição, segundo especialistas, a maior proporção de candidatos veteranos no Enem é uma tendência natural da prova. O exame já absorveu boa parte da demanda reprimida de adultos do País que havia terminado o ensino médio, mas não teve chances de fazer um curso técnico ou superior. Se não passam da primeira vez, no entanto, muitos desses candidatos voltam a encarar o teste. Mas, ponderam os especialistas, a variação radical no perfil dos participantes também levanta a hipótese de um erro estatístico ou mudanças de classificação do Inep.

“É uma mudança tão brusca que nenhuma hipótese explica todos esses números, a princípio”, pondera Márcio da Costa, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Esse aumento deveria ser processual, não um salto de um ano para o outro.”

Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep, diz que é normal que o número de estreantes no exame caia. “Em um sistema equilibrado, o total de participantes deve ser bem próximo ao de concluintes da educação básica. Esses são os candidatos naturais da prova”, diz ele.

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