segunda-feira, 6 de maio, 2024
30.1 C
Natal
segunda-feira, 6 de maio, 2024

A escolha

- Publicidade -

Vicente Serejo
[email protected]

Qualquer visão que apostar no princípio de que o prefeito Álvaro Dias está obrigado, por esta ou aquela circunstância, a apoiar esse ou aquele candidato a prefeito, pode cometer um erro. Mas, ao mesmo tempo, é em razão das próprias circunstâncias que se compreende a tessitura que envolve a decisão. No centro, há um fato novo e o próprio Dias marcou com traços fortes o desenho das duas alternativas da sua escolha, ao fixar as opções de Carlos Eduardo Alves ou Paulinho Freire.
A qualquer observador mais atento a declaração do prefeito revela um viés que ficou nítido: numa hipótese ou noutra, sua escolha será em função de 2026. Lá, pode ser candidato a qualquer dos mandatos, de deputado estadual a governador, mas as probabilidades estratégicas estariam muito mais cravadas no Senado e no Governo. As opões de deputado, estadual ou federal, serão sempre as alternativas de saídas pela porta de emergência, se a construção maior se mostrar ser inviável.

Neste instante, aplicado o método da exclusão, parece mais provável que o apoio de Álvaro Dias, até fins de maio, acabe por coroar a cabeça do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves. E a razão é simples: ele já assegurou seu apoio a Dias. E pôde fazê-lo por ser um líder sem tutoria, o que não é o caso de Freire, sob dois tutores: o senador Rogério Marinho, a quem não se nega a legitimidade ao aspirar disputar o governo em 2026; e o ex-senador Agripino Maia, presidente do União Brasil.
Dias pode até apostar no peso de decisão do ex-senador José Agripino, se há da parte dele, Agripino, restrições à candidatura de Marinho, fato que só o tempo dirá. Parece mais fácil, a essa altura, que o prefeito faça sua opção por Alves, buscando um lugar de destaque que não teria no palanque lotado do deputado Paulinho Freire, com candidatos e candidaturas que hoje antecipam o futuro que ainda será desenhado dentro de mais dois anos, mas só depois das eleições municipais.
Diante dos dois tabuleiros de xadrez, com os dois reis apontados por Álvaro Dias, parece politicamente destituída de qualquer plausibilidade a opção por Freire. Mesmo que até hoje não hajam sinais das conversas fechadas de Álvaro Dias e José Agripino. E ainda que tenham sido promissoras como perspectiva, é pouco provável que o União Brasil erga sozinho uma candidatura de governador em 2026, sem arrimar-se em siglas como PL e PSDB, para citar exemplos de consistência inegável.
A declaração do prefeito Álvaro Dias pode até ter simulado uma dúvida bem engendrada para despistar os olhos não muito agudos. Para quem conhece o mínimo de política, a tomada de posição de Álvaro deixa sinais de que a perda de tempo minou as bases de uma candidatura própria, como chegou a ser soprada com o nome de Joanna Guerra; e jogou sua escolha entre Carlos Eduardo Alves e Paulinho Freire. Pode valer a construção de 2026. O que não é fácil, mas não é impossível.

PALCO

SINAL – Quem ouve as fontes, principalmente as mais isentas, sente que há consenso, ainda que silencioso, em torno da aliança do prefeito Álvaro Dias com o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves.

PEDANTÊS – A crônica de Ruy Castro sobre o pedantês cafona da linguagem do futebol, é uma aula sobre o bom estilo jornalístico. Lavado e limpo dos preciosismos típicos da macaquice idiota.

GRAVE – A Folha de S. Paulo abriu duas páginas sobre a crise de intervenção que hoje ronda a TV-Cultura, sob o comando do governador Tarcísio de Freitas. O homem pôs as dragonas de fora.

ALIÁS – É típico do populismo: no palanque, o governador de São Paulo defende a liberdade de expressão, mas ameaça essa mesma liberdade com sua caneta ao apoiar a intolerância de auxiliares.
RUMOR – Antes mesmo de ser lançado provoca rumor o novo ensaio de Manuel Cavalcanti Neto comprovando a tese de Lenine Pinto de que o Brasil foi descoberto em Touros e não Porto Seguro.

QUANDO – O livro vai ser lançado dia 8 de maio, no salão do Conselho de Engenharia e Arquitetura e com grande expectativa. Neto ergue a tese a partir de cálculos que revelam todas as suas variáveis.

POESIA – Do poeta pernambucano Mário Rodrigues, os versos que avisam a quem olha a cidade triste, quase morta: “Uma cidade não morre de vez. / Vai morrendo nos que nascem quase mortos”.

TOLOS – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, vendo os sabidos fantasiados de tolos que sabem enganar as almas de boa-fé: “O falso tolo é um bandido social que encanta os salões”.

CAMARIM

RECORDE – Há 54 anos, desde a inauguração, no governo Walfredo Gurgel, 1970, o único hospital geral de urgência enfrenta as mesmas crises. Faltam medicamentos e seus pacientes jogados nos corredores. É o maior recorde de incompetência na história administrativa o Rio Grande do Norte.

PERIGO – Do professor Stuart Russell, da Universidade de Berkeley, EUA, sobre o perigo da Inteligência Artificial (IA), e que fez conferência no Brasil recentemente, no “Seminário Fronteiras do Pensamento”: “Estamos construindo sistemas cada vez mais poderosos e que não controlamos”.

ESPELHO – Bom é ter leitores refinados, como FTC – preservo seu nome – que diante da crônica dos espelho remeteu o poema de Sérgio Milliet ‘Quebrai os espelhos’, com versos assim: “Que vos importam o quando, o como, o porquê, / que curiosidade malsã / vos impede de saber das rugas…”.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas