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Causos clericais

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Valério Mesquita [Escritor ]

Hospedo hoje aqui o amigo e irmão padre João Medeiros Filho, membro da Academia Norte-Riograndense de Letras, justamente a cadeira que pertenceu a Dom Nivaldo Monte. Medeiros celebrou em agosto findo o seu 46º aniversário de vida sacerdotal. Abaixo transcrevo duas facetas do seu talento literário e espiritual.

01) Monsenhor Mota, figura lendária do clero mossoroense, apesar de sua fé na vida eterna, tinha muito medo da morte. Perto de sua partida para a casa do Pai, o bispo Dom Gentil envia-lhe Monsenhor Júlio Alves Bezerra para confessá-lo e administrar-lhe os últimos sacramentos. O ex-pároco do Assu não logrou êxito. Fora escolhido para essa tarefa Monsenhor Joaquim Honório, vigário de Macau, que tinha fama de santidade. Este dissera a Monsenhor Mota: “Luís, esteja preparado para ir para o céu, a casa de Deus, lá é muito bom, reina a paz e a alegria.” O ex-pároco de Santa Luzia retrucou na hora: “Eu sei, Júlio, mas acontece que eu gosto tanto de Mossoró e não queria sair daqui”!

02) Antes da reforma litúrgica acontecida após o Concílio Vaticano II, as vestes episcopais eram suntuosas e calorentas para as missas pontificais. Em Caicó, era bispo Dom Delgado. Numa missa solene por ocasião da tradicional Festa das Almas, em pleno calor seridoense, numa cerimônia pontifical das 10 horas, o bispo Delgado era o presidente, acolitado por Monsenhor Walfredo, Cônego Estanislau, Monsenhor Paulo Herôncio e Padre Ambrósio. A catedral de Santana estava repleta. O coral estava a cargo de Monsenhor Amâncio Ramalho, que era chegado a uma polifonia. Na hora do Kyrie, rebuscado e quase interminável, Dom Delgado suado, sedento e cansado, volta-se para o seu vigário geral e diz: “Walfredo, se não existir céu, nós estamos lascados!”.

03) Dom José Maria Pires, mais conhecido como Dom Pelé, estava viajando de avião a Brasília, com seu auxiliar e posteriormente seu sucessor Dom Marcelo Carvalheira, quando começa uma grande turbulência. Todos ficaram assustados! Dom Marcelo diz para Dom Pelé: “Dom José, o avião vai cair, vamos nos preparar para ir para o céu.” Dom Pelé, meio atônito e confuso, afirmou: “Marcelo, não fale uma desgraça dessas não, homem de Deus!”.

04) Dom Tavares foi o terceiro bispo de Caicó. Tinha fama de impaciente e às vezes bruto. Estava celebrando na Igreja de São José de Caicó. Capela repleta, inclusive alunos do colégio diocesano e do seminário. Fazia a primeira leitura o seminarista Manuel Cirilo. Lia a passagem que dizia que as rolinhas têm seus ninhos etc. Ao pronunciar a palavra rolinha, o escrupuloso seminarista engasgou. Repetia parte da palavra. Dom Tavares impaciente gritou do altar: “Homem, solte logo essa rola!”

05) Na Igreja de São Paulo do Potengi havia um belo crucifixo, muito expressivo. Um dos paroquianos contemplando a imagem e lendo as iniciais I.N.R.I (Iesus Nazarenus, Rex Iudaeorum, Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus), disse para o saudoso Monsenhor Expedito: “Padre, a dor foi tão danada que Jesus gritou: innrii!”

Soneto do pai nosso

Pai nosso, que é Deus, e está nos altos céus, santificado pra sempre teu nome seja por todos, sobretudo pela tua Igreja, como ensinaste, um dia, pelo Filho Teu.

Venha a nós teu reino de paz e de ventura. Seja feita a tua vontade verdadeira, fonte de perdão e amor na terra inteira, assim como é e tem sido, lá nas alturas.

Ó Pai, dá-nos hoje o indispensável pão. Perdoa nossas ofensas, como perdoamos a todos aqueles que nos têm ofendido.

Não nos deixa, Senhor, cair em tentação e fazer tudo aquilo que repudiamos. Livra-nos do mal, teus filhos arrependidos!

(Momento de oração e reflexão do padre João Medeiros Filho).

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