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Causos daqui e dali

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Valério Mesquita
Escritor

01) O vereador Severino Galvão era o capataz dos mistérios e abrangências do Alecrim. De grandes eventos à briga de galo, lá estava presente o indomável edil. Em um trecho da avenida 16, nasceu a famosa “Coréia do Nilo”. Era um forró da pesada, estilo gafieira carioca. O forrozeiro e cantor sertanejo Elino Julião, imortalizou numa composição com a música que dizia: “Só tem “véia”, só tem “véia”, no forró da Coréia, só tem “véia”, só tem “véia”…”. Severino Galvão, frequentador emérito, já “melado”, adentrou na dança e pegou pesado. Nilo, o dono da casa, mandou parar o som e advertiu: “Vereador, vá mais devagar. Conforme os “estatutos” da Coréia, aqui não se dança com “coca-cola” no bolso! O senhor vá lá fora, e quando estiver “desarmado”, aí pode voltar ao salão”. Obediente às “leis estatutárias”, Severino cumpriu  a liminar por livre e espontânea pressão.

02) A cassação dos direitos políticos do ex-governador Aluízio Alves eclodiu no Rio Grande do Norte como uma bomba, principalmente no seio do povo. A tristeza era visível no rosto dos correligionários. O “cigano” nada dizia (nem podia dizer), sobre a arbitrariedade que o atingiu. Alguém da imprensa buscando um furo jornalístico, dirigiu-se ao então governador Walfredo Gurgel, instigando-o: “Monsenhor, o que diz sobre o silêncio de Aluízio, o seu grande amigo?”. O padre, passando a mão sobre a cabeleira branca, respondeu olhando para o nada: “Ser amigo é entender o silêncio, a ternura e o mistério! Nesses momentos, é preciso calar e meditar nos desígnios das circunstancias”. Ele estava em Caicó de onde Aluízio o tirou para ser governador.

03) Na Câmara Municipal de Natal, um dos nossos vereadores (cujo nome vou preservar), teve uma idéia no mínimo inusitada. Uma criatividade de encucar qualquer gênio político. Vejam só: anos passados, os homens faziam fila para engraxar os sapatos a fim de assistir as vesperais do Cine Rex ou do cinema Nordeste. Hoje essa classe (os engraxates), caíram de moda. E até que faz falta. Surgiram os “flanelinhas” e os “catadores de lixo”. Simples humildes, mas estão aí. O nosso bravo e referido vereador, depois de várias reuniões nos bairros periféricos, resolveu botar a mão na massa literalmente. Da tribuna discursou: “Vocês engraxates, terão uma classe e uma profissão a zelar. Serão registrados como “ilustradores de sapatos”, principalmente nas ruas João Pessoa e Rio Branco. Os flanelinhas, surgirão como “massagistas de autos”, com direito a colete e tudo! Os catadores de lixo terão crachás com o título de “selecionadores de resíduos sociais”. Afinal meus nobres párias, valeu ou não valeu a inovadora promoção social?”. Encerrou o legislador natalense de primeiro mandato entre aplausos e abraços da plebe rude, sob a ovação da platéia.

04) Imitação na política sempre foi lugar comum entre os iniciantes. Alimentando o sonho de um dia ser eleito, frente ao espelho, copiavam trejeitos e falas. Como Getúlio, alguns repetiam: “Trabalhadores do Brasil!…”. Djalma Maranhão iniciava sua oratória com o famoso: “Brasileiros de Natal!…”. Aluízio Alves arrepiava a multidão com a voz rouca: “Rio-grandenses do Norte!…”. Mas, na Salinésia Potiguar, o líder Venâncio Zacarias criou o seu brado retumbante: “Povo de Macau Cus (com os) de Areia Branca!”, e prosseguia: “Como Luiz Gonzaga, eu vos dou xaxado, baião e mais embarcação! É rabo cheio ou não?! Eu vos peço: “me “aleijam” deputado estadual na próxima “inleição”. Se é de dá ao rato, dê ao gato que é menos ladrão!”. Venâncio não chegou lá mas liderou muito tempo a política de Macau e municípios vizinhos.

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