Cinquenta anos faz hoje. Era 17 de agosto de 1969, o terceiro dia do Festival de Woodstock, um domingo que invadiria a segunda e todos os dias posteriores pelos anos afora. A máquina do tempo imaginária é uma Kombi colorida por corações, girassóis e o símbolo hippie de paz e amor. A máquina do tempo possível é uma conexão neural que liga e acelera a memória semântica.
Para muitos que estiveram lá, Woodstock era um umbral em campo aberto para o teletransporte à Era de Aquários; havia adolescentes que meses antes ainda viviam em casa assistindo desenho animado e séries de ficção científica.
O clima criado em torno do festival não tinha só rock, mas também era carregado pelos acontecimentos daquela década, o flower power, a morte de Kennedy, a guerra do Vietnã, a morte de Luther King, a corrida espacial.
Colocar cara a cara aquelas crianças e figuras como Janis Joplin, The Who, Jimi Hendrix, Joe Cocker e Johnny Winter foi um rito de passagem pesado como o sexo, as drogas e rock ‘n’ roll que rolaram naquele agosto místico.
Quem tentou dormir ao final do sábado, já numa avançada manhã de domingo ouvindo The Who e Jefferson Ariplane, logo despertou com a voz em grito de Joe Cocker, que abriu a tarde arregaçando com um hit dos Beatles de 1968.
As horas seguiam seu compasso, como dizia um velho rock, mas o tempo parecia não passar. O último dia, 17, quando acabou já era véspera do almoço do dia 18. Quem fechou foi Jimi Hendrix, numa performance lendária.
Depois de tanto cansaço, fome, sede, desconforto, a multidão ainda achou energia – ou sinergia – para enlouquecer com a guitarra tocando o hino americano e emendando com Purple Haze, um hino às viagens lisérgicas.
Carl Porter era um garoto com passaporte carimbado para o Vietnã, tinha se alistado na Força Aérea e em setembro partiria para a batalha. Decidiu se despedir no meio da loucura de Woodstock, reunido com uns vinte amigos.
Chegaram antes e ajudaram a erguer o palco; eram garotos que amavam os Beatles e os Rolling Stones, como cantava o hit italiano de 1966 traduzido por Os Incríveis em 1967 e resgatado pelo Engenheiros do Hawaí em 1990.
Durante a loucura coletiva, Porter se separou dos amigos e não os viu mais. Escapou da guerra e cinquenta anos depois foi à fazenda Bethel lembrar da aventura. Do alto, abriu os braços como para voar sobre a velha colina.
Lembrou da enorme diferença das estradas de acesso hoje em relação aqueles dias. O barro deu lugar ao asfalto, prédios se ergueram no horizonte; e ele, também mudado aos 69 anos, era testemunha da odisseia que mudou tudo. Somos todos filhos de Woodstock. (AM)
O jornalista, poeta e escritor Carlão de Souza se foi ontem. Eu ofereço à geração dele, que é a minha, os nascidos em 1959, os três textos sobre Woodstock, evento que germinou as escolhas musicais de todos nós.
Segue o Beco
A música não pode parar. O Bar de Nazaré realizou ontem, como faz há doze anos, a Quinta Viva do Samba. E na presença dos técnicos da Semurb que mediram os decibéis, definindo assim um ambiente bom para todo mundo.
Tio Beninha
Leitor assíduo desta Tribuna e da coluna derna os tempos de DN e JH, o economista Benivaldo Azevedo inaugurou o motor 8.0 nas ruas de Caicó durante a Festa de Santana, e ouviu histórias como aquela de João Bangu.
Rodrigada
Uma nação que não pode ter a mulher de Cesar como referência para comportamentos diante da coisa pública, resume-se a uma republiqueta improvisando moralismo de ocasião a pedido do filho de um Cesar qualquer.
Contra a Polícia
As jornalistas Fátima Bernardes, na TV Globo, e Mônica Bergamo, na Folha e BandNews, comandam uma campanha quase diária de ataques à Polícia Militar, usando a velha tática da demagogia populista da esquerda gatuna.
Visão dupla
O redator engajadinho que defende o projeto de lei do abuso de autoridade, mesmo com a ingerência política no Judiciário e MP, ao mesmo tempo critica o governo federal por tentativa de interferir na autonomia da Polícia Federal.
Tamanho
Os ambientalistas precisam criar uma referência melhor que campo de futebol para ilustrar gravidade de desmatamento. Como está é uma proporção ínfima, o mesmo que citar a Lua como referência de tamanho em todo o universo.
Hollywood
O filme de Tarantino, que estreou quinta, está com apenas 8 sessões distribuídas nas 3 redes de cinema de Natal. São 4 no Cinepólis do Natal Shopping, 2 no Moviecom do Praia Shopping e 2 no Cinemark do Midway.