Vicente Serejo
Povo bom e trabalhador, mas rendido às suas próprias invencionices, sem líderes e sem heróis – só Miguelinho arcabuzado em Recife ao defender a liberdade – somos o que somos e já não somos mais o que fomos ontem. Vivemos de mascar o fumo de velhas e falsas lendas, como se bastasse ao pobre amor-próprio que nos foi dado ter. Enganamos uns aos outros na toada de vaidades que a letargia foi desbotando nesses dias e noites de provincianismo bocó.
Depois de 46, com a Constituinte, feita da promessa de varrer os vícios e renovar os hábitos, vieram os anos cinquenta e, neles, o surgimento dos dois últimos líderes de verdade: Dinarte Mariz, que governou entre 1955 e 1960; e depois Aluizio Alves, que fez uma revolução pelo voto entre 1960 e 1965, dando magnitude à ação política. Dos governos biônicos nasceu Cortez Pereira que ampliou nossas fronteiras econômicas, encerrando o ciclo das inovações.
Dai pra frente, caímos na mesmice de idéias e ações ao longo de governos que pouco inovaram. Por isso mesmo, não promoveram grandes avanços. Nos primeiros vinte anos,deste novo século, o vinte e um, inauguradores do terceiro milênio, o que temos, saído das urnas, não nos acende o ânimo. Queiram ou não os belos príncipes do otimismo, somos até garbosos na elegância das vestes, mas não ocupamos espaços que nos levem a um futuro melhor para todos.
A esperança, de preferência sem cores ideológicas, não há de fenecer nos nossos corações e mentes, mas do jeito que vai o andor temos poucos grandes frutos nas gavetas dos poderes. Salários ainda atrasados que deveriam ter sido pagos em 2018, lutas por piso salariais miseráveis e ainda assim negados; uma ausência absoluta de grandes ideias que se transformem em grandes obras, e uma falência que nos ronda feitoum lobisomem. Contestar, quem há de?
ESPAÇO – Raimundinho não é esquerda, nunca foi e não tem semelhança ideológica com o PT, mas hoje é deputado de trânsito livre junto ao governo Fátima. Vai relatar aparando arestas.
MAS – O desejo do governo não para aí. Quer seu líder, George Soares, na presidência. Caso a solução venha a ser imposta, com o apoio do presidente Ezequiel Ferreira, a oposição se retira.
ALIÁS – É nessas horas, quando o Legislativo revela-se o maior aliado do governo, que é falsa a firmeza de oposição de alguns poucos deputados que se anunciam e depois caem no silêncio.
CINCO – A oposição rejeitou a comissão deapenas três membros. Não haveria nem discussão. Nasceria 2 a 1 para o governo. Com cinco, aprova, mas discute e solta seus fogos de artifício.
VICE – Ninguém duvide se o médico Kleber Morais sair candidato a vice de Álvaro Dias pelo PDT se a aliança majoritária contar com presença de Carlos Eduardo Alves. Até o PV apoiaria.
PONTO – Na entrevista Pedro Lopes, controlador do Estado,revelou: o RN pagou dois meses atrasados reduzindo a despesa com pessoal em 2%. Portanto, é um mito ser impossível reduzir.
BIGODE-De Nino, filósofo melancólico do Beco da Lama, sabendo da atuação de Raimundo Fernandes na tal comissão da previdência: “De besta só tinha o bigode e assim mesmo já tirou”.
SAÍDA – A prefeita Rosalba Ciarlini foi buscar sua cunhada, Isaura Rosado, para fazer aquilo que não fez ao longo de três anos: a mobilização cultural da cidade. Uma tarefa que Isaura sabe fazer muito bem. Aliás, foi Isaura quem fez da ação cultural a maior marca dos mossoroenses.
HISTÓRIA – Vem ai um dos mais credenciados e históricos depoimentos sobre a vida política de Djalma Maranhão antes, durante e depois de prefeito de Natal: o livro de Roberto Furtado, ex-secretário de Djalma, que será lançado no dia 18, às 18h, nos salões do Solar Bela Vista.