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Nova Direita

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Vicente Serejo
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Não há nada de novo nessa Direita autoritária que se diz nova e que, aos poucos, se alastra com suas ditaduras pelas republiquetas do continente latino-americano. Basta lembrar que há quase seis décadas, dia 6 de abril de 1967, o filósofo Theodor Adorno, tão caro aos doutos, ao proferir a palestra para os estudantes austríacos, deu um título à sua fala: ‘Aspectos do novo Radicalismo de Direita’. E até avisou que os seus movimentos fascistas, “apesar de seu colapso, ainda perduram”.
A ditadura oprime a liberdade em todos as dimensões, não só a da livre expressão, o que já é hediondo, mas a ponto de mandar matar quem possa ameaçar a falsa pureza de sua retórica feita dos mais eficientes condimentos da massificação. E é sempre bem pior quando vai além do apenas ideológico e pactua com o capital a manutenção do mando. A última tentativa de golpe no Brasil não teve líder de verdade e sucumbiu no espetáculo do 8 de janeiro, sem o apoio da força militar.

Com algumas exceções, às quais não se pode negar o mérito da resistência, o fascismo tem hoje novo e perverso modelo, não só aqui, mas também na Europa – de conquistar o poder pelo voto, e, no poder, tramar contra o estado democrático. Uma vez encastelados, conspiram pela manutenção do poder numa verdadeira indústria do ódio, a partir de uma construção ardilosa que leva as camadas não dotadas de consciência crítica a acreditarem na estupidez de que há ditadores bons e de boa-fé.
Ora, a Nova Direita, mostrou Adorno há quase seis décadas, nunca foi nova de verdade se o seu útero de ferro é o fascismo, aquele de Hitler e Mussolini, bruxos de um altruísmo patriótico que fez dos seus países dois calabouços hediondos. Esses espetáculos recentes, protagonizados aqui por Maduro e, no Leste, pelo furor de Putin, são exemplos de que o mal não exige pobreza social, nem riqueza material. O mal está na própria condição humana e se nutre de uma ambição enlouquecida.
No Brasil, até agora, apesar dos arroubos de um lado e outro, de um Legislativo de fome pantagruélica e um Judiciário no perigoso ativismo para uma democracia saudável, até hoje parece não haver chance de nova ditadura no sentido clássico do modelo. As forças militares não são poder. São a garantia do poder conquistado pelo voto no regime democrático de direito. Mesmo que as ambições sejam escusas e possam serpentear numa Brasília feita de muitos subsolos e subterrâneos.
Portanto, não é nova nos olhos dos filósofos e sociólogos da segunda metade do século vinte a força do desenho e da prática que hoje alguns chamam de a ‘nova direita’. O que mudou pode ter sido o privilégio do poder da comunicação individual e coletiva que tornou possível o candidato a ditador falar aos ouvidos e aos olhos de cada pessoa. E agora, por decorrência, com o poder de falar de forma aparentemente individual, e com todos ao mesmo tempo, numa massificação dominadora.

PALCO

PERTO – Fontes ligadas a Carlos Eduardo Alves e Álvaro Dias asseguram: a nova conversa foi a que mais concretamente aproximou os dois de uma aliança este ano e na sucessão estadual de 2026.

REGISTRO – Uma fonte sugere que se registre aqui o futuro do deputado Kleber Rodrigues: “Se sair bem reeleito em 2026, sairá decidido a disputar a presidência da Assembleia”. Fica o registro.

GUARDIÃES – O pesquisador Francisco Fernandes Marinho lançou o primeiro volume do seu levantamento ‘Guardiães da História’, com a biobibliografia de sócios do Instituto Histórico do RN.

QUEIJO – O queijo de coalho não foi selecionado como um dos seis selecionados pelo governo como presente ao presidente francês, Emmanuel Macron. E ele levou na viagem de volta à França.
QUAIS – Foram selecionadas as marcas Cuesta, Goa Moderado, Queijo da Fazenda São Victor, do Marajó; Maranata Bronze e Serjão Canastra. Pelo crivo, são queijos premiados, inclusive na França.

HUMOR – De uma hiena vendo o cenário da sucessão municipal: “A política é uma roleta. Amanhã, se o ex-deputado Rafael Mota aceitar ser vice de Paulinho Freire, será um homem de qualidades”.

POESIA – De Paulo César Pinheiro, no poema ‘Retrato’: “Quando a dor bate à porta, eu fecho / Eu não levo saudade, eu deixo. / Um amor que não serve, eu findo / e se um outro for bom, eu brindo”.

SINAL – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, olhando a tarde ferver sob o calor de um abril ser a brisa que vem do mar: “A conspiração do silêncio é a morbidez elevada ao requinte”.

CAMARIM

CARLINHOS – A edição de domingo de O Globo abriu uma página para registrar os cinqüenta anos do Caso Carlinhos, o menino que desapareceu dia 2 de agosto de 1973. Sua mãe, hoje com 86 anos, entrevistada meio século depois, mantém acesa a esperança de que seu filho um dia vai voltar.

REGISTRO – Quando a notícia circulou nas emissoras de rádio do país, fui pautado por Cassiano Arruda Câmara, então editor do Diário para, naquela tarde, procurar a avó de Carlinhos que residia na subida da Av. Rio Branco, sentido Baldo-Grande Ponto. Mas ela não aceitou fazer declarações.

ESPERA – Aos 86 anos, lúcida, a ponto de declarar a O Globo que precisa se cuidar para manter a saúde e esperar a volta do filho que hoje teria em torno de sessenta anos, D. Conceição não aceita classificar o caso de sequestro. Quando indagada, respondeu firme: “Seqüestrado, não! Roubado!”.

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