Com a reforma de quatro estações e a readequação delas às normas de acessibilidade para pessoas com deficiência física e visual, o sistema de trens de Natal está passando por melhorias. Entre os usuários, a satisfação tem aumentado, mas ainda há reclamações. Os passageiros se queixam, principalmente, dos atrasos e das constantes quebras das locomotivas.
O problema todo é que quando o defeito ocorre, não há uma máquina extra para “resgatar” os passageiros e levá-los até seu destino. Aí, já viu o transtorno. A estudante Bianca Paulino que o diga. Em dezembro de 2005 ela teve a infelicidade de o trem quebrar quando estava dentro. E não foi só uma vez que isso ocorreu, mas três.
Em Natal, a Companhia de Trens Urbanos (CBTU) possui uma terceira locomotiva, de reserva, mas segundo o superintendente de Trens Urbanos local, José Fernandes, ela precisou ser tirada de circulação temporariamente para manutenção. Mas é por pouco tempo, avisa Fernandes. “A locomotiva vai estar funcionando no próximo mês. Por enquanto, o sistema fica vulnerável e a gente pede a compreensão da população”, diz.
O superintendente de Trens Urbanos de Natal informou que está tentando conseguir, junto à CBTU nacional, uma quarta locomotiva para Natal. Ainda de acordo com ele, a sua gestão, iniciada há dois anos, está empenhada em melhorar o sistema. A reforma e readequação das quatro estações, inauguradas ontem, estão inseridas nesse trabalho. De acordo com José Fernandes, em 2005 a CBTU investiu no sistema de trem de Natal R$ 3 milhões. O valor inclui a construção de novas estações, como a de Nordelândia, na Zona Norte, e a de Bom Pastor, na zona Oeste.
Pesquisa atesta satisfação dos usuários
Recursos da ordem de R$ 1,7 milhões estão assegurados para reformar 2,3 km de linha férrea. A CBTU também está recuperando sete vagões de passageiros, o que vai custar R$ 1,75 milhões. A intenção, segundo José Fernandes, é, dentro dos próximos dez meses, aumentar a quantidade de vagões e, conseqüentemente, a capacidade de passageiros. O da linha sul (Natal-Parnamirim) está funcionando atualmente com quatro e o da linha norte (Natal-Ceará-Mirim) ganhou mais um e opera com seis vagões.
“Vamos deixar os dois com seis, pois já estamos precisando aumentar a capacidade. Também estamos tentando pôr o trem para circular nos domingos, pois hoje não existe essa opção”, informou José Fernandes.
Ele diz que o resultado dos investimentos e melhorias pode ser medido pelo aumento de usuários. “Em dois anos, aumentou de 6 mil por dia para 11 mil, que é nossa média hoje. Nas pesquisas, temos atestado também o aumento da satisfação dos passageiros”.
Ontem, quando a CBTU inaugurou as estações recém-reformadas e readequadas aos portadores de deficiência, a equipe da TRIBUNA DO NORTE “embarcou” no trem. Partindo do Alecrim até Parnamirim e voltando à Ribeira, conversou com diversos usuários sobre a qualidade do sistema. As reclamações foram poucas, referentes principalmente à quebra da locomotiva.
Zona Norte vai ganhar integração ferroviária
Foi firmado ontem, em audiência, entre governo federal,gGoverno estadual e prefeitura um acordo de execução de obras nas vias ferroviárias e rodoviárias na zona norte de Natal. Nessa reunião estiveram presentes, além dos já citados, representantes do Ministério das Cidades e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que firmaram interesse comum em realizar o projeto o mais breve possível.
Por meio do programa Pró-transporte, houve o planejamento e o apoio para a execução. No projeto ferroviário estão sendo realizadas ações de melhorias na rede de trens, locomotivas e estações. Além disso, há uma intenção de integrar redes viárias e ferroviárias, construir dois viadutos, um sobre o corredor Fronteiras e outro sobre o João Medeiros Filho, algumas passarelas em áreas distintas, tudo por cima das linhas férreas.
As obras vão ser financiadas, sob um custo de R$ 64 milhões. Esse crédito foi aprovado pelo Ministério das Cidades que repassou o orçamento à Caixa Econômica Federal que vai bancar os principais gastos.
Existe, no momento, uma necessidade de reconhecer os pontos que necessitam das obras mais urgentemente para iniciar as ações apropriadamente. Já foram consultadas as variáveis ambientais e há uma sintonia entre o observado e o planejado. De acordo com o secretário nacional de Transportes e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, José Carlos Xavier, os trens perderam importância devido aos grandes problemas que possuem, porém são muito úteis para a mobilidade dentro de um sistema urbano complexo.
Para que a cidade seja contemplada com vias mais adequadas, existem planos de utilizar novos veículos futuramente. José Carlos enfatizou ainda que o Governo Federal não tem o papel de decidir sobre as realizações municipais, mas induz e financia o que for possível, o mais rapidamente para aquilo que vai trazer benefícios à população.
O técnico da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, Raul de Bonis, confirma que esse projeto vai trazer importante desenvolvimento não só à zona norte mas ao município como um todo. ‘Existem estudos sobre as linhas ferroviárias e como elas, com sua amplitude e melhoria, unem regiões. Portanto, pensar na integração é bastante atual e necessário.”, disse na audiência. Além disso, enunciou a realização das obras em duas etapas. A primeira e mais emergente já está acontecendo com a recuperação de estações de trem, como a de Nordelândia e Bom Pastor, de vias férreas e investimentos na sua maior qualidade.
