terça-feira, 30 de abril, 2024
31.1 C
Natal
terça-feira, 30 de abril, 2024

Raque Dodge denuncia conselheiro do TCE do RJ

- Publicidade -

No último dia à frente da  Procuradoria-Geral da República, Raquel Dodge denunciou o crime de obstrução à investigação dos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorridos em março de 2018, e pediu a federalização do inquérito sobre o mandante do duplo homicídio, alegando “ineficiência” na investigação conduzida na esfera estadual.

O principal alvo da denúncia é Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. De acordo com a PGR, Brazão, aliado a um dos funcionários de seu gabinete, Gilberto Ribeiro da Costa, ao PM Rodrigo Ferreira, à advogada Camila Nogueira e ao delegado da PF Hélio Khristian, atuaram para que as investigações em âmbito estadual ‘passassem longe dos reais autores do crime’. A suspeita de Raquel Dodge é que Brazão possa ser um mandante.

Para Raquel Dodge, há provas de que Brazão influiu no curso das investigações com o objetivo de que os verdadeiros culpados pelos assassinatos não fossem identificados, e que o miliciano Orlando Oliveira Araújo e o vereador Marcelo Moraes Siciliano fossem responsabilizados pelos crimes, respectivamente, como executor e mentor.

De acordo com a denúncia, a estratégia do conselheiro afastado do TCE/RJ a fim de direcionar as investigações para outro rumo foi a de plantar notícias falsas que chegassem até a Polícia Civil do Rio, por meio de articulado esquema, passando, inclusive, pela Polícia Federal. Brazão se cercava de pessoas influentes que o ajudavam na concretização do plano de afastar a linha investigativa que poderia identificá-lo como o autor intelectual dos crimes. Por cerca de um ano, a estratégia – que envolveu policiais militares, advogados e assessores do conselheiro no TCE/RJ – funcionou, com a cooptação de pessoas para prestar depoimentos falsos e desviar o foco das investigações, que chegaram a Marcelo Siciliano como autor intelectual dos crimes.

“Com base nos relatos preliminares de Siciliano e do próprio Orlando, não há como desconsiderar que este cenário fosse de interesse de Domingos Brazão que, após seus percalços policiais e judiciais desde a Operação Quinto do Ouro – que o levou à prisão e o afastou de sua funções como conselheiro e vice-presidente do TCE/RJ em 29/03/2017 – vinha perdendo terreno em importantes redutos eleitorais para o vereador”, diz trecho da denúncia.

Quanto à apuração sobre os mandantes do crime, a procuradora-geral solicitou a federalização do caso justificando o insucesso nas apurações estaduais. Se aceito o pedido, será aberto um novo inquérito, que terá como investigado Brazão. Caberá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir se o caso será deslocado para a PGR ou não. “Há inércia e dificuldade de investigar e identificar os mandantes, elucidando esta parte da trama criminosa”, justificou.

A acusação e o pedido de abertura de inquérito não alteram o processo sobre os executores do crime, Ronnie Lessa e Elcio Queiroz. O caso seguirá no Rio de Janeiro. Na denúncia apresentada ontem, Raquel acusa Brazão e outros investigados por supostamente desviarem a investigação para não se desvelar organização criminosa e por inserção de declarações falsas em depoimento oficial.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas