Carlos de Souza [ [email protected] ]
Está chegando às livrarias mais um candidato a best seller: Leonardo Astrólogo, de Pedro Tornaghi, Bertrand Brasil, 640 páginas. Nele, o escritor e astrólogo prova que Da Vinci era um profundo conhecedor de astrologia, e que suas obras eram ricas de simbolismo. Segundo o autor, A Última Ceia contém mensagens nunca antes reveladas.
O quadro em questão representa o momento em que Jesus anuncia a seus apóstolos que vai ser traído por um deles. Da Vinci sintetizou nas posturas corporais, expressões de rostos, olhares e mãos dos apóstolos, as reações naturais de cada signo zodiacal frente a uma situação de impacto, apresentando um amplo e original painel de informações sobre o caráter e o temperamento dos nativos dos doze signos.
Não satisfeito com a absoluta fidelidade pictórica ao perfil zodiacal de cada apóstolo a um dos signos, Leonardo concebeu seu cenáculo em cânones áureos, distribuindo proporções contidas em uma arquitetura que demonstra todo seu domínio dos arquétipos com que forma e conteúdo se manifestam na natureza.
Uma parte polêmica do livro é a biografia de Judas Iscariotes, quando é reinterpretado o seu papel histórico, levantada a importância de sua participação do ponto de vista da estrutura do drama e da tragédia na tradição do teatro ocidental. Seu papel como traidor é analisado a partir da “Poética” de Aristóteles.
Mesclando técnicas de leitura corporal com o conhecimento de simbolismo e astrologia, Pedro Tornaghi desvenda e desenvolve as ideias propostas por Da Vinci em um capítulo dedicado a cada signo, discutindo também questões como psicologia, renascimento e espiritualidade. Com um senso arguto e particular de observação, Leonardo Astrólogo é um livro rico e original, útil para quem deseja entender melhor a si mesmo e as pessoas com quem convive.
Pedro Tornaghi é carioca e começou seus estudos de astrologia em 1975, com a astróloga alemã-gaúcha Emma Costet de Mascheville. Na década de 1980, fundou o Centro de Astrologia do Leme, no Rio de Janeiro, e colaborou com uma coluna semanal no antigo Jornal do Brasil. Na década de 1990, destacou-se por um trabalho pioneiro de união entre astrologia, meditação, respiração e chakras, desenvolvendo o método “Astro-Meditação”, que combina diferentes técnicas de meditação e exercícios respiratórios indicados para os diferentes signos e aspectos entre planetas. Atualmente, Tornaghi divide seu tempo entre palestras, consultas e aulas de astrologia e meditação, aperfeiçoando seu trabalho com contínuas pesquisas e aprendizados na Índia. Leonardo Astrólogo é seu primeiro livro.
Infantil
Já pensou poder conhecer as maravilhas dos mais diferentes tipos de casas? Sementes de Cabanas Encantadas, de Philippe Lechermeier, Editora Biruta, a partir de 10 anos, R$ 59,00 (brochura) / R$ 69,00 (capa dura), transporta o leitor para esse universo de moradas fantasiosas e inusitadas, que com frequência povoam o imaginário infantil.
O personagem Afonso Cagibi, um grande viajante, roda o mundo em busca desses espaços mágicos e nos conta as curiosidades e maluquices com as quais se depara. Em seu caminho descobre uma cabana do fundo do jardim, uma casa quebra-cabeças, uma cabana de papelão e outra para sonhar e encontra torneiras de framboesa e ferramentas inusitadas para a construção das cabanas. Para recordar os lugares por onde passou, o viajante tenta colecionar as sementes de cada um deles; no final, semeia e cultiva sua própria cabana encantada!
O livro mistura fantasia com uma série de referências históricas, como as tendas mongóis e as casas que não existem mais (casas suspensas da babilônia, casas incas e casas-castelo), além de fazer relação com a literatura e a cultura popular, como a casa de guloseimas, do tipo que João e Maria encontraram na floresta, a casa dos três porquinhos e o cavalo de Troia.
Ao abrir as páginas do livro, as belas ilustrações de Éric Puybaret farão o leitor embarcar nesse sonho. São imagens coloridas e delicadas, que transmitem perfeitamente a magia dessa incrível viagem.
Philippe Lechermeier nasceu em 1968, em Estrasburgo, França. Estudou Letras Modernas na Faculdade de Estrasburgo. Começou sua carreira de escritor criando contos infantis para suas filhas. Em 1998, publicou seu primeiro livro, intitulado La valise. Desde então publicou vinte livros, com edições em diversos países.
Éric Puybaret nasceu em 1976, em Allier, França. Formou-se na Escola Nacional de Artes Decorativas de Paris, onde se especializou em ilustração. Em 1999, publicou seu primeiro livro, Au Pays de l ?alphabet e, no mesmo ano, foi premiado na Feira Internacional de Livros Infantis de Bolonha.
Romance
Lady Susan, o romance epistolar de Jane Austen, Editora Landmark, 152 páginas, R$28,00, e-book, R$9,80 nunca recebeu muita atenção dos leitores em comparação com os seus outros seis romances maiores, principalmente por ser uma obra curta. Os estudiosos de sua obra estimam que tenha sido escrito entre os anos de 1793 e 1794, quando a jovem escritora encontrava-se em seus últimos anos de adolescência e representa um hiato na totalidade da obra de Jane Austen por se caracterizar como um estudo sobre uma mulher adulta, que usa sua inteligência e charme para manipular, trair e abusar de suas vítimas, sejam elas, amantes, amigos ou os membros de sua própria família.
A história de Lady Susan gira em torno de sua personagem principal, a bela e coquete Lady Susan Vernon, uma viúva na casa de seus 30 anos, que busca um novo e vantajoso matrimônio para si, ao mesmo tempo em que tenta arranjar um casamento para sua filha com um homem rico e tolo que esta última despreza. Ela preenche sua agenda de compromissos com convites para visitas estendidas junto aos parentes de seu falecido marido e conhecidos por uma série de manobras astuciosas, de modo a atingir seu plano principal.
Divertido e artisticamente melodramático, Lady Susan é um romance quase esquecido dentro do magnífico conjunto da obra de Jane Austen, menosprezado pela comparação com os seis romances maiores publicados pela escritora.
O maior desafio de Jane Austen parece residir nas limitações do formato epistolar onde a narrativa é revelada gradativamente através da perspectiva de uma pessoa e, em seguida, através da reação e resposta do outro, o que não permiti a energia do diálogo direto ou a variação de descrições de cena ou arredores. Dadas suas limitações narrativas ainda é uma joia brilhante; inteligente, engraçado e intrigantemente mal intencionado.
Um romance magnificamente trabalhado, apresentando os costumes e os modos do período da Regência inglesa que irá deliciar os entusiastas de Jane Austen com sua sagacidade e elegante expressividade.
